Ibovespa hoje enfraquece com temor global sob novas tarifas de Trump
O Ibovespa hoje abriu em queda de 0,62%, aos 130.370 pontos nesta quinta-feira (3). As atenções se voltam para o impacto mundial das novas tarifas dos EUA – veja aqui os principais assuntos do mercado monetário hoje.
A sessão do principal índice da B3 hoje pode ser positiva a despeito da queda abrupta dos índices de ações internacionais nesta manhã, na esteira do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Além disso, a queda dos juros futuros em sintonia com os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) e a forte desvalorização do dólar hoje frente ao real podem impulsionar o Índice Bovespa hoje.
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Como o Brasil integra o grupo que terá a menor taxa sobre produtos importados pelos EUA, pode se beneficiar em relação a outros países cuja taxa é mais elevada. Para algumas nações, o porcentual passa de 40%. No caso do Brasil, a tarifa imposta será de 10%. “O Brasil sai relativamente melhor, com impactos diretos sobre o País devendo ser menores”, estima Carlos Lopes, economista do banco BV.
Contudo, o forte recuo das commodities hoje, com destaque ao declínio de mais de 6% do petróleo no exterior, tende a limitar ganhos do indicador da B3. “Estamos vendo uma guerra comercial se iniciando como nunca visto antes, com taxas que não são praticadas. Os mercados estão muito estremecidos”, diz Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos.
Para Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, ainda é cedo para precisar se a Bolsa brasileira continuará atraindo capital externo diante de um movimento de rotação de ativos dos EUA para cá, por exemplo. “Mais para frente até pode ser, mas agora teremos aversão ao risco e volatilidade. Temos de observar como os países líderes montarão suas estratégias”, diz.
- Confira aqui a agenda econômica das firmas nesta quinta-feira
Ibovespa hoje: impactos após novas tarifas de Trump
Medidas tarifárias impostas pelos EUA
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 10% sobre as importações do Brasil, válida a partir de sábado (5). Ele também apresentou tarifas para outros países: 34% para a China, 30% para a África do Sul, 24% para o Japão e 20% para a União Europeia.
Aço e alumínio, já punidos com taxa de 25%, não terão novas taxações. No entanto, os EUA eliminarão a isenção fiscal para China e Hong Kong, passando a taxar mercadorias chinesas abaixo de US$ 800 a partir de 2 de maio. Além disso, todos os carros produzidos fora dos EUA serão taxados em 25% a partir desta quinta-feira.
Como as bolsas internacionais reagem às tarifas hoje?
O clima é de forte pessimismo global após Trump anunciar uma tarifa geral mínima de 10% às importações dos EUA a partir de sábado. Nesta manhã, os futuros de Nova York desabavam mais de 3%, e as ações da Apple (AAPL34), que fabrica a maioria de seus iPhones na China, caíam 7%. O dólar hoje se enfraquece ante a maioria das moedas. Veja aqui como está a operação das bolsas europeias e asiáticas.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, alertou que, se países decidirem retaliar, haverá uma escalada nas taxações. O Fed de Richmond avalia que as sobretaxas podem causar “interrupções generalizadas” em setores-chave dos EUA. Já a diretora do Fed, Adriana Kugler, afirmou que “há fatores que podem levar tarifas a ter efeito prolongado na economia americana”.
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A China, agora enfrentando um total de tarifas combinadas de 54%, anunciou que adotará contramedidas, assim como o Canadá. A União Europeia disse que está pronta para retaliar, mas prefere o diálogo, enquanto o Reino Unido busca um acordo.
Commodities: petróleo desaba e minério recua
O petróleo tem forte queda esta manhã após as tarifas de Donald Trump, que podem causar danos à economia global. No início da manhã, o barril do petróleo WTI para maio caía 5,14%, enquanto o do Brent para junho recuava 4,92%.
O minério de ferro fechou em queda de 0,32%, cotado a 788,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 108,48 nos mercados de Dalian, na China.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de firmas não americanas) da Vale (VALE3) recuavam 2,48% no pré-mercado de Nova York. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) cediam 3,13% no mesmo horário.
Como fica o Ibovespa hoje diante das novas tarifas dos EUA?
O real pode se beneficiar do ambiente de tensão, já que o dólar se desvaloriza ante a maioria das divisas. Os juros tendem a recuar acompanhando os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense), mas o Índice hoje pode sofrer pressão devido à fuga do risco, com as commodities em queda e o sinal negativo vindo de Nova York.
Apesar do cenário externo adverso, o impacto no Brasil pode ser mais contido. O EWZ, principal fundo de índice (ETF, fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma ação) do Brasil negociado em Nova York, caía 0,19% nesta manhã. Analistas avaliam que a tarifa de 10% imposta pelos EUA ao Brasil “ficou barata” para o país – veja aqui o que dizem os especialistas.
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Na véspera, a Câmara aprovou o “PL da Reciprocidade”, projeto de lei que define critérios para que o Brasil possa reagir a medidas unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem sua competitividade internacional. O texto segue agora para sanção do presidente Lula e pode repercutir no Ibovespa hoje.
*Com informações do Broadcast
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Camilly Rosaboni