Petrobras minerando Bitcoin? O que se sabe até agora sobre o projeto


A Petrobras (PETR4) iniciou um projeto de pesquisa e desenvolvimento que engloba a mineração de Bitcoin (BTC) – processo pelo qual transações são verificadas e registradas e novas criptomoedas são criadas. A iniciativa foi divulgada na semana passada, no Linkedin, por Marcelo Abdo Fuad Curi, funcionário na gigante brasileira de petróleo que é especialista em inovação, educador e arquiteto certificado em economia de blockchain e cripto.
O InfoMoney entrou em contato com a Petrobras e com Curi para entender os detalhes da iniciativa, mas ainda não obteve resposta. A reportagem apurou com players do setor, no entanto, que a companha pode capitalizar a infraestrutura existente para aproveitar o gás natural associado à produção de petróleo, seguindo o modelo adotado por outras firmas do setor.
Esse gás natural é encontrado junto ao petróleo porque ambos são formados a partir do mesmo processo geológico. O gás que não é considerado viável comercialmente normalmente é injetado novamente no reservatório (o que aumenta a pressão e facilita a extração do petróleo) ou queimado, prática que gera desperdício de energia e é maléfica para o meio ambiente.
“A conversão do gás excedente, tradicionalmente desperdiçado em processos de flaring (queima), em energia elétrica para alimentar ASICs (equipamentos específicos para minerar Bitcoin), representa uma solução inovadora de eficiência energética. Esse sistema pode atuar como regulador de carga, otimizando o uso energético em períodos de baixa demanda e transformando excedentes em valor econômico tangível por meio da mineração”, explicou Alexandre Ludolf, general partner da Transfero Ventures, firma de soluções financeiras baseada em blockchain.
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Petrolíferas e Bitcoin
Outras firmas do setor petrolífero adotaram esse modelo. Desde 2021, firmas de criptomoedas vêm ajudando companhias de petróleo nos Estados Unidos a aproveitar esse gás natural excedente para alimentar operações de mineração de criptomoedas. Um dos casos é o da firma Crusoe Energy, citada como exemplo no site do Fórum Econômico Mundial por capturar metano residual para alimentar data centers.
Em 2023, a Tecpetrol, uma das principais firmas do setor petrolífero da Argentina, também iniciou um projeto na área. “Trata-se da mineração de criptomoedas para aproveitar o gás natural. Consiste em utilizar o gás que não é queimado por questões ambientais e regulatórias para gerar a energia usada pelos computadores para minerar criptomoedas, promovendo um uso mais eficiente da energia”, explicou Ricardo Markous, CEO da Tecpetrol, em uma publicação nas redes sociais no ano passado.
Já em 2024, a Genesis Digital Assets Limited, uma das maiores firmas de mineração de Bitcoin do mundo, abriu um data center também na Argentina alimentado pela YPF, estatal hermana de petróleo. A parceria alimenta 1.200 máquinas de mineração de BTC e monetiza com eficiência os gases, que de outra forma seriam queimados na atmosfera, segundo comunicado da firma.
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Queima e meio ambiente
A queima desse gás excedente contribui para o aquecimento global e acelera as mudanças climáticas. Só em dezembro, segundo o Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural da Petrobras, a companhia brasileira queimou 5,2 milhões de metros cúbicos por dia.
Além de prejudicar o meio ambiente, a queima também é um “desperdício de um recurso natural valioso”, segundo o Banco Mundial, porque o excedente poderia ser usado para geração de energia. “Por exemplo, a quantidade de gás atualmente queimada a cada ano — cerca de 148 bilhões de metros cúbicos — poderia abastecer toda a África Subsaariana”, disse a entidade em um material em seu site.
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Autor: lucasgmarins