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Fusão entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): como fica o preço da passagem aérea?

A Azul (AZUL4) e a Gol (GOLL4) confirmaram que assinaram um documento para dar início às negociações da fusão entre as firmas nesta quarta-feira (15). Especialistas ouvidos pelo E-Investidor dizem que pode haver um possível aumento do preço da passagem aérea após a fusão entre a Azul e a Gol. Procurada pela reportagem, a Azul disse que os clientes terão acesso a mais destinos com a fusão, mas não respondeu sobre a possível alta no preço da passagem. A Gol ainda não retornou.

As firmas assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) não vinculante com a intenção de combinar seus negócios no Brasil. Segundo o MoU, a transação entre a Gol e Azul estaria sujeita à consumação do plano de reorganização da primeira firma, além de outras condições e aprovações. Conforme a Gol, o acordo com a Azul representa uma fase inicial de um processo de negociação entre a Abra, que controla a Gol, e a Azul para explorar a viabilidade de uma possível transação.

A marca Gol vai desaparecer?

Caso a transação seja consumada, é esperado que as duas companhias mantenham suas marcas e seus certificados operacionais de forma independente. Ou seja, as duas firmas ainda vão existir de forma separada – a diferença é que o lucro será dividido entre os mesmos acionistas. Esses investidores terão participação acionária em outra companhia, chamada de NewCo, que será a controladora das duas aéreas.

Quanto cada firma tem de market share?

Analistas da Genial Investimentos afirmam que a Gol possuía cerca de 38% do market share no Rio de Janeiro, sendo 40% no aeroporto Santos Dumont e 34% no Galeão, em 2023. Enquanto em São Paulo, essa fatia representava 36% da capacidade, sendo 31% nos terminais de Guarulhos e 43% em Congonhas no mesmo ano. Em comparação, a presença da Azul em 2023 era de apenas 19% no Rio e 9% em São Paulo, sendo 6% no Galeão, 25% no Santos Dumont, 11% em Congonhas e 7% em Guarulhos.

Conforme a Azul, as duas firmas têm aproximadamente 90% de rotas complementares e não sobrepostas. Ou seja, somente 10% da operação são de destinos iguais. Na opinião dos especialistas do BTG Pactual, a sobreposição de rotas é mínima, ou seja, o impacto pode não ser tão grande.

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Eles afirmam que a Gol tem voos mais em Congonhas, Santos Dumont e Brasília (os principais hubs corporativos do País), enquanto a Azul estende a maioria de sua linha pelo interior. “Portanto, a combinação das rotas pode criar ganhos de conectividade. Além disso, há valor em expandir o programa de milhagem e criar ofertas combinadas para passageiros frequentes”, dizem Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, que assinam o relatório do BTG.

As passagens aéreas vão subir de preço após fusão entre Azul e Gol?

Segundo Acilio Marinello, sócio-diretor da Essentia Consulting, as passagens aéreas devem subir com ou sem a fusão. “Nos últimos meses, as passagens aéreas subiram puxadas pela alta do dólar e pelo reaquecimento das viagens corporativas. Então, a tendência é de alta, não somente pela fusão entre Azul e Gol, mas pelas questões macroeconômicas. Claro, a união entre Azul e Gol deve fazer com que as passagens aéreas subam, mas não será o único motivo”, afirma Marinello.

Na visão de Artur Horta, especialista da GTF Capital, é possível que alguns trechos fiquem mais caros por causa da falta de concorrência. Ele lembra que a Azul opera em aeroportos menores e mais interioranos e a Gol atua em grandes aeroportos.

Com base nesses dados de market share e na sobreposição de 10% das rotas da Azul e Gol, Marinello aponta que a ponte aérea Rio-São Paulo é o trajeto que pode ter um impacto relevante nos preços. Esses aeroportos são os dois em que as duas companhias possuem a maior sobreposição de rotas, o que pode causar um controle de preços maior pelas firmas. Elas podem cancelar uma viagem para poder lotar o avião e cobrar o preço que for mais atraente para a firma.

