ITUB4 brilha para gestores de bancos em 2025; atenção se volta ao risco agro de BBAS3


O cenário macroeconômico que se desenhava incerto para o setor monetário no início de 2025 acabou surpreendendo positivamente. Em vez de uma desaceleração econômica acentuada e um aperto severo no crédito, o mercado assistiu a uma expansão contínua da carteira de empréstimos, especialmente para pessoa física, com inadimplência ainda sob controle e crescimento superior a 10% ao ano. É nesse ambiente que o Itaú (ITUB4) desponta como uma das principais apostas dos gestores.
“Entramos o ano com alguma cautela, mas o ciclo de crédito está surpreendendo”, afirmou Bernardo Guttmann, head do setor monetário no Research da XP, durante o episódio do programa Super Clássicos da Bolsa 2025. Ao lado de Mateus Guimarães, também da XP, o analista conduziu uma conversa com Alan Cardoso, da Dahlia Capital, e Pedro Gonzaga, da Mantaro Capital, sobre as principais teses do setor.
Os convidados demonstraram otimismo com o setor, ainda que com nuances importantes. Para Alan, a qualidade das equipes e a robustez estrutural das firmas financeiras brasileiras as tornam um terreno fértil para boas teses. “As firmas do setor monetário têm times sêniors, bem preparados, o que contribui para a performance mesmo em ciclos desafiadores”, destacou o analista da Dahlia, que também trabalhou no Nubank.
Pedro Gonzaga, por sua vez, concorda com o tom geral, mas adiciona um alerta: “Já há sinais incipientes de deterioração na inadimplência, o que exige atenção redobrada na escolha dos bancos em que se investe.” Ele mencionou o relatório de abril do Banco Central como um ponto de atenção para o varejo monetário.
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Itaú é aposta comum, mas a dúvida é: ainda vale a pena?
Apesar da alta expressiva no ano, o Itaú permanece como um dos nomes mais consensuais entre os gestores. Com um ROI robusto — na casa dos 23% — e um nível de capitalização elevado, o banco segue competitivo e resiliente mesmo diante dos desafios econômicos. “É um reloginho, entrega resultado trimestre após trimestre”, resumiu Bernardo Guttmann.
Pedro Gonzaga vê espaço para o banco surpreender ainda mais. “O Itaú pode se beneficiar se houver uma deterioração do setor, dado seu conservadorismo em provisões e excesso de capital. Além disso, pode acelerar o crescimento orgânico ou investir em M&As como sempre fez com sucesso”, analisou.
No entanto, ponderou: “A dúvida é se o banco, depois de tantos anos sendo conservador, terá apetite para mudar o perfil quando for preciso ser mais agressivo.”
Alan Cardoso complementa a análise olhando para o futuro. Para ele, o verdadeiro driver estrutural está na digitalização voltada ao público de baixa renda — um espaço hoje dominado por fintechs como o Nubank (NU).
“O Itaú tem um domínio absoluto no segmento de alta renda. A grande oportunidade está em conquistar o cliente de baixa renda com mais eficiência digital. Se conseguir, o upside é enorme e o mercado ainda não precifica isso”, afirmou.
Holding ou banco? Escolha entre Itaúsa e ITUB divide gestores
Um dos debates que mais divide os investidores é onde investir: no banco diretamente (ITUB4) ou na holding Itaúsa (ITSA4). Pedro Gonzaga, da Mantaro, prefere a holding. “O desconto da Itaúsa sobre o banco está acima da média histórica, em torno de 25%. Você carrega os mesmos dividendos com um preço mais atrativo. Além disso, com a reforma tributária prevista para 2027, boa parte desse desconto tende a desaparecer”, justificou.
Ele ainda mencionou que os demais investimentos da holding — como Alpargatas (ALPA4), Aegea e Copagaz — vivem momentos distintos, mas com potenciais catalisadores positivos. “Se esses ativos melhorarem e o peso tributário cair, o desconto deve fechar, gerando mais retorno para o acionista da Itaúsa”, avaliou.
Alan Cardoso, porém, prefere manter o foco direto no banco. “A gente quer exposição só ao banco. Outros negócios, como Alpargatas, são bons, mas não se comparam ao business de banco. E em momentos de entrada de fluxo estrangeiro, o Itaú costuma performar melhor por conta da liquidez”, explicou.
Banco do Brasil decepciona e gestores veem risco concentrado no agro
Embora tenha sido um dos grandes vencedores do último ciclo, o Banco do Brasil (BBAS3) em 2025 está em posição desconfortável. O resultado recente decepcionou analistas e investidores, e a perspectiva é de uma piora adicional nos próximos trimestres. “O banco está desancorado em quase todas as linhas, e rebaixamos nossa recomendação para neutro”, informou Guttmann.
Pedro Gonzaga vê a deterioração como cíclica, mas ressalta que o ciclo pode ser prolongado. “A inadimplência na carteira agro já se aproxima de 4%, e ainda nem vimos todos os pagamentos da safra atual, que são concentrados no fim”, afirmou. Ele lembra ainda que a carteira não agro também surpreendeu negativamente no último trimestre, o que acende um alerta adicional.
O problema, segundo os gestores, não é apenas o volume, mas a estrutura dos financiamentos. “O crédito rural costuma ser bullet — pagamento concentrado no fim — então o real impacto da safra ainda está por vir”, explicou Pedro. Ele também destacou o volume significativo de renegociações dentro da carteira, o que pode camuflar problemas mais graves no curto prazo.
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Autor: osniralves