Randon: internacionalização reduz dependência doméstica, mas alavancagem eleva riscos
A Randon (RAPT4), ou Randoncorp, tradicionalmente voltada para o mercado brasileiro de peças automotivas, decidiu reconfigurar sua composição de receita e apostar em uma maior presença no mercado internacional para reduzir a dependência do cenário econômico doméstico. A meta, segundo a XP Investimentos, é diversificar riscos e fortalecer a posição da companhia no setor de bens de capital.
Para a corretora, esse movimento é visto como positivo a longo prazo, considerando os atuais patamares de valuation da firma. “Aplaudimos os esforços contínuos da Randon para aumentar a diversificação e se tornar uma firma “menos cíclica”.
Enxergamos esses movimentos como agregadores, mas acreditamos que a alta das taxas de juros limitará a melhora do lucro da Randon no curto prazo. E embora compreendamos os ventos macroeconômicos atuais e o risco de alavancagem, reiteramos nossa visão construtiva de longo prazo”, escrevem os analistas.
A aquisição da AXN Heavy Duty, sediada em Louisville, Estados Unidos, faz parte desse reposicionamento. A AXN, com 16 anos de experiência e uma receita líquida de US$ 65 milhões (aproximadamente R$ 390 milhões) em 2024, além de uma margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 5%, foi comprada por US$ 12 milhões (cerca de R$ 74 milhões), com um adicional de até US$ 37 milhões (R$ 223 milhões) referente aos estoques da firma nos próximos 18 meses.
O Itaú BBA diz que o negócio foi fechado a um múltiplo de 4 vezes o EV/Ebitda (valor da companhia versus geração de caixa), considerado competitivo em comparação aos 6x Ev/Ebitda projetados para a Randon neste ano.
Essa não é a primeira investida da Randon no exterior. A companhia já havia adquirido recentemente a Hercules, também nos Estados Unidos, e a EBS, na Europa. Os analistas calculam que, com as aquisições da EBS e AXN, a divisão de autopeças da Randon (sem incluir a Frasle) deve contar com 21% de suas vendas vindas de mercados internacionais.
Já a Frasle, afirmam os analistas, por meio da aquisição da Kuo, terá uma exposição externa de cerca de 55%. Em termos de rentabilidade, a XP diz que a Randon está direcionando seus investimentos para segmentos mais rentáveis. A divisão de trailers, com margens mais baixas devido à forte concorrência e ao modelo de negócios direto ao consumidor, deve representar uma fatia menor do Ebitda consolidado da firma.
Alerta e recomendação
Embora a diversificação geográfica seja vista como uma medida positiva, os recentes desembolsos para fusões e aquisições geram preocupações aos analistas sobre o aumento da alavancagem financeira da Randon.
Com a inclusão dos gastos relacionados à EBS e à Kuo previstos para o final de 2024 e início de 2025, a dívida líquida da firma pode atingir cerca de 3 vezes o Ebitda. Esse cenário, alerta a corretora, pode levar a despesas financeiras mais altas e pressionar os resultados líquidos no próximo ano.
Os estrategistas da XP pontuam que a Randon segue atraindo atenção no mercado, especialmente após a divulgação de números do setor. As vendas de reboques da Anfir registraram queda de 13% em dezembro de 2024, enquanto a produção de ônibus mostrou crescimento de 26% no quarto trimestre do ano.
A recomendação do BBA para os papéis da Randon é de market perform, ou seja, os analistas acreditam que o desempenho da ação será semelhante ao do mercado como um todo, com um preço-alvo de R$ 9,50 para o final deste ano.
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Autor: murilomelo