Últimas Notícias

Não vou viver para ver os EUA voltarem ao que eram, diz Paul Krugman sobre “tarifaço”

Não vou viver para ver os EUA voltarem ao que eram, diz Paul Krugman sobre “tarifaço”

“Estamos andando para trás de uma forma muito dramática; trata-se de um retrocesso.” É assim que o economista norte-americano Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia de 2008, vê a economia dos Estados Unidos após a imposição de tarifas sobre importações pelo governo de Donald Trump — um choque sem precedentes que ameaça, sobretudo, a economia norte-americana, segundo o Nobel. Krugman foi um dos painelistas do Anbima Summit, que aconteceu em São Paulo nesta quarta-feira (25).

O Nobel de Economia também alertou para o impacto inflacionário desse choque, explicando que o aumento das tarifas será repassado aos consumidores, ainda que com atraso. “O processo inflacionário leva tempo, aprendemos isso na pandemia. Leva tempo para um navio sair de Xangai e chegar aos EUA, e mais ainda para chegar a Roterdã. Mas há evidências de um pico de inflação na economia americana em breve”, afirmou.

Krugman traçou um panorama crítico sobre a política comercial dos EUA, especialmente as tarifas impostas durante o governo Trump. Ele destacou que a tarifa média aplicada pelos EUA às importações saltou de menos de 3% no início do ano para cerca de 17%, um aumento drástico que classificou como “o maior choque de política comercial da história”.

O economista fez um alerta sobre o futuro da economia americana e global: “Estamos vivendo um momento de desequilíbrios importantes; algo drástico aconteceu. O cenário é bastante desanimador, e não acho que vou viver para ver os EUA voltarem ao que eram no ano passado.”

Incerteza do dólar

Krugman afirmou que o dólar, apesar de ser a moeda dominante mundial, está enfrentando um momento de incerteza sem precedentes. “Quando algo ruim acontece no mundo, o dólar se fortalece. Quando algo ruim acontece, os Estados Unidos se fortalecem. Mas não é isso que estamos vendo. As taxas de juros aumentaram e o dólar está caindo”, explicou.

Ele ressaltou que isso não significa um crash da moeda, mas indica que os EUA “não estão sendo vistos pelos mercados como um lugar confiável”. O economista chegou a dizer que, se fosse um banco central, reduziria a participação do dólar nas suas reservas neste momento, por ser uma moeda mais incerta do que já foi em outros tempos.

“Crise da liderança americana”

Sobre a globalização, Krugman minimizou a ideia de que ela tenha fracassado. “Para mim, não fica tão claro que tudo deu tão errado com a globalização. Houve algumas crises, mas ela possibilitou o desenvolvimento de países subdesenvolvidos, como a China”, disse.

Ele lembrou que o grande crescimento da globalização ocorreu entre 1979 e 2010 e que as tensões causadas por ela já foram em grande parte superadas. “As tarifas que estamos vendo hoje não são uma demanda da população, mas sim de um indivíduo. Não é uma crise da globalização, é mais uma crise da liderança americana”, afirmou.

Segundo o economista, a forma como os EUA criaram suas políticas internas dá ao presidente muito poder. “O presidente americano pode agir de forma muito individual. Tivemos eleições e elegemos um presidente muito diferente dos demais. E o sistema americano foi feito para presidentes mais razoáveis, que agissem sem radicalismo.”

Brasil

Krugman avaliou que o Brasil não está tão exposto aos choques comerciais americanos, já que seus principais parceiros são China e União Europeia. “Se essa não for uma guerra comercial americana, não há tanta exposição aqui, o que é uma boa notícia”, afirmou.

No entanto, alertou para os riscos de uma má gestão do comércio brasileiro com os EUA: “Os EUA estão fazendo uma besteira muito grande no nosso comércio. Até agora não fizemos nenhuma besteira com o dólar, mas se fizermos, isso será um problema para todos.”

Criptomoedas

Sobre as criptomoedas, Krugman foi cético quanto ao seu papel como substitutas do dólar. “A primeira geração das criptos é muito volátil, com custos de transação altos; não dá para considerá-las moedas”, afirmou.

Ele destacou que as stablecoins são mais estáveis, mas ainda distantes de substituir o dólar. “O que está mais perto de substituir o dólar seria o euro, se isso acontecer. Em 2008, já começava a aparecer um competidor mais plausível, mas aí veio a crise do euro”, concluiu.

The post Não vou viver para ver os EUA voltarem ao que eram, diz Paul Krugman sobre “tarifaço” appeared first on InfoMoney.

O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim deixaremos mais pessoas por dentro do mundo das finanças, economia e investimentos!

Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original

Autor: marialuizadourado

Dinheiro Portal

Somos um portal de notícias e conteúdos sobre Finanças Pessoais e Empresariais. Nosso foco é desmistificar as finanças e elevar o grau de conhecimento do tema em todas as pessoas.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo