Três reformas poderiam mudar modelo de crescimento da China – mas há obstáculos


O Morgan Stanley avalia que a China não precisa apenas de novos estímulos econômicos, mas de um novo modelo de crescimento. Para o banco, um conjunto de três reformas estruturais pode, eventualmente, formar a base desse novo caminho: reforma do sistema fiscal, realinhamento das metas macroeconômicas e a reformulação dos critérios de avaliação dos quadros oficiais.
No entanto, o banco pondera que hábitos antigos e incentivos arraigados ainda dificultam mudanças significativas, e aponta o 15º Plano Quinquenal (2026–2030) como o verdadeiro teste para a disposição de Pequim em abandonar práticas que pretende superar.

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Segundo o relatório, essas três alavancas já haviam sido apresentadas no Terceiro Plenário de julho de 2024, mas sua reaparição recente — inclusive reforçada em artigo da Qiushi, principal publicação de políticas do Partido — indica uma nova sensação de urgência por parte da liderança chinesa.
Para o Morgan Stanley, a reforma fiscal é a base de qualquer transformação estrutural, uma vez que o atual sistema tributário chinês, fortemente dependente de impostos indiretos como o IVA, recompensa o volume de produção e, com isso, perpetua o excesso de investimentos e capacidade produtiva. Sem mudanças na forma como os governos locais são financiados, a avaliação é de que eles continuarão adotando políticas de estímulo pelo lado da oferta, independentemente das diretrizes de Pequim.
O banco destaca ainda a necessidade de realinhar as metas macroeconômicas. Ao longo dos anos, as metas chinesas têm se concentrado na produção e no PIB, com pouca ênfase em consumo das famílias e bem-estar social. Para o Morgan Stanley, mudar o foco das políticas públicas da oferta para a demanda é um passo essencial para o reequilíbrio econômico.
Outro ponto de atenção é o sistema estatístico e o modelo de avaliação de desempenho de autoridades locais. O Morgan Stanley observa que o atual mecanismo de apuração do PIB dá prioridade à produção, enquanto os dados de consumo são divulgados com menor frequência e peso. Se os funcionários continuarem sendo promovidos com base em métricas ligadas a investimento e produção, qualquer mudança será superficial. Para que a transformação seja efetiva, o banco considera necessário atrelar as promoções a indicadores como consumo das famílias, crescimento da renda e qualidade ambiental.
Apesar da retomada das discussões sobre reformas, o Morgan Stanley adota uma visão cautelosa. Segundo o banco, embora os sinais sejam positivos, a dependência de estratégias baseadas na oferta continua forte tanto nos governos locais quanto no nível central. Mesmo o discurso sobre “novas forças produtivas” frequentemente se traduz em campanhas de política industrial e novos ciclos de investimento.
O banco lembra que episódios anteriores — em 2013, 2020 e 2024 — também trouxeram ambições genuínas de transformação, mas esbarraram na repetição de ferramentas já conhecidas. O desafio, segundo a análise, não está na falta de ideias, mas sim na resistência institucional à mudança.
Na visão do Morgan Stanley, o 15º Plano Quinquenal será determinante. Se metas como “consumo como percentual do PIB” forem adotadas como indicadores centrais, isso pode sinalizar uma mudança concreta na definição de sucesso econômico. A consolidação das reformas — como o reequilíbrio fiscal, a nova abordagem ao PIB e a reformulação dos critérios de promoção — dependerá da capacidade de articulação política e administrativa de Pequim.
O Morgan avalia que o conjunto de reformas proposto é conceitualmente sólido e bem alinhado às necessidades de longo prazo da China. O tom atual é mais claro e o direcionamento, mais coerente. Por outro lado, a ausência de cronogramas, mecanismos de aplicação e um plano concreto de redistribuição fiscal (com foco em redes de proteção social) ainda mantém uma lacuna significativa entre diagnóstico e implementação.
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Autor: Felipe Moreira