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Petroleiras vão pagar dividendos extraordinários em 2025? Veja como ganhar até 18% de yield

A pressão sobre o petróleo aumentou desde o início da guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em abril, diante do conflito entre Israel e Irã e o risco de fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa quase 20% do produto comercializado no mundo. Analistas do mercado monetário projetam preços médios entre US$ 60 e US$ 72 neste ano, salvo novo conflito geopolítico. E agora surge a dúvida: acabou a festa dos dividendos extraordinários das petroleiras em 2025 ou ainda há esperança?

Nas últimas semanas de junho, os preços do petróleo oscilaram fortemente. Entre os dias 13 e 23 do mês, a commodity ultrapassou US$ 75 em meio aos ataques no Oriente Médio. Especialistas chegaram a projetar o barril do tipo brent entre US$ 100 e US$ 150, mas o petróleo não se abalou por muito tempo. A partir de 24 de junho, com o cessar-fogo da guerra, a commodity devolveu os ganhos e fechou o mês em US$ 67,61, patamar semelhante ao registrado antes do conflito, para tristeza dos analistas que já sonhavam com resultados robustos das companhias do setor neste ano.

De um lado, os estoques dos Estados Unidos estão baixos e podem elevar a demanda. Até Trump já disse que está aguardando o momento certo para recompor a reserva estratégica de petróleo. Do outro, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) pode aumentar a produção em agosto, pressionando os preços para baixo. A volatilidade, portanto, ainda pode continuar.

O que os analistas esperam do petróleo Brent?

As projeções para o petróleo em 2025 são variadas, mas o consenso é de estabilidade. A Ágora Investimentos e a Terra Investimentos esperam o brent acima de US$ 65, podendo chegar a US$ 72. “É um patamar que reflete a cautela do mercado e o equilíbrio entre oferta e demanda, com oscilações pela volatilidade geopolítica”, diz Regis Chinchila, head de research da Terra.

Ativa Investimentos e Genial adotam visão mais cautelosa, projetando o petróleo entre US$ 60 e US$ 70. “O mercado monetário ainda vai expurgar o prêmio de risco do brent, com espaço para cair abaixo de US$ 65. Isso só mudaria com retaliação do Irã ou novo conflito geopolítico”, afirma Vitor Sousa, analista de petróleo da Genial.

Há também os mais otimistas, como Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital, que projeta o petróleo brent entre US$ 70 e US$ 90 em 2025. Ele acredita que a retomada do interesse global por combustíveis fósseis, em detrimento da descarbonização, deve impulsionar a demanda acima da oferta nos próximos 6 a 12 meses, sustentando preços mais altos.

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Queiroz destaca ainda que, mesmo com esforços para elevar a produção global, aumentos realmente significativos levam de quatro a oito anos para se concretizar, o que abriria espaço para o petróleo seguir valorizado.

Quem apanhou mais: o petróleo ou as petroleiras?

Ativo Variação acumulada em 2025 Variação a partir de 13/06 (início do conflito Israel Irã) Variação a partir de 23/06 (cessar-fogo Israel Irã)
Petróleo Brent -10,28% -3,78% -5,36%
Brava (BRAV3) -26,02% -15% -12,34%
Petrobras (PETR3) -9,03% -0,47% -2,32%
Petrobras (PETR4) -8,51% -1,17% -1,94%
Petrorecôncavo (RECV3) -5,99% -5,41% -7,07%
Prio (PRIO3) 5,60% -1,90% -1,97%

Fonte: Levantamento TradeMap, com B3 e Investing. Dados até 30/06/2025

Cenários para o petróleo: pessimista, base e otimista

Os economistas da Allianz Research traçam três possíveis cenários para o petróleo nos próximos meses. No cenário-base, com 65% de probabilidade, o cessar-fogo reduziu as tensões, mas o acordo de longo prazo entre Israel e Irã ainda é incerto. Nesse caso, o petróleo deve se manter por volta de US$ 68 o barril.

No cenário otimista, com 20% de chance, os preços cairiam 3%, chegando a US$ 66 em 2025 e US$ 64 em 2026, sinalizando que a commodity já estaria próxima do piso. Já no cenário pessimista, com 10% de probabilidade, o petróleo poderia subir até 60%, alcançando US$ 120 em 2025 e US$ 90 em 2026, caso o conflito retome e volte a atingir o Estreito de Ormuz.

Com tantas incertezas, Ricardo França, analista da Ágora, avalia que o investidor pessoa física encontra dificuldades para acompanhar a volatilidade da commodity e tomar boas decisões no curto prazo, principalmente pela ausência de ferramentas adequadas de gestão de risco. “Com a volatilidade alta é difícil prever movimentos e operar petróleo em função das discussões geopolíticas”, comenta.

Nas ações de petroleiras listadas na B3, um petróleo valorizado e um dólar forte são positivos, favorecendo resultados robustos e dividendos extraordinários. “Mas quando o petróleo corrige o preço e há uma desvalorização do dólar, isso se torna um cenário ruim”, conclui França. O momento atual reflete esse segundo cenário.

Petrobras pode pagar dividendos extraordinários em 2025?

Com o barril do tipo brent ainda próximo dos US$ 65, o pagamento de dividendos extraordinários pelas petroleiras brasileiras fica limitado, segundo Lucas Lima, analista-chefe da VG Research. Com exceção da Petrobras (PETR3; PETR4), as demais companhias têm custo de produção entre US$ 45 e US$ 55 por barril. “Com esse patamar do brent, a geração de caixa não será tão forte”, afirma.

Entre os analistas ouvidos pelo E-Investidor, a Petrobras é vista como a única com chances reais de anunciar dividendos extraordinários em 2025. Além da VG, Genial, Ativa e Ágora concordam. A estatal tem custo por barril próximo de US$ 35, desde que tenha 65% de capex (recursos para investimento produtivo), segundo Lima.

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A queda do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) reforça a busca do governo por novas fontes de arrecadação. “Os dividendos pagos pela Petrobras podem ajudar os cofres públicos”, diz Lima. O governo já sinalizou que não descarta essa possibilidade.

O Santander, no entanto, vê risco de que a estatal precise se endividar mais para pagar dividendos extraordinários, comprometendo sua alavancagem. A discussão deve avançar nos próximos meses.

Lima discorda. Para ele, os fundamentos da Petrobras não seriam afetados, apenas a percepção de governança. “É melhor pagar dividendos extraordinários do que o governo recorrer a aumento de royalties. Pelo menos o minoritário também ganha”, afirma. Ainda assim, ele ressalta: abaixo de US$ 60 o barril, não há espaço para dividendos adicionais. A partir de US$ 65, o governo pode pressionar.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, lembra que a definição costuma vir no plano de negócios da Petrobras, divulgado em novembro. No plano 2025–2029, a estatal separou entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões para distribuições adicionais e já usou US$ 3,4 bilhões. “Na banda máxima, restariam US$ 6,5 bilhões para quatro anos, em torno a US$ 1,5 bilhão por ano. E na mínima, US$ 400 milhões por ano”, estima.

Para ele, a firma pode pagar dividendos extraordinários sem comprometer fundamentos, desde que corte parte dos investimentos não essenciais. “Essa equação só ficará clara no novo plano estratégico. Até lá, analistas seguirão divididos, alguns vão achar que vai ter extraordinário, outros não”, afirma e reforça que o cenário atual não é favorável para esses pagamentos.

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Sousa, da Genial, acrescenta que, com o petróleo acima de US$ 70, o pagamento fica mais viável. “A Petrobras até poderia tomar dívida, mas isso pode pegar mal”, diz. Ainda assim, vê valor na ação: firma madura, geradora de caixa e com potencial exploratório na Margem Equatorial.

Petrobras (PETR4)

Pode pagar dividendo extraordinário em 2025? Dividend yield projetado próximos 12 meses (regulares) Dividend yield projetado próximos 12 meses (com extraordinários) Recomendação Preço-teto Preço-Alvo 2025 Quem indica
Sim 12% 15% Manter ou neutro R$ 48 Genial Investimentos
Sim 10,70% —- Manter ou neutro R$ 44 Ativa Investimentos
Sim 12% 15% Compra —- R$ 42 Ágora Investimentos
Não 12% até 15% —- Manter ou neutro —- R$ 30 L4 Capital
Não 10% —- Compra R$ 38 R$ 45 Terra Investimentos
Sim 14% 18% Compra R$ 42,84 —- VG Research

Fonte: Levantamento E-Investidor com analistas

Petroleiras que dividem analistas: entre risco e rentabilidade

Fora a Petrobras, a Petrorecôncavo (RECV3) também atrai atenção dos analistas, que divergem sobre seu potencial de pagar dividendos extraordinários. Mesmo sem eles, o retorno em dividendos (dividend yield) pode chegar a 17% nos próximos 12 meses.

