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61% do volume emitido no crédito privado não tem garantias; vale a pena investir?

61% do volume emitido no crédito privado não tem garantias; vale a pena investir?

O crédito privado é uma alternativa para os investidores que querem diversificar a carteira de renda fixa, adicionando mais risco — e, consequentemente, maior potencial de ganhos — e sofisticação ao portfólio. Em tempos de Selic a 15% ao ano, debêntures, CRIs e CRAs (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio) podem oferecer remunerações superiores às do Tesouro Direto, mas um fator importante pode não ser notado pelos mais inexperientes: as garantias. 

Se os títulos de crédito privado funcionam como um empréstimo dos investidores às firmas em troca da devolução acrescida de juros, o que acontece quando a companhia simplesmente não paga sua dívida? É aí que entram as garantias. 

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O XP Research analisou as emissões de crédito privado no Brasil e concluiu que 61% do volume total emitido entre janeiro de 2017 e maio de 2025 não conta com garantias. Em relatório, o time de renda fixa da casa mostrou os tipos de garantias, quais são mais seguros para os investidores e como analisar esse fator antes de investir em debêntures, CRIs e CRAs. Confira: 

Tipos de garantias no crédito privado

O conceito é simples: elas são usadas para recuperar ou limitar as perdas dos investidores em caso de calote (default). Elas só podem ser acionadas se a firma emissora do título de crédito privado não cumprir com sua obrigação de pagamento. As garantias podem ser reais, fidejussórias ou quirografárias, oferecendo níveis diferentes de proteção aos investidores.

Garantia real

São bens concretos, como imóveis, veículos, máquinas ou até valores que as firmas têm a receber oferecidos como uma forma de assegurar o pagamento da dívida. Eles passam por avaliações e recebem laudos com detalhes que constarão no contrato de garantia.

O time de renda fixa do XP Research pondera que “o valor estimado que o bem pode alcançar em uma venda judicial ou extrajudicial geralmente é menor do que o valor de mercado, pois essa transação tende a ser rápida e, portanto, feita mediante desconto”. 

Dentro das garantias reais, há a garantia fiduciária, em que o devedor transfere a propriedade do bem ao credor temporariamente, até que o empréstimo seja quitado. Uma das vantagens dessa é que o processo recebe tratamento extrajudicial, o que protege os credores de uma Recuperação Judicial e faz com que eles sejam os primeiros a receber caso a firma entre em falência. 

Garantia fidejussória

O relatório da XP explica que esse tipo de garantia é firmada por terceiros, como uma firma do mesmo grupo, um acionista da companhia ou uma instituição financeira, que atuam como fiadores ou avalistas, assumindo a responsabilidade caso o devedor não pague. 

Para a XP, essa garantia é “ relativamente mais fraca” do que uma garantia real, “pois depende da capacidade financeira e da boa-fé do avalista ou fiador”. 

Garantia quirografária

Aqui, a garantia está na capacidade financeira da firma. A XP explica que essa modalidade é, na verdade, a ausência de uma garantia específica e as emissões com esse tipo de garantia são as mais arriscadas do crédito privado, já que o investidor “entra na fila com os demais credores comuns em caso de inadimplência”. Há, ainda, as garantias quirografárias com garantia adicional, quando a emissão tem o patrimônio do devedor como principal garantia, mas também conta com uma garantia extra real ou fidejussória. 

Da teoria à prática

O último tipo de garantia é o mais comum nas emissões do mercado de crédito privado brasileiro. Segundo o levantamento do XP Research, apenas 7% do volume emitido entre janeiro de 2017 e maio de 2025 tinha garantia real. Considerando os títulos sem garantia e os que contam com garantias quirografárias, 61% do volume não foi coberto. 

Tipos de garantias (% do volume emitido em R$ entre 2017 e 2025):

Fonte: XP Research

As garantias podem ser executadas quando o emissor atrasa ou deixa de pagar os juros ou o valor principal da dívida, mas os processos podem ser lentos. Segundo a XP, a execução de garantias no Brasil tende a demorar mais de um ano, embora não haja um prazo definido. 

Os analistas também destacam que as garantias não significam a certeza de recuperação do investimento. Alguns fatores podem atrapalhar a execução, como bens com valor real inferior ao esperado, contestação do processo na justiça, contratos mal elaborados e fiadores e avalistas que também passam por dificuldades financeiras. 

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“Em geral, quanto maior o risco de crédito da firma, mais robusta tende a ser a garantia exigida pelos investidores”, enquanto “firmas com bom histórico e alta classificação de crédito costumam conseguir captar recursos mesmo com garantias mais simples — ou até mesmo sem”, escrevem os especialistas. 

A remuneração dos títulos de crédito privado são influenciadas pelas garantias, mas elas são apenas mais um fator para a formação das taxas, explica a XP. Portanto, é possível que títulos sem garantias emitidos por firmas de baixo risco paguem menos do que papéis com garantias, mas emitidos por firmas com percepção de risco maior. 

Os especialistas concluem que as garantias funcionam “como uma camada adicional de proteção, especialmente em cenários de inadimplência”, mas a decisão de investir ou não em uma debênture, CRI ou CRA “deve ser feita amparada na capacidade de relaxamento da devedora”. 

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Autor: leonardogstos

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