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Invista em você – e em dólar – para garantir sua formação no exterior

A cada centavo que o dólar sobe, seu plano de estudar no exterior parece ficar um pouco mais longe? Não jogue fora seu projeto. Saiba que é possível se proteger da volatilidade cambial e transformar esse risco em uma oportunidade. O cenário de investimentos em 2025 pode ajudar, se você começar a planejar desde já essa viagem pensando em um horizonte de alguns anos.

Os custos de um curso no exterior variam de acordo com o destino, tipo de escola, modalidade e duração. Por exemplo, um ano de intercâmbio numa high school dos EUA, o equivalente americano ao ensino médio no Brasil, varia entre US$ 10 mil, em colégios particulares, e US$ 25 mil, caso das chamadas boarding schools, nas quais o aluno estuda em regime de internato.

Já uma faculdade custa em média US$ 30 mil por ano, segundo o relatório College Board 2024. Isso apenas relacionado ao curso em si. A hospedagem acrescenta de US$ 6 mil a US$ 10 mil nessas contas.

Mesmo quem pretende apenas fazer uma imersão no inglês vai ter de desembolsar entre US$ 10 mil e US$ 15 mil para uma estadia de um ano.

Além disso, passagens aéreas de ida e volta para cidades como Miami e Nova York custam entre R$ 4 mil e R$ 6 mil. Os valores foram coletados em plataformas de viagem na internet em janeiro.

No caso de um adolescente, portanto, os pais vão desembolsar a partir de US$ 20 mil na soma de passagens, curso e estadia para um ano de intercâmbio. Sem considerar ainda as despesas do dia a dia.

Já um ano de curso de inglês em solo americano vai drenar em torno de US$ 20 mil a US$ 25 mil do seu orçamento. Um adulto que mira a universidade, por sua vez, vai ter de disponibilizar US$ 40 mil ao ano.

Você já deve ter ficado sem fôlego: é muito dinheiro. Na taxa de câmbio atual, estamos falando de valores entre R$ 120 mil e R$ 245 mil a cada 12 meses. Ou seja, a não ser que você tenha um Jeep Renegade ou um Jeep Commander zero km para vender a cada ano e custear tudo, vai ser necessário fazer um belo planejamento.

Mas calma: com uma boa planilha e, principalmente, tempo, dá pra fazer.

Se você pensa em enviar seu filho ou filha para uma universidade americana, o ideal seria trabalhar com um horizonte de investimentos de, pelo menos, três anos. Mesmo no caso de um intercâmbio, quanto antes começar o planejamento, melhor.

Para juntar US$ 20 mil ou R$ 124 mil no câmbio atual, o esforço de poupar alcança US$ 556 ao mês – cerca de R$ 3.400,00 no câmbio de hoje – durante três anos. A estrategista-chefe do Inter, Gabriela Joubert, lembra que uma forma mais eficiente de alcançar o montante é investir a maior parte do dinheiro em renda fixa internacional.

A especialista cita como exemplo os fundos de money market, o equivalente americano aos nossos fundos DI. Trata-se de uma aplicação que tem rendimento diário e pode ser sacada a qualquer momento.

Além de ficar protegido da variação cambial, seu dinheiro ainda conta com uma rentabilidade em torno de 4,5% ao ano em dólar. Parece um ganho pequeno quando comparado às taxas brasileiras. Mas, se levarmos em consideração a valorização da moeda americana em relação ao real, o retorno dessa aplicação em moeda brasileira ficou perto de 30% em 2024.

De qualquer modo, volatilidade à parte, em um horizonte de três anos, o retorno do money market americano representa um ganho equivalente a um mês do valor que você tem de guardar mensalmente para conseguir US$ 20 mil.

Se você aplicar os US$ 556 (US$ 20 mil divididos por 36 meses) mensalmente no “fundo DI” dos EUA vai obter quase US$ 21,5 mil após três anos. Trata-se de um retorno nominal, ou seja, sem descontar a inflação. Sobre o ganho de capital, há ainda a cobrança de imposto de renda com alíquota de 15%.

