Bolsonaro era o “principal destinatário” da Abin paralela, aponta relatório da PF


A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o principal beneficiário das ações clandestinas realizadas dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante seu governo.
Segundo o relatório final da investigação, tornado público nesta quarta-feira (18) por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro era o “principal destinatário do produto das ações clandestinas e da instrumentalização” da agência.
A operação da chamada “Abin paralela” foi coordenada sob o comando do então diretor-geral Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL-RJ e aliado próximo do ex-presidente.

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Desinformação, proteção familiar e ataques a opositores
De acordo com a PF, as ações da organização criminosa instalada na Abin tinham três principais objetivos: proteger os filhos do presidente, atacar adversários políticos e produzir campanhas de desinformação contra o sistema eleitoral.
O relatório afirma que recursos humanos, técnicos e monetários da agência foram empregados para a construção de uma narrativa em defesa do voto impresso. O material incluía imagens de drones e registros de câmeras de segurança de diversos ministérios, utilizados com fins político-partidários.
Além disso, a PF afirma que a estrutura da Abin foi mobilizada para evitar ações estatais que pudessem comprometer figuras do entorno presidencial, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), envolvido no caso das “rachadinhas”, e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), apontado como integrante do núcleo estratégico da operação clandestina.
Live de 2021 e investigações sensíveis também foram manipuladas
O relatório da PF destaca episódios em que Bolsonaro teria se beneficiado diretamente das informações obtidas por meio da Abin. Um dos principais exemplos citados foi a live de agosto de 2021, na qual o então presidente divulgou dados sigilosos de um inquérito da própria Polícia Federal. Segundo os investigadores, o acesso ao material foi viabilizado pela Abin, sob a justificativa de que seria usado em uma comissão do Congresso.
O órgão também foi mobilizado para reunir informações sobre o atentado sofrido por Bolsonaro em 2018, o chamado “caso Adélio”, e sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. Em ambos os episódios, segundo a PF, houve atuação da agência com fins que extrapolam suas atribuições legais.
Bolsonaro não foi indiciado neste caso por questão processual
Embora 36 pessoas tenham sido formalmente indiciadas no âmbito da investigação da Abin paralela, Jair Bolsonaro não figura entre os nomes por uma questão técnica: ele já é réu no STF sob acusação de integrar uma organização criminosa em outro processo, relacionado à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Ainda assim, o relatório entregue pela PF atribui a ele responsabilidade direta pela estrutura ilegal, reforçando a suspeita de que o esquema de inteligência paralela fazia parte de uma engrenagem mais ampla de ataque às instituições democráticas.
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Autor: Marina Verenicz