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China impõe medidas contra Google e outras empresas dos EUA

A China anunciou uma ampla gama de medidas nesta terça-feira visando firmas dos Estados Unidos, incluindo o Google, fabricantes de equipamentos agrícolas e o proprietário da marca Calvin Klein, minutos depois que novas sobretaxas de importação impostas pelo governo de Donald Trump entraram em vigor sobre produtos chineses.

Pequim também impôs tarifas sobre produtos norte-americanos como carvão, petróleo e alguns automóveis.

A Administração Estatal de Regulamentação do Mercado da China disse que o Google é suspeito de violar a lei antimonopólio do país e que uma investigação foi iniciada de acordo com a lei. O órgão não forneceu mais detalhes sobre a investigação ou sobre o que o Google teria feito para violar a lei.

Os produtos do Google, como seu mecanismo de busca, são bloqueados na China e sua receita proveniente desse país representa cerca de 1% do faturamento global. A firma ainda trabalha com parceiros chineses, como anunciantes.

Em 2017, o Google anunciou o lançamento de um pequeno centro de inteligência artificial na China. Mas o projeto foi dissolvido dois anos depois e a firma não realiza pesquisas de IA na China, afirmou a companhia em comunicado.

Separadamente, o Ministério do Comércio da China disse que havia colocado a PVH Corp, a holding de marcas como Calvin Klein e Tommy Hilfiger, e a firma de biotecnologia norte-americana Illumina em uma lista de “entidades não confiáveis”.

O órgão afirmou que as duas firmas promoveram o que chamou de “medidas discriminatórias contra firmas chinesas” e “prejudicaram” os direitos e interesses legítimos de companhias chinesas.

As firmas incluídas na lista negra da China podem ser condenadas a multas e a uma ampla gama de outras sanções, incluindo o congelamento do comércio e a revogação de permissões de trabalho para funcionários estrangeiros.

Representantes do Google, PVH e Illumina não comentaram imediatamente o assunto fora do horário comercial dos EUA.

A PVH já estava sendo examinada pelos órgãos reguladores chineses por causa de uma conduta “imprópria” relacionada à região de Xinjiang..

“As tarifas poderiam ser adiadas ou canceladas antes de entrarem em vigor… A investigação contra o Google pode ser concluída sem nenhuma penalidade”, disse a Capital Economics.

Tesla e equipamentos agrícolas dos EUA

A China também anunciou tarifas de 10% sobre as importações de equipamentos agrícolas dos EUA, o que afeta firmas como Caterpillar, Deere & Co e AGCO, bem como um pequeno número de picapes e sedãs com motores grandes enviados dos EUA para a China.

Isso pode se aplicar à Cybertruck, da Tesla, que aguarda a liberação regulatória para iniciar as vendas na China.

O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China designou a Cybertruck como um “carro de passeio” em uma publicação em dezembro que foi rapidamente excluída. Se a picape elétrica da Tesla fosse considerada desta forma, o veículo teria que enfrentar sobretaxa de 10% para ser vendido na China.

A Tesla não comentou o assunto. O presidente da montadora é o bilionário sul-africano Elon Musk, que trabalha para o governo de Donald Trump.

As novas tarifas sobre os produtos norte-americanos entrarão em vigor em 10 de fevereiro, informou o ministério.

Os anúncios feitos nesta terça-feira aumentaram as restrições comerciais entre Pequim e Washington, que até agora vinham sendo limitadas ao setor de tecnologia, uma vez que a Casa Branca tenta frear o desenvolvimento da China nas indústrias de chips e inteligência artificial.

Em dezembro, a China anunciou uma investigação sobre a Nvidia por suspeita de violação da lei antimonopólio do país, uma investigação amplamente vista como retaliação contra as últimas restrições de Washington ao setor de chips chinês.

Os produtos da Intel vendidos na China também foram chamados para uma revisão de segurança no final do ano passado por um influente grupo do setor chinês.

Tarifas miram petróleo, GNL e carvão americanos

A China é a maior importadora de energia do mundo, mas suas compras dos Estados Unidos são relativamente modestas, o que atenua o impacto da decisão de Pequim, nesta terça-feira, de impor tarifas retaliatórias sobre as importações de petróleo bruto, gás natural liquefeito (GNL) e carvão dos EUA.

Logo após a entrada em vigor das tarifas impostas à China pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na terça-feira, o Ministério das Finanças da China informou que imporia taxas de 15% sobre as importações de carvão e GNL dos EUA e de 10% sobre o petróleo bruto, bem como sobre equipamentos agrícolas e alguns automóveis, a partir de 10 de fevereiro.

As importações chinesas de petróleo bruto dos EUA caíram 52%, para cerca de 230.540 barris por dia (bpd) nos primeiros 11 meses de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Administração de Informações sobre Energia (AIE) dos EUA.

Para o ano inteiro, as importações dos EUA representaram 1,7% das importações de petróleo bruto da China, no valor de cerca de 6 bilhões de dólares, de acordo com dados da alfândega chinesa, abaixo dos 2,5% em 2023.

No entanto, as importações de GNL da China dos EUA têm crescido, totalizando 4,16 milhões de toneladas no ano passado, no valor de 2,41 bilhões de dólares, segundo dados da alfândega, quase o dobro dos volumes de 2018 para o combustível usado na geração de energia e representando cerca de 5,4% das compras da China.

O GNL importado dos EUA por meio de contratos de longo prazo pode continuar sendo econômico para os compradores chineses mesmo com a tarifa, em comparação com os preços spot, mas é provável que eles evitem comprar cargas spot norte-americanas, disse Alex Siow, analista do ICIS.

“As firmas chinesas provavelmente buscarão outras fontes spot, como as da Ásia”, disse ele. “No entanto, pode não ser fácil encontrá-las, já que o mercado continua apertado em 2025.”

As tarifas também afetarão os importadores chineses que buscam novos acordos de fornecimento de longo prazo com os EUA, especialmente compradores de segundo nível, como concessionárias de serviços públicos ou de gás urbano, que não têm capacidade de negociação, disse um comerciante de GNL com sede em Pequim.

Os EUA são o principal exportador global de GNL, mas são o quinto fornecedor da China. Ainda assim, o país tem ambições de aumentar drasticamente as exportações de GNL nos próximos anos sob o comando de Trump, sendo que a China, o maior importador mundial do combustível, é vista como cliente em potencial para um volume ainda maior.

Custos do petróleo bruto

Mia Geng, analista da FGE, disse que, quando a China impôs tarifas de 25% sobre o petróleo bruto dos EUA durante a guerra comercial no primeiro governo de Trump, a China interrompeu compras de 300 mil a 400 mil barris por dia de petróleo bruto dos EUA e buscou alternativas como a África Ocidental e o fornecimento asiático.

“Ainda estamos avaliando isso internamente, mas parece que veremos uma pausa na compra, enquanto alternativas de petróleo leve e doce serão procuradas. Isso afeta cerca de 100 mil bpd dos recentes influxos dos EUA, o que não é uma grande quantidade para as refinarias chinesas”, disse ela.

As tarifas encarecerão os fluxos de petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) dos EUA para a China em relação a outras alternativas, como os tipos CPC do Cazaquistão e Murban de Abu Dhabi, disse June Goh, analista da Sparta Commodities.

“No contexto geral, isso não deve ter um impacto significativo sobre o preço do WTI, já que ele ainda pode ser escoado facilmente para outras regiões”, disse Goh.

Um comerciante chinês de petróleo bruto disse que a tarifa atingiria mais a gigante estatal de refino Sinopec, que é a maior compradora de petróleo dos EUA.

Ele espera que os importadores chineses busquem isenções de Pequim, como fizeram anteriormente, enquanto as refinarias devem buscar suprimentos alternativos e aumentar as remessas do Oriente Médio.

As fontes comerciais falaram sob condição de anonimato, pois não estavam autorizadas a falar com a imprensa.

A Sinopec não respondeu imediatamente a um pedido de comentário durante o feriado na China.

Quanto ao carvão, a China não é um grande importador dos Estados Unidos, mas o valor das remessas de carvão de coque – usado principalmente na fabricação de aço – aumentou em quase um terço, chegando a US$ 1,84 bilhão em 2024, segundo dados da alfândega.

(Por Kevin Krolicki, Kevin Huang em Pequim, Farah Master em Hong Kong)

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Reuters

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