SAN FRANCISCO — Jordan Jacobs, um investidor do fundo de capital de risco Radical Ventures, passou os últimos dias atendendo meia dúzia de ligações dos investidores de sua firma. Todos queriam saber sobre o DeepSeek, um aplicativo de inteligência artificial chinês que liderou as lojas de aplicativos no fim de semana.
O DeepSeek criou um modelo de IA poderoso com muito menos dinheiro do que a maioria dos especialistas em IA achava possível, desafiando muitas suposições subjacentes ao desenvolvimento da tecnologia em rápida evolução. Para acalmar o pânico, Jacobs disse que explicou aos seus investidores que a Radical Ventures há muito investia em modelos de IA mais eficientes, semelhantes ao criado pelo DeepSeek.
“Vamos nos concentrar nas firmas que estão realmente construindo negócios reais, em vez daquelas que estão perseguindo ficção científica”, Jacobs disse a eles.
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Nvidia, Google, Meta e outras gigantes da tecnologia enfrentaram uma enxurrada de perguntas sobre o DeepSeek desde a semana passada, quando a startup chinesa derrubou noções de longa data sobre IA. Mas suas repercussões estão sendo sentidas além das maiores firmas, alcançando a indústria de capital de risco que apostou alto na tecnologia, investindo bilhões de dólares em startups de IA.
Por dois anos, as firmas de capital de risco estiveram envolvidas em uma frenesi de financiamento, despejando mais de US$ 155 bilhões em startups de IA entre 2023 e 2024, de acordo com a PitchBook, que rastreia startups. Duas dessas firmas de IA — OpenAI e Anthropic — levantaram US$ 24 bilhões e US$ 16 bilhões com o objetivo de construir IA tão inteligente quanto os humanos. A avaliação da OpenAI atingiu US$ 157 bilhões — mais do que a Pfizer ou o Citigroup — enquanto a avaliação da Anthropic chegou a US$ 20 bilhões.
O que o DeepSeek fez agora colocou essa febre de financiamento em questão. Se uma startup chinesa pode criar um aplicativo tão poderoso quanto o ChatGPT da OpenAI ou o chatbot Claude da Anthropic com quase nenhum dinheiro, por que essas firmas precisaram levantar tanto dinheiro?
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“Não é uma boa aparência agora” para algumas firmas de IA “dado o seu discurso sobre a necessidade de uma escala cada vez maior para criar o melhor modelo”, disse Matt Turck, um investidor da FirstMark Capital. Mas, ele acrescentou, as firmas de IA precisariam, em última análise, de dinheiro, poder computacional e infraestrutura para atender seus clientes.
Os capitalistas de risco têm debatido a melhor maneira de investir em IA desde que a OpenAI lançou o ChatGPT no final de 2022. Alguns investidores argumentaram que a tecnologia que sustenta o ChatGPT e outros produtos — frequentemente referida como “modelos de fundação” porque podem alimentar muitas aplicações, incluindo chatbots, motores de busca e geradores de imagens — não é um bom investimento porque os sistemas são caros de criar e fáceis para os concorrentes copiarem.
Marc Andreessen, um investidor da Andreessen Horowitz, no ano passado chamou tais sistemas de “corrida para o fundo” e especulou que construir um negócio com esse tipo de IA seria como “vender arroz”, onde qualquer um pode competir.
Com o alvoroço causado pelo DeepSeek nos últimos dias, investidores de capital de risco que não investiram em firmas de modelos de fundação como a OpenAI e a Anthropic — seja porque anteciparam a corrida para o fundo ou porque não tinham o dinheiro ou a oportunidade — usaram o momento para compartilhar suas opiniões.
Eric Vishria, um investidor da firma de capital de risco Benchmark, disse nas redes sociais na segunda-feira que acreditava que os modelos de fundação eram “o ativo que mais rapidamente se deprecia na história humana”. Anjney Midha, um investidor da Andreessen Horowitz, escreveu que o DeepSeek mostrou que “a estrutura atual do mercado de modelos de fundação de IA está longe de ser estável”.
Investidores que apoiaram firmas de modelos de fundação defenderam seus investimentos. Gavin Baker, um investidor da Atreides Management, que investiu na startup de IA de Elon Musk, X.ai, disse que se sentia bem com sua aposta porque as firmas de IA são limitadas pela quantidade de dados que podem acessar. A X.ai, disse ele, estava em uma posição forte porque tem sua própria fonte única de dados da plataforma social X, que Musk também possui.
“Para mim, me sinto muito, muito calmo”, disse Baker.
Outros líderes de tecnologia dissecaram a alegação do DeepSeek de que gastou apenas US$ 6 milhões para criar seu modelo de IA, que é uma fração do que outras firmas gastam. Alguns apontaram o dedo para a regulamentação, incluindo a ordem executiva de IA do ex-presidente Joe Biden e a tentativa fracassada da Califórnia de promulgar uma lei estadual sobre IA, por tentar conter o progresso da indústria.
Eles também lamentaram as restrições de exportação de chips de IA poderosos como ineficazes para impedir os avanços tecnológicos chineses. Alguns atacaram os chamados defensores da segurança da IA, que tentaram desacelerar o desenvolvimento da IA devido aos seus potenciais riscos para a humanidade. Outros invocaram o patriotismo e disseram que o DeepSeek era um sinal de que os Estados Unidos precisavam avançar mais rapidamente na IA. Ainda outros viram o momento como uma oportunidade.
Turck disse que o avanço do DeepSeek pode ser uma má notícia para algumas das maiores firmas de IA, mas abriu possibilidades para outras firmas que estavam apenas começando.
“O pânico nos últimos dias é uma reação exagerada dramática”, disse ele em uma mensagem.
Niko Bonatsos, um investidor de capital de risco na General Catalyst, disse em uma entrevista que o DeepSeek energizou as startups. “Se você está construindo qualquer coisa que toque IA e não ficou animado, obcecado, assustado e privado de sono nos últimos quatro dias, em que planeta você está vivendo?” ele disse.
c.2025 The New York Times Company
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Autor: Gabriel
