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As ações do Ibovespa que venceram o CDI em 10 anos ainda valem para investir agora?

Encontrar ações com rendimento acima do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) tem sido uma tarefa cada vez mais desafiadora para os investidores. No acumulado do ano passado, o principal índice da Bolsa de Valores, o Ibovespa, recuou 10,3%, enquanto o CDI rendeu 10,8% no mesmo período. Ou seja, olhando de forma macro e anual, o investidor pode entender que o melhor é desistir dos ativos de risco e aportar na renda fixa, principalmente após o Banco Central sinalizar que vai elevar os juros para a faixa dos 14,25% até a reunião de março.

Segundo analistas do mercado monetário, mesmo com uma projeção desanimadora, ainda é interessante ter alguma exposição à renda variável. Na visão de Humberto Aillón, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), o investidor deve sempre focar no longo prazo, em pelo menos 10 anos.

Na avaliação de Aillón, é quase impossível acertar o momento exato de investir em renda variável, pois quando o fluxo de alocação de estrangeiros voltar para a Bolsa é bem provável que as ações tenham um repique em um curto espaço de tempo. “Por isso, o fato de realizar aportes de tempos em tempos é sempre recomendável”, afirma.

Para entender se realmente vale a pena investir em ações no longo prazo, o E-Investidor encomendou um levantamento a Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria. O intuito era saber quais foram as ações do Ibovespa que renderam acima do CDI no acumulado dos últimos 10 anos ao somar três fatores: a alta das ações, o pagamento de dividendos e o reinvestimento dos dividendos nos ativos.

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A ação campeã da lista foi a PRIO (PRIO3), com um rendimento de 11.320% no acumulado entre os dias 13 de janeiro de 2015 e 13 de janeiro de 2025. Ao longo desses 10 anos, a ação superou o CDI 8 vezes e ficou abaixo do indicador duas vezes (2015 e 2024). A segunda colocada foi Petrobras, com a ação preferencial (PETR4) com uma rentabilidade total de 1.373%.

No caso da ação ordinária da estatal (PETR3) a rentabilidade foi de 1.362% no período. O ranking segue com Weg (WEGE3), com rentabilidade de 975,43%, SLC Agrícola (SLCE3) com rendimento de 806,7%, Eletrobras (ELET3) com alta de 652,4% e mais outras 13 firmas do Ibovespa que conseguiram entregar uma rentabilidade acima do CDI. Veja a lista completa a seguir.

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Após descobrir quais são as ações que renderam acima do CDI no acumulado de 10 anos, os investidores podem se questionar quais delas têm condições de continuar sendo uma boa opção para aportes de longo prazo. Para montar uma carteira inicial, o E-Investidor selecionou as 4 primeiras firmas do ranking. São elas: PRIO (PRIO3), Petrobras (PETR4), Weg (WEGE3) e SLC Agrícola (SLCE3).

PRIO mantém favoritismo para render acima do CDI

O consenso dos analistas da Ágora Investimentos, XP Investimentos e o professor da Fipecafi é de que o investidor deve comprar as ações da PRIO. Humberto Aillón diz que a ação pode ser um bom aporte pelo fato de a companhia ter começado a exploração de novos campos de petróleo. Já Régis Cardoso, analista da XP Investimentos, relata que a ação é sua favorita do setor de petroleiro, pois o ativo combina crescimento — alta das ações — com forte geração de caixa, o que pode garantir grandes dividendos para o investidor no futuro.

A estimativa do analista para a firma no médio prazo ainda não é de dividendos, pois a firma está em fase de crescimento. A XP estima que a ação deve retornar o% do seu valor de mercado em dividendos, mas os números devem melhorar muito em 2026, quando a corretora espera um rendimento em dividendos de 16% vindos da ação. Já a Ágora Investimentos avalia que os dividendos da PRIO devem entregar um retorno de 5% do valor de mercado da firma em 2025. A corretora não possui estimativas para 2026.

A chave para o sucesso da PRIO, segundo os analistas, é a potencial valorização dos ativos. A XP diz que a ação pode subir 53,5% até o fim de 2025, na comparação entre o fechamento de quarta-feira (15) e o preço-alvo de R$ 66. Já a Ágora acredita que a ação pode encerrar 2025 a R$ 68, alta de 58,1% na comparação com o fechamento de quarta-feira.

