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Renda mensal com dividendos acima da Selic: saiba como ganhar de R$ 1 mil a R$ 10 mil

A taxa básica de juros chegou a 15% ao ano, maior nível desde julho de 2006, e deve se segurar em patamares elevados por algum tempo. Embora o mercado já especule sobre quando a Selic começará a cair, não há sinais claros para o curto prazo – Goldman Sachs e UBS BB preveem queda dos juros só no primeiro semestre de 2026, enquanto o J.P. Morgan, mais otimista, aposta em dezembro de 2025. A boa notícia é que a lista de ações com dividendos acima da Selic revela os papéis mais sólidos.

Levantamento da Elos Ayta Consultoria para o E-Investidor mostra nove ações que superam os 15% da taxa básica no dividend yield (retorno em dividendos), chegando a 80,57% em alguns casos. O estudo considera os últimos 12 meses até 16 de junho, com ações de boa liquidez dos índices Ibovespa, índice Dividendos (IDIV) e Small Caps (companhias da Bolsa de Valores consideradas pequenas). Também foi projetado o dividend yield para os próximos 12 meses, assumindo lucros iguais ou maiores e manutenção da política de distribuição.

Como o cenário macroeconômico ainda se encontra desafiador, parte dessas projeções pode não se concretizar. Por isso, também foi calculada a média dos últimos cinco anos – ou desde a oferta inicial de ações (IPO), para as novatas – refletindo o padrão real de remuneração dessas firmas.

As ações que pagam dividendos acima da Selic de 15% ao ano

Ação Dividend yield últimos 12 meses Dividend yield projetado para os próximos 12 meses Média de dividend yield nos últimos 5 anos
Syn Prop (SYNE3) 80,57% 123,63% 31,28%
Marfrig (MRFG3) 26,94% 11,33% 11,51%
Cemig (CMIG4) 18,54% 17,36% 12,19%
Valid (VLID3) 17,48% 10,51% 6,90%
CSN Mineração (CMIN3) 17,01% 16,50% 14,26%
Anima (ANIM3) 16,10% 12,29% 3,22%
Petrobras (PETR4) 16,08% 17,32% 26,43%
Petrobras (PETR3) 15,23% 15,97% 24,83%
BR Partners (BRBI11) 15,20% 12,84% 10,59%

Fonte: Elos Ayta Consultoria, dados até 16 de junho.

Como ganhar dividendos de R$ 1 mil a R$ 10 mil por mês com estas ações

O investidor pode viver de renda com várias ações da lista, especialmente as de fundamentos mais sólidos, como o leitor verá a seguir. Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, fez uma simulação exclusiva ao E-Investidor para calcular o patrimônio necessário para receber R$ 1 mil, R$ 3 mil, R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês em dividendos.

Para ter uma visão mais realista e conservadora, o cálculo usou a média de dividend yield dos últimos cinco anos das ações da lista ou desde o IPO, em caso de firmas mais novas. Para quem começa do zero, também foi estimado quanto tempo levaria para atingir essas metas investindo R$ 500 ou R$ 1 mil por mês, com reinvestimento dos proventos.

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No caso da Petrobras (PETR4), por exemplo, são necessários R$ 45.403 para gerar R$ 1 mil mensais em dividendos. Com aportes mensais de R$ 500 e reinvestimento, esse valor pode ser atingido em quatro anos e cinco meses. Com investimento de R$ 1 mil mensais, o objetivo chega em dois anos e nove meses. Veja outras simulações abaixo.

Renda de R$ 1 mil com dividendos

Ação Média de dividend yield nos últimos 5 anos Patrimônio necessário para renda de R$ 1 mil mensal Tempo de investimento com aportes de R$ 500/mês com reinvestimento Tempo de investimento com aportes de R$ 1 mil/mês com reinvestimento
Syn Prop (SYNE3) 31,28% R$ 38.363 3 anos e 9 meses 2 anos e 4 meses
Marfrig (MRFG3) 11,51% R$ 104.257 9 anos e 9 meses 6 anos e 2 meses
Cemig (CMIG4) 12,19% R$ 98.441 9 anos e 3 meses 5 anos e 10 meses
Valid (VLID3) 6,90% R$ 173.913 16 anos e 2 meses 10 anos e 2 meses
CSN Mineração (CMIN3) 14,26% R$ 84.151 7 anos e 11 meses 5 anos
Anima (ANIM3) 3,22% R$ 372.671 34 anos e 4 meses 21 anos e 8 meses
Petrobras (PETR4) 26,43% R$ 45.403 4 anos e 5 meses 2 anos e 9 meses
Petrobras (PETR3) 24,83% R$ 48.329 4 anos e 8 meses 2 anos e 11 meses
BR Partners (BRBI11) 10,59% R$ 113.314 10 anos e 7 meses 6 anos e 8 meses