A companhia atua onshore, com terminais de petróleo e gás em terra, e trabalha com campos maduros, alguns adquiridos da Petrobras. Desde 2024, com menos investimentos e aquisições no radar, passou a se destacar como boa pagadora de dividendos, com dividend yield de até 12,67% no ano passado, sendo a sétima maior pagadora da Bolsa de Valores.

Para Sousa, da Genial, a firma é madura, tem produção de petróleo estável, forte geração de caixa e endividamento muito baixo, o que deixaria espaço até para se alavancar e pagar dividendos extraordinários.

Já Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research, discorda dessa estratégia. Ele ressalta que a companhia ainda investe em programas de redesenvolvimento e revitalização dos campos, além de novas perfurações, com planos de aumentar a produção em 50% nos próximos anos. “Além de pagar dividendos, vão precisar investir. O ordinário já é satisfatório. Não  faz sentido pagar dividendos extraordinários em um cenário estressado. Eles poderiam pagar, mas não vão”, avalia.

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Lima, da VG, alerta que a firma não possui política formal de proventos em seu estatuto. Se voltar a investir via fusões e aquisições, os dividendos podem diminuir, já que não há compromisso formal com a distribuição.

Petrorecôncavo (RECV3)

Pode pagar dividendo extraordinário em 2025? Dividend yield projetado próximos 12 meses  (regulares) Dividend yield projetado próximos 12 meses (com extraordinários) Recomendação Preço-teto Preço-Alvo 2025 Quem indica
Sim, mas bem limitado 12% —- Manter ou neutro —- R$ 23 Genial Investimentos
Não 9% —- Compra —- R$ 20 Ágora Investimentos
Não 10,70% —- Compra R$ 19 —- Nord Research
Sim 10% até 15% 17% Compra —- R$ 18 L4 Capital
Não 11% até 15% Compra R$ 21,60 —- VG Research

Fonte: Levantamento E-Investidor com analistas

As petroleiras que não devem pagar proventos extraordinários

Entre as petroleiras menores, o pagamento de dividendos extraordinários fica ainda mais improvável, já que são firmas focadas no crescimento e na valorização das ações. Caso de Brava (BRAV3) e Prio (PRIO3).

Sobre a Prio, os analistas consultados descartam dividendos extraordinários, com dividend yield estimado em até 5% nos próximos 12 meses.

Em Brava, Queiroz, da L4 Capital, é o único que vê possibilidade de proventos regulares de até 5% e extraordinários de até 10%. Para isso, no entanto, a firma precisaria alongar o pagamento de dívidas e manter uma produção acima de 100 mil barris por dia de forma recorrente. Atualmente, até maio, a produção era de 88 mil barris, segundo Queiroz.

“Para quem busca crescimento e investimento de longo prazo, prefiro a Brava entre as petroleiras. Mas para dividendos, Petrobras e Petrorecôncavo são boas possibilidades”, afirma ele.

Brava (BRAV3)

Pode pagar dividendo extraordinário em 2025? Dividend yield projetado próximos 12 meses regulares Dividend yield
projetado próximos 12 meses extraordinários
Recomendação Preço-teto Preço-Alvo 2025 Quem indica
Sim 3% até 5% 10% Compra —- R$ 55 L4 Capital
Não —- —- Compra R$ 28 R$ 32 Terra Investimentos

Fonte: Levantamento E-Investidor com analistas

Prio (PRIO3)

Pode pagar dividendo extraordinário em 2025? Dividend yield projetado próximos 12 meses regulares Dividend yield projetado próximos 12 meses extraordinários Recomendação Preço-teto Preço-Alvo 2025 Quem indica
Não 3% até 5% —– Compra R$ 65 L4 Capital
Não —- —– Compra R$ 55 R$ 58 Terra Investimentos

Fonte: Levantamento E-Investidor com analistas

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Katherine Rivas

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