Somando as estimativas de dividendos e alta para as ações, a XP estima um rendimento de 53,5% para a PRIO e a Ágora calcula um rendimento de 63,1%, acima da Selic de 15% projetada para o fim deste ano. Ou seja, essas ações possuem grandes chances de manter o seu legado a superar a renda fixa neste ano.

Dividendos da Petrobras devem chamar a atenção

No caso da Petrobras, o consenso aponta que o ativo é para quem busca rentabilidade com dividendos. Cardoso, da XP, calcula que os dividendos da Petrobras devem remunerar os acionistas em 12,8% do seu valor de mercado. A estimativa de alta para as ações é de 23,35% em relação ao preço-alvo de R$ 46 e o fechamento de quarta-feira (15). A Ágora projeta uma alta de 28,7% em relação ao preço-alvo de R$ 48, mais os rendimentos em dividendos de 13% para 2025.

Humberto Aillón, da Fipecafi estima que a firma deve subir 33% e 55% ao longo do ano, com um pagamento em dividendos de 9% a 14% em 2025. “As principais alavancas são o preço do petróleo no patamar atual, a não intervenção do governo nos preços das bombas e a continuidade nas eficiências internas”, ressalta Aillón.

Weg é boa ação para o longo prazo

Em relação à Weg, os analistas afirmam que o preço para o papel no curto prazo pode não ser tão interessante para o investidor, pois a ação da Weg está cara. No entanto, os especialistas afirmam que, para o longo prazo, de 10 anos, a firma possui uma boa tese de investimentos. Lucas Barbosa, analista da Ativa Investimentos, lembra que a receita do mercado internacional da companhia tem superado a do mercado interno.

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“Mesmo que os indicadores mostrem que os resultados da firma desacelerem no quarto trimestre de 2024 ou no primeiro trimestre de 2025, vemos isso como algo de curto prazo e a firma segue como uma alternativa para investir no prazo de 10 anos”, diz Barbosa. Ativa e Ágora têm recomendação neutra para a Weg, mas apenas se o foco for 2025. A XP é a única a recomendar a compra pensando ainda neste ano.

No entanto, a ação pode cair neste ano: a corretora estima um preço-alvo de R$ 54, uma queda de 0,29% em relação ao fechamento de quarta-feira. Ou seja, a firma tem tese de investimentos e fôlego suficiente para receber aportes para o prazo de 10 anos, mas o ativo pode passar por volatilidade em 2025 devido à desaceleração dos seus resultados.

SLC Agrícola divide opiniões

Para a SLC Agrícola, as estimativas são controversas. Os analistas da XP Investimentos comentam que a ação está cara e que preferem uma firma mais consolidada no agro. Os especialistas destacam que a melhor firma no segmento para o curto e longo prazo é a JBS (JBSS3), avaliada por eles como mais sólida e segura.

Barbosa, da Ativa Investimentos, vê a firma como uma grande oportunidade de ganhos. O analista relata que, para o longo prazo, o fato de a companhia possuir terras agrícolas pode ser uma boa tese de investimentos e diversificação. “Imóveis no Brasil, sejam eles terrenos agrários ou não, podem entregar uma boa valorização para o investidor. Por isso, também vemos a firma como uma promissora tese de investimentos para o longo prazo”, diz o analista da Ativa.

O professor da Fipecafi, Humberto Aillón, também ressalta que a firma pode entregar uma boa produção de soja, milho e algodão no curto prazo. Além disso, a alta do dólar pode ser um fator positivo para a firma no curto prazo.

Ou seja, se por um lado, Ágora Investimentos e XP estão receosas com o papel, a Ativa e a Fipecafi avaliam o papel de forma otimista. Em seus cálculos, o professor Aillón estima uma alta para o papel entre 18% a 25% ainda este ano. Já a Ativa tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 24,60, equivalendo a uma alta de 38,35% em relação ao fechamento de quarta-feira.

Em linhas gerais, mesmo que a renda variável se mostre turbulenta no clico de um ano e a renda fixa aparente ser a melhor opção, o levantamento comprova que, no longo prazo, o CDI não é imbatível. Sendo assim, o investidor pode aproveitar momentos como esse para fazer alocações em ações que rendem acima do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) no longo prazo.

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Autor: Bruno Andrade

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