Lição de casa feita: grupos de educação Salta e Intergraus pedem registro que dá acesso à Bolsa
O mercado de capitais ainda não reabriu para as ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), mas os grupos de educação básica já começam a se alinhar para quando os investidores voltarem à mesa.
O Grupo Salta Educação, dono do Colégio Elite e do Ábaco recebeu em meados deste mês o registro de companhia aberta categoria A na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) — o que o habilita a, entre outras coisas, emitir ações na bolsa de valores. Já o Intergraus, cursinho tradicional controlado pela Bioma Educação, protocolou na semana passada um pedido equivalente na CVM.
Não se trata de uma oferta iminente — mas de um passo necessário para quando (e se) ela vier. A categoria A é o nível mais alto de registro da CVM, exigindo transparência contábil, governança e auditoria semelhantes às das companhias listadas.
O movimento ocorre num momento de pressão por liquidez, especialmente entre os grupos que receberam aportes relevantes de private equity. O próprio Salta vendeu, no início do ano, 32% do negócio a fundos como Warburg Pincus, Atmos Capital e Mission Co. por R$ 1 bilhão. Em seguida, foi a vez do Fundo Soberano de Singapura (GIC) entrar no cap-table, adquirindo 7,4% da firma.
Com dívidas ainda elevadas e o juro real desafiador, os grupos educacionais buscam formas alternativas de financiar suas estratégias de expansão. Relatório recente do Bank of America apontou que o setor precisa ganhar escala — e vê no mercado de capitais a principal válvula de escape para isso.
Momentos distintos
Ao lado de SEB, Inspira e Eleva, o Salta faz parte da frente de consolidação no ensino básico, segmento que escapou do radar das companhias listadas na bolsa, como Cogna, Ânima e Yduqs, nos últimos anos.
A companhia faturou R$ 2,2 bilhões em 2024 e espera chegar a R$ 3 bilhões em 2025, com a abertura de mais de 40 escolas. O grupo também reportou lucro líquido de R$ 109 milhões no primeiro trimestre de 2025, com margem de 13,8%. Com o novo status regulatório, tem agora liberdade para captar recursos via bolsa ou emissão de dívida — o que pode destravar sua próxima etapa de expansão.
Do lado da Bioma, o pedido de categoria A marca uma nova fase após o turnaround que rebatizou a ex-Bahema. Depois de enxugar a operação, vender ativos e reduzir sua dívida líquida de R$ 208 milhões para R$ 30 milhões, a firma afirmou no ano passado que voltaria a olhar para aquisições.
O grupo é dono do colégio Vila, um dos principais de São Paulo, e já tem capital aberto. O Intergraus, seu principal ativo fora do portfólio premium, pode se tornar o veículo de crescimento — e eventualmente ser listado de forma independente, ou usado para levantar capital sem diluir a holding principal, hoje avaliada em cerca de R$ 120 milhões na B3.
No primeiro trimestre deste ano, a firma registrou prejuízo de R$ 17 milhões no período, apesar da melhora no lucro operacional (Ebitda) ajustado, que alcançou R$ 10,9 milhões (margem de 14%).
Procurados pelo InvestNews, Salta e Intergraus não responderam até a publicação deste texto.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Rikardy Tooge