Fundos têm resgate líquido de R$ 37,8 bi no 1º semestre; multimercados lideram perdas


O primeiro semestre de 2025 foi o segundo pior dos últimos cinco anos para os fundos de investimento em termos de captação, superando apenas 2023. Nos primeiros seis meses deste ano, houve resgate líquido de R$ 37,8 bilhões. No mesmo período do ano passado, houve captação de R$ 107,1 bilhões. O resultado acontece apesar da recuperação em junho, quando os fundos captaram R$ 13,6 bilhões.
A renda fixa segue como a classe de melhor desempenho, com saldo positivo de R$ 59,4 bilhões. Ao mesmo tempo, os multimercados continuam com resgates relevantes, que geram saldo negativo de R$ 78,9 bilhões entre investimentos e resgates no ano até junho. Os fundos de ações somam o segundo maior volume de resgate líquido: R$ 43,6 bilhões. Já os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) seguem captando e têm saldo positivo de R$ 20,8 bilhões no ano, seguidos pelos FIPs (Fundos de Investimento em Participações), com captação líquida de R$ 9,9 bilhões.
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Os dados foram divulgados nesta terça-feira (8) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados monetário e de Capitais). Pedro Rudge, diretor da instituição, chama atenção para a volatilidade na indústria: “há um movimento um tanto quanto errático nas captações líquidas, é difícil ter uma visão clara do que está acontecendo e do que explica um mês positivo e outro negativo”.
Multimercados vão se recuperar?
O ritmo de resgates nos fundos multimercados segue parecido com o observado no ano passado. Neste primeiro semestre, os resgates líquidos somaram R$ 78,9 bilhões, ante R$ 80,8 bilhões em 2024. Com isto, o patrimônio líquido do segmento encolheu de R$ 1,7 trilhão em julho do ano passado para R$ 1,5 trilhão no fechamento de julho de 2025. O número de contas que investem nesses fundos caiu 7,5% no mesmo período, enquanto o número de fundos recuou de 12.865 para 12.096.
Pedro Rudge pondera que a tributação de fundos fechados “contaminou” os números da categoria: “tem o componente de transformação de exclusivos transformados em fundos de acoes, FIDCs e fundos de previdência”. Ele ainda destaca uma recuperação na performance dos multimercados no primeiro semestre: o segmento long and short neutro entregou rentabilidade de 12,6%, enquanto os fundos de capital protegido retornaram 8% aos investidores. Os dinâmicos ficaram levemente acima do CDI — 6,5% ante 6,4% da taxa de referencia — e os fundos de capital protegido tiveram rentabilidade acumulada de apenas 3,8%.
Com os juros altos, outros ativos mais conservadores e rentabilidade “interessante” se apresentam como alternativas, o que ajuda a explicar a falta de apetite por esses fundos nos últimos três anos, segundo o diretor da Anbima. Ele ainda fala sobre um movimento de consolidação dos participantes que seguem no mercado: “com o segmento diminuindo, temos visto movimentação entre gestores, assumindo times de gestoras menores ou adotando novas estratégias”. Para Rudge, “a classe é muito interessante para o investidor” pelo potencial de diversificação e pode voltar a crescer quando o mercado passar a antecipar um movimento de queda nos juros.
PL da renda fixa atinge R$ 4 trilhões
Apesar da redução na captação na comparação com o primeiro semestre do ano passado (R$ 59,4 bi neste ano ante R$ 199,6 bi em 2024), os fundos de renda fixa seguem atraindo os maiores volumes de investimento e alcançaram patrimônio líquido (PL) de R$ 4 trilhões em junho, alta de 11,1% na comparação com o mesmo mês de 2024.
A redução no ritmo de captação da renda fixa pode ser explicada pelo resgate de R$ 12,6 bilhões nos fundos de crédito privado entre janeiro e maio, movimento que pode ser explicado pela redução dos prêmios na comparação com os títulos públicos, trazendo “rentabilidade um pouco mais desafiadora’, como define Rudge.
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Mesmo com os resgates recentes, o diretor da Anbima destaca o ganho de relevância dos fundos de crédito privado, que eram 1.664 em maio do ano passado — 5% da industria — e, em maio deste ano, representavam 7% da indústria, com 2.313 fundos. No patrimônio líquido, a representatividade também cresceu: de 10% do total da industria em maio de 2024 — R$ 927,7 bilhões — para 13% em maio deste ano, com R$ 1,28 trilhão de PL.
Os dados da Anbima ainda mostram uma preferência crescente pelos fundos que concentram pelo menos 50% do patrimônio em títulos de crédito privado: no ano passado, eles tinham 61% do patrimônio líquido dos fundos de crédito privado; neste ano, a concentração é de 65%.
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Autor: leonardogstos