“Essa é uma rota firmarial, e as firmas tendem a pagar o preço exigido sem grandes questionamentos, ou seja, o preço da passagem pode subir nessa área somente pela fusão, mesmo que a sobreposição não seja tão grande. Nas demais partes do país, as firmas fazem rotas diferentes, o que não deve trazer grandes impactos. No entanto, vale lembrar que, de qualquer forma, o cenário macroeconômico deve pesar sobre a firma”, explica.

Fusão entre Azul e Gol pode trazer aumento de destinos?

Questionadas pelo E-Investidor se a fusão causaria o aumento da passagem aérea para o consumidor, as firmas não retornaram sobre o assunto. A Azul enviou uma nota dizendo que os clientes terão acesso a mais destinos com a fusão. Segundo a firma, os clientes da Azul e da Gol terão acesso a mais destinos, rotas, conectividade e serviços aos consumidores, com aumento da oferta de voos domésticos e internacionais. A firma não deu detalhes de como fará isso. Analistas do Santander dizem que essa união para a melhoria de rotas e sinergias deve demorar.

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“Achamos que será um caminho longo e sinuoso até que as sinergias que ela poderia entregar sejam alcançadas (back office, esforços comerciais conjuntos, negócios de fidelidade, negócios de carga). Mais especificamente, acreditamos que a NewCo sofreria em algumas frentes, como integração de frota, dado o uso de aeronaves diferentes pelas firmas que se fundem (o que implicaria em falta de sinergias quando se trata de treinamento de pilotos, mecânicos de aeronaves, centros de manutenção, entre outros)”, dizem Lucas Barbosa, Felipe Ballevona e Gabriel Tinem, que assinam o relatório do Santander.

Analistas do UBS BB explicam que esse processo de união de sinergias para a firma entregar as promessas de mais destinos, rotas, conectividade e serviços aos consumidores pode demorar cerca de 2 anos e não é tão simples de ser feito. Sendo assim, mesmo com a promessa das firmas, o consumidor deve ter que esperar, ainda mais pelo fato de a união entre Azul e Gol ter de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

Cade pode rejeitar fusão entre Azul e Gol?

A união de firmas do mesmo setor sempre deve ser aprovada, totalmente ou com algumas restrições, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A entidade serve para regular o mercado e proibir que as firmas façam algum modelo de negócio baseado em monopólio. A fusão entre Azul e Gol deve gerar uma concentração de mercado de 60% apenas na NewCo, a nova firma a ser formada.

Com a união das firmas, os economistas comentam que as chances de uma recusa do Cade na aprovação da união entre as firmas é relevante. Segundo Horta, da GTF Investimentos, se o Cade aprovar, a união deve vir com algumas restrições. “Não é possível dizer se ele vai recusar ou não, mas acredito que essa será uma negociação muito complexa com vários pontos a serem ajustados”, relata.

Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, comenta que os órgãos reguladores dificilmente vão aprovar a fusão, visto que uma única companhia seria dona da maioria da malha aérea brasileira. Além disso, ele destaca que as firmas concorrentes podem entrar com reclamação na autarquia.

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“A Latam pode alegar que essa é uma concorrência desleal. Isso porque, onde houver sobreposição de rota, a NewCo poderá juntar o avião que era da Azul meio cheio com um avião da Gol que era meio vazio e formar um único avião com os tickets esgotados. Eles podem reclamar sobre isso no Cade e gerar um processo que trave essa união”, diz.

Ou seja, o consumidor deve entender que a passagem aérea após a fusão entre a Azul e Gol pode subir em alguns trechos, principalmente Rio-São Paulo. No entanto, somente a união entre as firmas seria incapaz de fazer isso sozinha. O cenário macroeconômico, como alta do dólar e o reaquecimento de viagens corporativas, também devem puxar o preço das passagens aéreas.

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Autor: Bruno Andrade

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