Fonte:  simulação Fábio Sobreira/Rocha Opções de Investimentos. Não considera valorização das ações, apenas retorno com dividendos.

Renda de R$ 3 mil com dividendos

Ação Média de dividend yield nos últimos 5 anos Patrimônio necessário para renda de R$ 3 mil mensal Tempo de investimento com aportes de R$ 500/mês com reinvestimento Tempo de investimento com aportes de R$ 1 mil/mês com reinvestimento
Syn Prop (SYNE3) 31,28% R$ 115.089 6 anos e 9 meses 4 anos e 9 meses
Marfrig (MRFG3) 11,51% R$ 312.771 17 anos e 6 meses 12 anos e 5 meses
Cemig (CMIG4) 12,19% R$ 295.324 16 anos e 6 meses 11 anos e 8 meses
Valid (VLID3) 6,90% R$ 521.739 28 anos e 9 meses 20 anos e 5 meses
CSN Mineração (CMIN3) 14,26% R$ 252.454 14 anos e 2 meses 10 anos e 1 mês
Anima (ANIM3) 3,22% R$1.118.012 61 anos 43 anos e 5 meses
Petrobras (PETR4) 26,43% R$ 136.209 7 anos e 11 meses 5 anos e 7 meses
Petrobras (PETR3) 24,83% R$ 144.986 8 anos e 5 meses 5 anos e 11 meses
BR Partners (BRBI11) 10,59% R$ 339.943 18 anos e 11 meses 13 anos e 5 meses

Fonte:  simulação Fábio Sobreira/Rocha Opções de Investimentos. Não considera valorização das ações, apenas retorno com dividendos.

Renda de R$ 5 mil com dividendos

Ação Média de dividend yield nos últimos 5 anos Patrimônio necessário para renda de R$ 5 mil mensal Tempo de investimento com aportes de R$ 500/mês com reinvestimento Tempo de investimento com aportes de R$ 1 mil/mês com reinvestimento
Syn Prop (SYNE3) 31,28% R$ 191.816 8 anos e 5 meses 6 anos e 2 meses
Marfrig (MRFG3) 11,51% R$ 521.286 21 anos e 7 meses 16 anos e 1 mês
Cemig (CMIG4) 12,19% R$ 492.207 20 anos e 5 meses 15 anos e 2 meses
Valid (VLID3) 6,90% R$ 869.565 35 anos e 6 meses 26 anos e 6 meses
CSN Mineração (CMIN3) 14,26% R$ 420.757 17 anos e 7 meses 13 anos e 1 mês
Anima (ANIM3) 3,22% R$ 1.863.354 75 anos e 3 meses 56 anos e 2 meses
Petrobras (PETR4) 26,43% R$ 227.015 9 anos e 10 meses 7 anos e 3 meses
Petrobras (PETR3) 24,83% R$ 241.643 10 anos e 5 meses 7 anos e 8 meses
BR Partners (BRBI11) 10,59% R$ 566.572 23 anos e 5 meses 17 anos e 5 meses

Fonte:  simulação Fábio Sobreira/Rocha Opções de Investimentos. Não considera valorização das ações, apenas retorno com dividendos.

Renda de R$ 10 mil com dividendos

Ação Média de dividend yield nos últimos 5 anos Patrimônio necessário para renda de R$ 10 mil mensal Tempo de investimento com aportes de R$ 500/mês com reinvestimento Tempo de investimento com aportes de R$ 1 mil/mês com reinvestimento
Syn Prop (SYNE3) 31,28% R$ 383.632 10 anos e 9 meses 8 anos e 5 meses
Marfrig (MRFG3) 11,51% R$ 1.042.572 27 anos e 6 meses 21 anos e 7 meses
Cemig (CMIG4) 12,19% R$ 984.413 26 anos 20 anos e 5 meses
Valid (VLID3) 6,90% R$ 1.739.130 45 anos e 2 meses 35 anos e 6 meses
CSN Mineração (CMIN3) 14,26% R$ 841.515 22 anos e 5 meses 17 anos e 7 meses
Anima (ANIM3) 3,22% R$ 3.726.708 95 anos e 8 meses 75 anos e 3 meses
Petrobras (PETR4) 26,43% R$ 454.029 12 anos e 6 meses 9 anos e 10 meses
Petrobras (PETR3) 24,83% R$ 483.286 13 anos e 3 meses 10 anos e 5 meses
BR Partners (BRBI11) 10,59% R$ 1.133.144 29 anos e 10 meses 23 anos e 5 meses

Fonte:  simulação Fábio Sobreira/Rocha Opções de Investimentos. Não considera valorização das ações, apenas retorno com dividendos.

Ações para viver de renda

Cemig

Entre as mais resilientes da lista está a Cemig (CMIG4), do setor elétrico, considerado perene. A firma atua em geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, com maior receita na segunda e terceira unidades de negócio.

Aurélio Sales, analista da VG Research, destaca que a receita da companhia é reajustada pela inflação, o que garante previsibilidade mesmo com juros altos. “A companhia vem implementando uma política de redução de endividamento e alongamento de prazos da dívida, o que mitiga impacto direto de eventuais altas da Selic”, diz. Com juros menores, cai o custo monetário de empréstimos e financiamentos e sobra mais para investir e pagar dividendos.

Ricardo Schweitzer, analista da RS Análise, aponta a geração de caixa resiliente da Cemig e a política de dividendos consistente. A firma costuma distribuir 50% do lucro em proventos (payout), com pagamentos semestrais e espaço para dividendos extraordinários.

Entre os riscos, Sales cita a influência política, já que o governo de Minas Gerais detém 50,97% das ações ordinárias. Não há definição ainda sobre privatização ou federalização. Schweitzer aponta ainda riscos hidrológicos na geração e no desempenho da área de comercialização.

A VG Research projeta dividend yield de 15,30% nos próximos 12 meses e indica compra até R$ 10,50. Já a Blue3 Research estima retorno de dividendos de 7,5%, com preço-teto de R$ 12.

Petrobras

Mesmo sendo uma ação mais cíclica, a Petrobras (PETR3; PETR4) se destaca para quem busca renda. Por ser exportadora, está pouco exposta à Selic e ao cenário doméstico, segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “A firma é resiliente e o petróleo pode ser visto como proteção contra a inflação. A commodity tem ciclo próprio, independente dos juros”, diz.

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Com o petróleo na faixa dos US$ 70 e tensões entre Irã e Israel, além do envolvimento dos EUA, há quem projete o barril a US$ 100 ou até US$ 150, o que favoreceria dividendos extraordinários. “Outro fator que favoreceria dividendos extras vem da necessidade do governo brasileiro de gerar receitas via estatais para atingir metas fiscais, sendo a Petrobras o principal instrumento”, afirma João Zanott, analista da EQI Research.

Zanott destaca ainda que a firma tem endividamento controlado, o que a torna menos sensível à Selic. Entre os riscos, cita a forte exposição ao preço internacional do petróleo. “Uma recessão global poderia pressionar a commodity e afetar lucros e dividendos”, diz.

Já Arbetman aponta como risco a presença do governo como sócio, com visão distinta dos objetivos do investidor minoritário, o que pode gerar interferência política, como já ocorreu no passado. Ele projeta dividendos regulares de R$ 3,35 por ação nos próximos 12 meses, dividend yield de 10% e vê o papel com potencial de valorizar até R$ 44. A EQI projeta dividend yield de 14%.

CSN Mineração

Outra ação de commodities, mas reconhecida pela robustez, é a CSN Mineração (CMIN3). Hugo Queiroz, sócio e analista da L4 Capital, ressalta que a firma se mostra resiliente a juros por ser uma exportadora, com boa parte da produção atrelada a contratos de longo prazo que protegem o caixa. “É resiliente, tem dívida negativa e investimentos baixos e os recursos para expansão são facilmente absorvidos pelo caixa”, justifica. Apesar de alguns projetos, Queiroz não prevê queda relevante nos proventos no curto prazo.

