Casas Bahia: ação salta 77% em março e 30% em 1 dia; o que aconteceu e vale comprar?


As ações do grupo Casas Bahia (BHIA3) registram uma forte disparada em março, com salto de 77% no mês e avanço de 29,91% apenas na sessão da última segunda-feira (10), às vésperas da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24). A varejista divulga seus números na próxima quarta-feira (12).
Em comunicado arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) após o fechamento do mercado na segunda, a companhia informou que não tem conhecimento sobre qualquer ato ou fato relevante não divulgado relacionado aos seus negócios que poderia justificar, explicar ou influenciar a movimentação atípica acima demonstrada. “A companhia reitera seu compromisso de manter seus acionistas e o mercado em geral informados sobre qualquer ato ou fato relevante nos termos da regulamentação aplicável e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se façam necessários”, destacou.
Em nota, a Nord Research ressaltou que, na segunda, por volta das 15h30 (horário de Brasília), o volume de negociações estava em 21,8 milhões, bem acima da média diária (do pregão completo) de 5 milhões do papel nos últimos 12 meses.
Conforme ressalta o analista Rafael Ragazi, da Nord, o movimento pode estar sendo impulsionado por um short squeeze — nome dado ao fenômeno em que a cotação das ações sobe rapidamente, forçando investidores que apostaram na queda (short sellers) a cobrir suas posições, resultando em uma pressão adicional de compra — tendo em vista que a firma está com elevados 25% de suas ações em circulação alugadas.
“Após cair mais de 99% entre julho de 2022 e o fim do mês passado, a companhia está valendo apenas R$ 470 milhões na Bolsa atualmente”, aponta Ragazi.
Em relatório, a XP destaca que 24,7% das ações da varejista estão em posição vendida, ou seja, com investidores que apostam na queda dos papéis, um aumento de 4,4 pontos percentuais em duas semanas.
Com relação à expectativa para o 4T24, a XP Investimentos espera que o Grupo Casas Bahia relate resultados mistos, já que o 1P (estoque próprio) continua pressionado pela otimização do portfólio da firma, embora o crescimento das lojas físicas e do 3P (marketplace) acelere em relação ao 3T, enquanto a lucratividade continua a melhorar.
Os analistas da casa estimam que o GMV (volume bruto de mercadorias) total aumente em 7% na base anual, com desempenho melhorado nas lojas físicas (SSS, ou vendas nas mesmas lojas, em +9%) e 3P (+9,5%) em bases de comparação mais normalizadas, compensando o momento ainda fraco no 1P (-5%).
Quanto à lucratividade, a margem bruta deve melhorar em 310 pontos-base (bps), apoiada por maior penetração de serviços e preços mais racionais, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado deve expandir em 540 bps, no controle de despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) e alavancagem operacional.
A XP espera que o prejuízo líquido chegue a R$ 305 milhões, pressionado por despesas financeiras mais pesadas.
Cabe destacar que, entre julho e setembro, o grupo registrou prejuízo líquido de R$ 369 milhões no terceiro trimestre de 2024 (3T24), queda anual de -55,9% em relação ao dado negativo de R$ 836 milhões no 3T23. A companhia ressaltou que a diminuição do prejuízo na ocasião se deu em função do início da retomada de crescimento do canal de lojas físicas e uma “melhora gradual da rentabilidade da companhia, apesar do mercado desafiador e do recuo das vendas”.
A Nord Research questiona se é hora de comprar BHIA3. Para o analista da Nord, as perspectivas para 2024 e 2025 são positivas, considerando os avanços do Plano de Transformação e a estratégia de incremento em serviços monetários e marketplace. Além da redução do prejuízo, a varejista tem mantido redução de SG&A e melhoria de margens, e, apesar do cenário macroeconômico desafiador, as iniciativas tendem a fortalecer o fluxo de caixa e a rentabilidade.
No entanto, dada a trajetória recente e os últimos resultados, a recomendação é de cautela, observando os próximos trimestres.
O analista ainda recomenda ficar longe do barulho dos “shorts”, ou venda a descoberto, uma vez que é uma operação de alto risco que pode gerar prejuízos.
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Autor: Lara Rizério