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15 palestinos são mortos por dia em Gaza ao tentar receber ajuda humanitária

15 palestinos são mortos por dia em Gaza ao tentar receber ajuda humanitária

A morte de palestinos que buscam ajuda humanitária na Faixa de Gaza tornou-se uma ocorrência quase diária desde que a Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla em inglês) — organização apoiada por Israel e pelos Estados Unidos — assumiu a distribuição de alimentos e outros suprimentos essenciais na região, em 26 de maio. Em menos de um mês, cerca de 440 pessoas foram mortas e mais de 3 mil ficaram feridas enquanto tentavam receber auxílio nos centros de distribuição, fazendo com que o chefe da UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos, classificasse o sistema como “uma abominação”.

“O recém-criado e assim chamado ‘mecanismo de ajuda’ é uma abominação que humilha e degrada pessoas desesperadas”, disse Philippe Lazzarini durante entrevista coletiva em Berlim na terça-feira (24). “É uma armadilha mortal que está custando mais vidas do que salvando.”

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A declaração foi feita no mesmo dia em que forças e drones israelenses mataram ao menos 44 pessoas que esperavam por ajuda no enclave, com testemunhas e autoridades de saúde palestinas relatando à agência Associated Press que membros do Exército de Israel abriram fogo deliberadamente contra multidões que se dirigiam ao local. Os militares, que frequentemente negam o envolvimento nessas ocorrências e culpam o grupo terrorista Hamas pelos incidentes, afirmaram ter disparado somente “tiros de advertência” contra pessoas que, segundo eles, se aproximaram de suas forças “de maneira suspeita”.

Nas últimas semanas, porém, o Exército israelense usou repetidamente força letal para controlar multidões nos acessos aos novos locais de ajuda, forçando muitos palestinos a escolher entre deixar suas famílias passarem fome ou arriscar serem baleados. Vídeos compartilhados nas redes sociais e verificados pelo New York Times após ataques anteriores mostram corpos visíveis no chão, escurecido pelo sangue. Em alguns dos registros, é possível ver pessoas cujos corpos ficaram severamente dilacerados, enquanto outras apresentam ferimentos graves na cabeça.

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“Eu podia ouvir os gritos de jovens e de outros por causa dos ferimentos”, disse à CNN Mohammed Saqer, de 43 anos, relatando ataques ocorridos na semana passada, quando ele tentava conseguir comida para a sua família. — Na minha frente estavam quatro jovens com ferimentos diretos na cabeça. Havia uma pessoa ao meu lado ferida com um tiro no olho. Até recuar era quase impossível, e todos estavam deitados no chão, sem conseguir levantar a cabeça porque, se levantasse, seria baleado.

Palestinos sobem em um veículo enquanto se reúnem para receber suprimentos de ajuda em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, em 23 de junho de 2025. REUTERS/Ebrahim Hajjaj

O GHF iniciou seu programa de distribuição de ajuda após Israel ter cortado completamente o envio de mantimentos para Gaza por mais de dois meses, gerando alertas internacionais sobre o risco de fome em massa no território palestino. Autoridades israelenses alegam que o órgão deve substituir o sistema anterior, coordenado pela ONU e que, segundo Tel Aviv, permitia que o Hamas roubasse os itens e lucrasse com as vendas. Agências de ajuda negam essas ocorrências, e Israel não apresentou evidências públicas que sustentem a acusação.

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A fundação, liderada por empresários americanos com apoio do governo israelense e, agora, também do governo Trump — que anunciou nesta semana o envio de US$ 30 milhões à operação —, atua de forma independente da ONU e de organizações humanitárias tradicionais, como a UNRWA e a Cruz Vermelha, que rejeitaram o novo sistema. Em carta aberta divulgada na segunda-feira, mais de uma dúzia de órgãos humanitários pediram a suspensão imediata da GHF, descrevendo sua abordagem “privatizada e militarizada” como “uma mudança radical e perigosa em relação às operações de ajuda estabelecidas”.

“A instrumentalização de alimentos para civis, além de restringir ou impedir o acesso a serviços essenciais para a sobrevivência, constitui um crime de guerra e, em determinadas circunstâncias, pode configurar outros crimes sob o direito internacional”, disse o porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Thameen al-Keetan, na terça.

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A rotineira série de agressões ocorrida no último mês teria tido a participação do Hamas em 12 de junho, quando membros do grupo foram acusados pela GHF de matar oito funcionários da organização em um ataque a um ônibus que estava a caminho de um centro de distribuição de alimentos. O veículo, que transportava mais de duas dúzias de palestinos que trabalhavam para a fundação, foi “brutalmente atacado” enquanto seguia para Khan Younis, no sul do enclave. O diretor interino da GHF, John Acree, disse ter considerado fechar seus centros de distribuição, mas que depois optou por continuar com as atividades:

“Decidimos que a melhor resposta aos assassinos covardes do Hamas era continuar entregando comida para o povo de Gaza, que está contando conosco”, afirmou em nota. Na ocasião, a ONU também condenou o ocorrido e disse que os responsáveis deveriam ser responsabilizados.

Palestinos carregam um homem ferido em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, em 23 de junho de 2025. REUTERS/Ebrahim Hajjaj

Embora organizações das Nações Unidas e outros provedores de ajuda ainda estejam operando em Gaza, eles dependem das autoridades israelenses para facilitar suas missões. No sábado e domingo, por exemplo, apenas oito de 16 pedidos de operações humanitárias foram aprovados, relataram as equipes de ajuda, destacando que tais medidas dificultam o “rastreamento de água e combustível, a prestação de serviços de nutrição e a recuperação de corpos”.

“É a fome usada como arma. É o deslocamento forçado. É uma sentença de morte para pessoas que apenas tentam sobreviver. Tudo isso junto parece ser a eliminação da vida palestina em Gaza”, disse Jonathan Whittall, chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) nos Territórios Palestinos Ocupados.

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Enquanto isso, o Ministério da Saúde palestino informou que a operação israelense já matou mais de 56 mil pessoas e feriu outras 131 mil desde o início da guerra, em outubro de 2023, após o ataque surpresa do Hamas a Israel. O relatório, que não diferencia civis de combatentes — mas diz que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças —, também indica que 5,7 mil foram mortas desde que o Estado judeu retomou os combates, em 18 de março, encerrando uma trégua de dois meses.

(Com New York Times)

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Autor: Agência O Globo

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