O valor com o IR já descontado ficaria em US$ 21,22 mil. São US$ 1,22 mil ou R$ 7,44 mil de rendimento nominal além dos US$ 20 mil necessários. A quantia é suficiente para pagar as passagens e ainda sobrar algum no bolso. Bem razoável.

O juro real, quando descontamos a inflação dessa conta, é de 1,7% ao ano (juro nominal de 4,5% menos 2,8% de inflação média anual esperada até 2027). Então, em termos de “dinheiro de hoje” o valor acumulado seria equivalente a US$ 20.545.

Uma outra opção de renda fixa em dólar são os títulos do Tesouro americano, os chamados Treasuries. Trata-se do “Tesouro Direto” dos EUA. Uma diferença importante é que, enquanto o money market é pós-fixado, ou seja, tem uma taxa que a gente só vai saber efetivamente quando resgatar, a maior parte dos papéis do governo americano tem retornos prefixados, quando você já sabe de antemão quanto vai receber no vencimento. Um Treasury de 3 anos paga hoje uma taxa de 4,3% ao ano.

Uma outra oportunidade da renda fixa em moeda internacional está nos chamados bonds. São títulos de dívida privada, emitidos por companhias que precisam levantar recursos junto aos investidores. Esses papéis pagam uma remuneração acima do Treasury de mesmo prazo, porque o governo dos EUA é visto como um emissor de risco zero.

Muitas corporações brasileiras também captam recursos no mercado internacional. Essas companhias pagam juros bem acima dos títulos do Tesouro americano. É o caso da BRF, por exemplo. Seu bond com vencimento em janeiro de 2030 tem remuneração de 6,13% ao ano. O da Marfrig com prazo de 2 anos tem uma taxa de 6,90% anuais. O papel da Natura com resgate em maio de 2028 negocia com taxa de 6,45% ao ano.

Joubert avalia ser possível, dentro de um horizonte de três ou mais anos, diversificar parte do valor investido na renda variável. Nesse caso, por meio de ETFs, ou seja, fundos de índice negociados em bolsa, como se fossem ações. “Acredito que o S&P500, que é um dos principais índices de ações da bolsa de Nova York, vai continuar avançando neste ano. Além disso, com ETFs é possível ter exposição a subsetores com potencial de valorização maior, como tecnologia e o industrial.”

Nesse caso, uma vez que você vai precisar necessariamente ter todo o dinheiro disponível no fim do prazo, uma estratégia para não correr riscos desnecessários é aplicar justamente os US$ 37 mensais que você teria de bônus no retorno do money market. Na prática, você vai aplicar 93% do recursos na renda fixa em dólar e 7% em ETFs de índices acionários.

Os índices das bolsas americanas mais importantes tiveram um desempenho estelar em 2024. O S&P500 teve valorização de 23%. Em dólar. Outro índice conhecido, o Nasdaq, com concentração de papéis de companhias de tecnologia, subiu ainda mais, cerca de 30%. Mas vale a ressalva: trata-se de um retorno visto pelo retrovisor. Ninguém consegue prever o comportamento futuro de um mercado, ainda mais em um tipo de investimento que pode oscilar de maneira muito ampla ao longo do ano.

E como investir? A maioria das plataformas brasileiras com contas globais em moeda estrangeira, também oferecem aos clientes a possibilidade de abrir contas globais de investimentos conectadas entre si. Essa facilidade torna o processo de aplicação e resgate muito simples.

O usuário pode fazer o câmbio diretamente na conta global de investimentos. Nesse caso, como se trata de recursos para investir, paga um IOF menor, de 0,38%, nessa operação quando comparado a conversão tradicional, que tem alíquota de 1,1%.

O resgate das aplicações é feito em dólares e pode ser transferido para a conta global tradicional da própria instituição a qualquer momento, sem necessidade de converter para reais. Desse modo, não vai precisar pagar um novo spread de câmbio. Essa transferência, em geral, não tem cobrança.

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Autor: Sérgio Tauhata

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