Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): analistas alertam para riscos; veja como ações devem responder à fusão
A confirmação da fusão entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) pode fazer com que as duas ações tenham forte alta no pregão desta quinta-feira (16), disseram analistas ouvidos pela reportagem. No entanto, eles avisam que a alta não deve ultrapassar os 15%, visto que essa notícia não é fato novo e já foi parcialmente precificada pelo mercado. Além disso, a ação pode até corrigir no fechamento e encerrar o dia no negativo.
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Na visão de Acilio Marinello, sócio-diretor da Essentia Consulting, haverá uma movimentação diferente, mas como no dia anterior o mercado já teve um tom otimista, a alta pode ser limitada. Na véspera as ações da Azul subiram 6%, enquanto as ações da Gol ficaram estáveis em após dispararem 6,7% na abertura.
“O setor aéreo é muito volátil, mas como esse fato já foi divulgado pela imprensa e só faltava a confirmação, creio que os ativos não devem disparar tanto. Claro que o tom do mercado será positivo, mas não esperamos altas gigantescas, na casa dos 15% ou 20%”, afirma Marinello.
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Para Artur Horta, especialista da GTF Capital, as ações podem subir, mas também sem uma alta exagerada.
Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, também concorda que as ações devem ir bem no pregão de hoje. No entanto, ele diz que o acordo é não vinculante, depende de várias aprovações e não é definitivo. Ou seja, o investidor deve entender que existe um grande caminho pela frente. “O investidor deve tomar cuidado, pois o papel pode disparar na abertura do mercado e no fim de dia fechar em queda por meio de uma realização de lucros. Isso porque, as ações AZUL4 e GOLL4 já subiram muito ao longo dos últimos pregões e alguns investidores podem querer vender posições para confirmar o lucro”, afirma.
Entenda os detalhes do acordo de fusão
Ontem, as duas firmas informaram que a Abra e a Azul assinaram um Memorando de Entendimentos (MoU) não vinculante visando explorar uma combinação de negócios das duas companhias aéreas no Brasil. Conforme a Gol, o acordo com a Azul representa uma fase inicial de um processo de negociação entre a Abra, que a controla a Gol, e a Azul para explorar a viabilidade de uma possível transação.
Segundo o MoU, a transação entre a Gol e Azul estaria sujeita à consumação do plano de reorganização da primeira firma, além de outras condições e aprovações. Caso a transação seja consumada, é esperado que as duas companhias mantenham suas marcas e seus certificados operacionais de forma independente. “A Abra e a Azul também concordaram no MoU com um princípio comercial de que qualquer combinação resultará em uma alavancagem líquida da entidade combinada que será pelo menos comparável à alavancagem líquida da Gol imediatamente antes do fechamento da potencial transação”, diz o documento.
Quando a fusão entre Azul e Gol deve acontecer?
Em entrevista ao Broadcast na quarta-feira (15), o CEO da Azul, John Rodgerson, disse que a fusão com a Gol que está sendo negociada com a Abra, dona da Gol e da Avianca, cria uma firma mais forte e tem chance de ser concluída em 2025, mais para o final do ano. As firmas vão submeter agora a estratégia ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
E passos futuros vão depender da evolução no órgão. “Vamos seguir o calendário do Cade”, disse Rodgerson. As companhias pretendem manter as marcas separadas. “São marcas muito fortes”, disse o executivo.
O que esperar das ações da Azul e da Gol com a fusão
Segundo Felipe Sant’ Anna, da Star Desk, o anúncio da fusão foi positivo, pois tirou o temor do mercado de a união entre as firmas não acontecer. “Esse receio se deu pelo fato de a Gol ter dito que não sabia de nada e que não estava a par de nenhuma negociação”, diz Sant’ Anna.
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Na visão de Artur Horta, da GTF Capital, a fusão entre as firmas aéreas é positiva para as duas, visto que elas teriam uma grande malha aérea e um potencial de crescimento de receitas. Já Max Mustrangi, especialista em reestruturação de firma e CEO da Excellance, o investidor deve tomar muito cuidado. Isso porque ambas as companhias não estão em uma boa situação financeira e a fusão pode impressionar o mercado com números exuberantes.
“Com a fusão, teremos uma firma com mais ativos. Assim, fica mais fácil para o mercado ‘vender’ essa notícia como algo positivo para os investidores. No entanto, as pessoas esquecem que o endividamento da firmas aéreas também soma, ou seja, os problemas das firmas vão continuar. Então, o investidor deve tomar cuidado”, afirma Mustrangi.
A dívida da Azul encerrou o terceiro trimestre de 2024 em R$ 30,2 bilhões, enquanto a Gol encerrou o período com uma dívida bruta de R$ 29,4 bilhões. Somando ambas as dívidas, a firma teria um endividamento de R$ 59,6 bilhões. De acordo com Acilio Marinello, da Essentia Consulting, a fusão vai combinar as rotas das duas firmas. Segundo ele, a Azul tem rotas mais regionais com aviões de médio porte, enquanto a Gol opera mais nas grandes capitais com aviões de grande porte.
“Isso vai trazer mais um completo de rotas e vai beneficiar as duas firmas. A Gol deve apresentar uma melhora gradativa com a fusão após sair da recuperação judicial e a Azul deve aumentar sua rota de voos. A companhia deve reduzir algumas rotas para otimizar a oferta de voos com a proposta de deixar os aviões operando em capacidade máxima, o que reduz os custos da operação”, argumenta Marinello.
Investidor deve comprar ações da Azul ou Gol agora?
A maioria dos analistas possui uma clara preferência por investimento em Azul, enquanto outros dizem que o investidor não deve ter nenhum dos ativos pela difícil situação das duas firmas. Segundo Horta, como a fusão entre Azul e Gol está encaminhada, é indiferente ter qualquer uma das duas ações, visto que ambas as companhias vão virar uma só. No entanto, enquanto a fusão não se concretiza, ele prefere a ação da Azul, simplesmente pelo fato dela ter mais liquidez, ser mais fácil de vender no mercado.
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Para Acilio Marinello, da Essentia Consulting, o setor aéreo é muito complicado para o investidor conservador e moderado. Ele diz que a Azul é a melhor firma entre as duas, pois a firma tende a colher mais benefícios com a fusão, que deve aumentar a oferta de voos da firma, o que deve trazer maiores perspectivas de ganhos monetários para a aérea.
“O setor aéreo é muito instável, visto que a receita é em reais por operarem no Brasil e as despesas são em dólar, com exceção da folha de pagamento. Sendo assim, essas companhias só devem ser vistas como investimentos para pessoas que não temem a volatilidade do mercado. Com base nessa volatilidade natural dos ativos, vejo que a Azul está mais bem preparada e é o ativo que recomendo ao investidor ter na carteira”, aponta Marinello.
Para os analistas da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI, a recomendação é de compra para Azul, com preço-alvo de R$ 20 para o fim de 2025, uma possível alta de 353,5% na comparação com o fechamento de quarta-feira (8), quando a ação encerrou o pregão a R$ 4,41. Em relação à ação da Gol, a recomendação é de venda com preço-alvo de R$ 0,90, queda de 44,8%.
Com base nas preferências de todos os analistas, o investidor deve tomar cuidado com a firma que deve surgir após a fusão entre Azul e Gol, visto que metade dela será a Gol, que está em recuperação judicial. Sendo assim, o ideal é ter cautela com o ativo e investir na companhia se o perfil for de grande apetite ao risco.
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Autor: Bruno Andrade