Grupo Tauá: a rede de hotéis que quase fechou na pandemia e vai dobrar de tamanho
O Grupo Tauá, de resorts e hotéis, foi fundado por uma família de Minas Gerais. Por isso mesmo, começou aos pouquinhos: primeiro com um sítio com alguns quartos, depois algumas expansões, até a inauguração de novas unidades e a gestão de uma das mais icônicas construções do Brasil, o Grande Hotel Thermas de Araxá.
Agora, os mineiros querem levar o pão de queijo e a hospitalidade mineira para o nordeste, com a inauguração de uma unidade em João Pessoa, na Paraíba, e miram em faturar o primeiro bilhão de reais em 2026. “Hoje, temos 1.800 quartos. Em dois anos, vamos ter 3.000. Com isso, vamos dobrar o tamanho da companhia”, diz Lizete Ribeiro, CEO do Grupo Tauá – e filha de João e Lizete, os idealizadores do negócio. Lizete falou em entrevista ao podcast sobre empreendedorismo do InfoMoney, Do Zero ao Topo.
A história de empreendedorismo da família, contudo, começa bem antes disso. Quando João, o pai da atual CEO, tinha 18 anos e trabalhava como trocador de ônibus. O jovem queria ascender para a posição de motorista, mas a mudança de cargo exigia a carteira de habilitação específica. As dificuldades de João, contudo, começavam ainda antes: ele precisava aprender a ler e escrever. “Meu pai não conseguiu a vaga de motorista porque precisava ter experiência, mas se apaixonou pelo estudo e começou a ensinar”, afirma.
Aos poucos, como bom mineiro, juntou dinheiro e abriu um curso de supletivo que contratou, como professora de geografia, Lizete – a mãe da atual CEO. Eles se conheceram, namoraram, noivaram e casaram em três meses.
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Com o sucesso do curso, a família, que nessa altura já tinha três crianças – João Luiz, Daniel e Lizete –, comprou um sítio em Caeté, na região de Belo Horizonte. Como a família levava muitos amigos para aproveitarem o sítio, o que sobrava depois do fim de semana era muita sujeira e despesa para pagar. Surgiu, então, a ideia de um novo negócio: “vamos fazer uns quartos aqui que os amigos vão voltar pagando”. Foram feitos 22 apartamentos e começou o Hotel Fazenda Tauá.
Sabendo muito pouco de hotelaria, a família se guiou por um mantra simples “cliente é rei”. “Meu pai sempre falou: tem que sorrir e adular o cliente. O que ele quiser, nós vamos fazer. Ele precisa se sentir em casa aqui”, diz.
A grande virada aconteceu com um pedido da Vale (VALE3), que possuía uma sede próxima e buscava um lugar para fazer um evento corporativo na região. “Fizemos um salão e entendemos que isso podia dar jogo: com firmas durante a semana, e turistas nos finais de semana”, diz.
Com o espaço de eventos, foi preciso fazer mais quartos o que, por sua vez, trouxe a necessidade de um restaurante maior. “Uma coisa foi puxando a outra até que nos tornamos o maior espaço para eventos em Minas, com 350 quartos e 30 salas para eventos”, resume.
O passo seguinte foi mudar de estado. Depois de abandonar a ideia de construir na região litorânea, a família buscou um terreno perto de São Paulo e inaugurou, em 2008, o Tauá Atibaia. “A adaptação foi muito difícil. Lá em Minas, nós abraçamos as pessoas, encostamos o tempo todo. E percebemos que os paulistas não gostavam disso. Tivemos que entender que é possível ser muito gentil, educado e solícito sem ficar encostando”, afirma.
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A propriedade caiu no gosto dos paulistas: após inaugurar com 70 quartos, ele possui, hoje, 788 apartamentos, 63 espaços de eventos além de um parque aquático indoor. “Estamos indo para 1.100 quartos. Não paramos de construir nem de crescer”, diz.
Em fevereiro de 2010, foi aberta uma licitação para gerenciar o histórico Grande Hotel de Araxá. “Fizemos as contas e achamos que daria para tentar. Fomos os únicos a apresentar proposta e, de uma hora para a outra, tínhamos mais um hotel no portfólio. E não era qualquer espaço: é uma das construções mais importantes do Brasil, feita por Getúlio Vargas junto com o Governador de Minas, Benedito Valadares. A obra custou três vezes o orçamento de Minas e é repleto de história”, diz.
A pedra no caminho
Em 2017, a firma entrou em uma sociedade para uma construção diferente, um hotel corporativo, e decidiu começar uma nova unidade em Alexânia, um município entre Brasília e Goiânia. “E aí, demos um passo muito grande. Em vez de começar pequeno, como tínhamos feito das outras vezes, começamos logo com um arquiteto de Nova York projetando 424 apartamentos e 15 jacuzzis na piscina. Fizemos tudo com recursos próprios e tínhamos 500 pessoas trabalhando na obra em março de 2020”, afirma.
Com a chegada da pandemia, a entrada de dinheiro na firma acabou. “Meu irmão, que era o CEO na época, recebeu 19 ‘nãos’ dos bancos, mas conseguiu R$ 35 milhões para terminar a obra com um banco que era muito parceiro. Em contrapartida, demos tudo que tínhamos – na Pessoa Jurídica e nas Pessoas Físicas – como garantia. Tivemos que demitir 500 pessoas para salvar as outras 1.000 que trabalhavam conosco. Foi muito difícil”, afirma.
Em maio, o hotel de Caeté com 350 apartamentos foi autorizado a reabrir com 22 quartos. “Foi um exercício de coragem muito complicado. Mais do que segurança, tínhamos que passar a sensação de segurança. E os hotéis começaram a encher porque as pessoas se sentiam mais seguras lá. O fato de todos os nossos espaços estarem perto de rodovias foi um fator preponderante que nos fez crescer muito nessa época”, relembra.
Agora, a firma mira no Nordeste. “Nossa visão é continuar crescendo. Estamos construindo um resort de 1.000 quartos em João Pessoa, na Paraíba, para inaugurar em maio de 2026. Estamos com outros três no pipeline para começar as obras”, diz Lizete.
Para saber mais detalhes da história da firma e conhecer sua estratégia para o futuro, veja o episódio completo que já está disponível no canal do Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube e em sua versão de podcast nas principais plataformas de streaming como ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Castbox e Amazon Music.
Sobre o Do Zero ao Topo
O podcast Do Zero ao Topo é uma produção do InfoMoney e traz, a cada sexta-feira, a história de mulheres e homens de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.
O programa já recebeu nomes como José Roberto Nogueira, fundador da Brisanet; Fernando Simões, do Grupo Simpar; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; Rodrigo Galindo, chairman da Cogna; Mariane Morelli, cofundadora do Grupo Supley; Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos; Antonio Carlos Nasraui, CEO do Rei do Mate; Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre; o empresário Abílio Diniz; Paulo Nassar, fundador e CEO da Cobasi; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; e contou dezenas de histórias de sucesso. Confira a lista completa de episódios do podcast neste link.
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Autor: Mariana Amaro