Marcos Duarte, analista e fundador da Descomplica Investimentos, destaca que a CSN Mineração manteve o payout elevado, entre 80% e 100% do lucro nos últimos anos, e desde 2022 tem dividend yield acima de 9%.

Entre os riscos, aponta a forte dependência do preço do minério de ferro e da economia chinesa, que afetam as receitas. “Atrasos em projetos como a mina Itabirite P15 ou rebaixamento das ações por bancos podem impactar negativamente”, avalia. Duarte espera dividend yield de 13% nos próximos 12 meses e recomenda compra até R$ 6,50. Já Queiroz projeta retorno de proventos entre 10% e 12%.

Small caps promissoras

Entre as ações com valor de mercado abaixo de R$ 10 bilhões, destaca-se o BR Partners (BRBI11), banco de investimentos resiliente mesmo com juros altos. Áreas como fusões, aquisições, emissões e reestruturação perdem força, mas a gestão de fortunas cresceu 63,5% nos últimos 12 meses e sustenta a lucratividade.

Jayme Simão, sócio-fundador do Hub do Investidor, diz que, com a Selic em queda, os resultados devem acelerar devido ao reaquecimento do mercado de capitais. “BR Partners é uma boa pagadora de dividendos, com baixa necessidade de reinvestimento e serviços previsíveis, o que garante dividendos consistentes mesmo em cenários desafiadores”, afirma.

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Milton Rabelo, analista da VG Research, destaca o modelo de partnership – quando sócios têm parte da remuneração via proventos – que alinha interesses de colaboradores e acionistas, além do payout elevado e dividendos extraordinários. Para 2025, o banco projeta payout entre 70% e 75%, salvo necessidade de recapitalização.

Entre os riscos, Rabelo cita estresse macroeconômico e político e queda do Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) abaixo de 20%. Ele projeta dividend yield de 9,5% para os próximos 12 meses e preço de compra até R$ 16,40.

Simão alerta para aumento de despesas administrativas (+28,9%) e baixa liquidez, mas mantém a ação atrativa para dividendos no longo prazo, com retorno de proventos esperado de 12% e preço-teto de R$ 17.

Sobre a Valid (VLID3), firma que atua em emissão de documentos, cartões e serviços de pagamento, também não sofre impacto direto dos juros altos, segundo Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research. “A companhia cria novos negócios para ampliar seu ecossistema e tem baixo endividamento, com mais caixa que dívidas, possibilitando crescimento e remuneração dos acionistas”, diz. O dividend yield projetado chega a 7%, com preço-teto de compra até R$ 27.

Olhar de cautela

Na lista, há firmas boas para valorização, mas não para dividendos, como Marfrig (MRFG3), Syn Prop (SYNE3) e Anima (ANIM3).

A Marfrig distribuiu dividendos elevados em 2024, com dividend yield de 29,21%, mas os pagamentos são irregulares: em 2020 e 2023, não houve proventos; em 2021, 2022 e 2024 passaram de 10%. Segundo Duarte, da Descomplica, endividamento alto, volatilidade do mercado de carne e riscos regulatórios, como a fusão com a BRF, afetam a previsibilidade. “Em ciclos baixos nos EUA, margens de lucro são pressionadas.” A projeção para os próximos 12 meses é de dividend yield entre 14% e 16%.

A Syn Prop tem dividendos altos, mas não recorrentes, pois depende da venda de prédios inteiros, explica Renato Reis, analista da Blue3 Research. “É uma armadilha de dividendos. Uma venda pode levar até cinco anos e os pagamentos não são previsíveis.” O formato também explica porque o dividend yield atinge níveis absurdamente elevados em alguns anos, provavelmente fruto de alguma venda pontual.

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Sobre ações com dividendos acima da Selic, Reis lembra que a Anima pagou dividendos recentemente para agradar o mercado, mas possui dívida alta. A diretoria se arrependeu e provavelmente não pagará dividendos no curto prazo, segundo comentou a analistas. “Vai dar prioridade para reduzir dívida e crescer antes de distribuir proventos”, afirma.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Katherine Rivas

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