Ibovespa renova máximas e ronda 141 mil pontos com bancos e NY; até onde ânimo irá?


O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, renovando máximas históricas com apoio dos bancos, em sessão de recordes também em Wall Street, após a divulgação de dados robustos sobre o mercado de trabalho norte-americano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,35%, a 140.927,86 pontos, novo topo de fechamento, tendo marcado 141.303,55 pontos no melhor momento – nova máxima intradia – e 139.050,93 pontos na mínima do dia. O volume monetário, porém, foi reduzido, somando R$ 16,5 bilhões, contra uma média diária de R$ 24,76 bilhões no ano.
De acordo com o chefe da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, Anderson Silva, o Ibovespa renovou recorde impulsionado por uma combinação de gatilhos externos, incluindo máximas nas bolsas em Nova York e retomada do apetite ao risco. Ele, no entanto, chamou a atenção para o volume de negociação abaixo da média histórica, o que pode indicar certa cautela por parte dos investidores.
“Ao mesmo tempo em que muitos veem como um momento ‘adequado’ para se antecipar a tomada de risco olhando um cenário mais à frente, outros estão aproveitando as altas taxas da renda fixa, o que faz com que o volume fique reduzido.”
Nos EUA, o Departamento do Trabalho divulgou a abertura de 147.000 postos de trabalho fora do setor agrícola em junho, de 144.000 empregos em maio, enquanto economistas previam 110.000 vagas. A taxa de desemprego caiu para 4,1%, contra previsão de alta para 4,3%. Em maio, a taxa ficou em 4,2%.
A notícia reduziu as apostas em um corte nos juros pelo Federal Reserve neste mês. Os juros futuros norte-americanos indicavam apenas 5% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual, abaixo dos 25% antes do relatório. Mas não minou o apetite no mercado de ações.
“Apesar da desaceleração dos números de mercado de trabalho, essa ainda parece ser gradual, mesmo com o alto nível de incerteza”, afirmaram economistas do Bradesco.
“O número de hoje traz um ‘headline’ forte, com algumas métricas subjacentes mais fracas. Para o Fed, contudo, a coletânea das informações do payroll de hoje é suficiente para mantê-lo cauteloso nos próximos meses, reforçando nossa expectativa de que os cortes de juros, se acontecerem, ocorrerão apenas no final do ano”, acrescentaram em relatório a clientes.
“A economia está forte, então as ações sobem. Isso é bom para as firmas, para o mercado de trabalho do país, para a geração de vagas”, diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

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Já para a inflação e os juros, é desfavorável, dado que os números do mercado de trabalho dos EUA tendem a elevar o consumo adverte Laatus. “E o Fed tende a ser mais cauteloso em retomar o corte dos juros”, completa o estrategista.
Os dados também derrubaram o dólar para a casa dos R$ 5,40, na mínima em mais de um ano, após início em alta. De acordo com João Daronco, analista CNPI da Suno Research, a dinâmica demonstra o fluxo que vem do investidor estrangeiro e impacta tanto a bolsa quanto o dólar. O avanço do Ibovespa evidencia também a visão de investidores sobre o momento do Brasil, mesmo com juros elevados. Para o analista, há expectativas positivas para ativos brasileiros, que seriam resilientes mesmo com Selic a 15% a.a..
“Um movimento que não tá referenciado principalmente no Brasil, é um efeito global que impacta mercados emergentes como um todo principalmente consolidado numa dólar mais fraco, então os investidores a partir das tributações do Trump começam diversificar seus investimentos diminuindo a alocação dos Estados Unidos nos seus portfólios”, afirma Daronco.
O movimento global também impacta outros índices ao redor do mundo, caso da Bolsa alemã, DAX, que terminou o semestre com a maior rentabilidade entre os principais índices globais.
Dentre os setores, Tales Barros, líder de renda variável da W1 Capital, evidencia que papéis de commodities, como o petróleo e minério de ferro, que tem um peso grande dentro da composição do Ibovespa, puxaram o índice.
Otimismo continua
A alta do Ibovespa desta quinta segue um avanço no primeiro semestre, também marcado pela maior entrada de fluxo estrangeiro para a B3. O 1S25 teve entrada de R$ 26,9 bilhões, considerando aportes em IPOs e follow-ons, melhor desempenho desde o segundo semestre de 2023 e, entre primeiros semestres, o mais robusto desde 2022, quando o saldo foi de R$ 68,75 bilhões.
A expectativa é de que o ânimo continue para o mercado brasileiro até o fim do ano, levando em conta 2 fatores que devem se materializar apenas em 2026: a expectativa por um corte de juros e, mais à frente, as eleições de 2026.
Conforme destacou Raphael “Rafi” Figueredo, estrategista de ações da XP, em relatório de estratégia, “o mercado aponta para uma janela histórica de oportunidades na Bolsa, onde setores como instituições financeiras e varejo despontam com força. Ignorar esse movimento é perder a chance de surfar a onda certa do ciclo econômico, pois o custo de permanecer superexposto na renda fixa pode ser uma armadilha que limita ganhos e potencializa o custo de oportunidade”, avalia.
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A XP mantém a estimativa de valor justo do Ibovespa para 150 mil pontos para 2025, avanço de 8% frente o fechamento do primeiro semestre.
Na última semana, em relatório revisando as suas projeções para a América Latina na segunda metade de 2025, o JPMorgan manteve exposição overweight (acima da média do mercado) para o Brasil, ressaltando que o país “é uma das histórias mais interessantes nos mercados emergentes” atualmente.
O JPMorgan traça três cenários para o Ibovespa ao fim de 2025: um base, um otimista (bull) e um pessimista (bear). O cenário-base é 145 mil pontos (potencial de alta de 7% frente o fechamento de quarta), o bull é 155 mil (upside de 15%) e o bear é 130 mil pontos (queda de 4%).
Para o UBS WM, um dos principais impulsionadores da alta tem sido o renovado interesse dos investidores internacionais, à medida que os fundos globais retornam a um mercado que continua com “valuations” atraentes. Além disso, as crescentes expectativas de uma mudança de governo em 2026 impulsionaram ainda mais o sentimento.
“Os fundamentos corporativos no Brasil permanecem sólidos, abrindo caminho para uma recuperação antecipada dos lucros em 2026. A previsão de consenso agora é de um crescimento de 8,8% nos lucros do Índice MSCI Brasil no próximo ano”, avalia o UBS BB em relatório. Conforme a instituição, a perspectiva é apoiada pela demanda doméstica resiliente, gestão disciplinada de custos e um real brasileiro mais forte, o que ajuda a controlar a inflação importada e apoia as margens de lucro.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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Autor: Lara Rizério