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Por que o Brasil Deveria Parar de Produzir Notas de R$100,00 e R$200,00

Com o avanço da tecnologia e a ampliação do acesso aos serviços bancários, o uso do dinheiro físico tem diminuído gradualmente. Países como Dinamarca e Suécia já permitem que estabelecimentos recusem pagamentos em dinheiro, e no Brasil, o Projeto de Lei 4068/2020 está em análise na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, com a proposta de eliminar o papel-moeda. No entanto, por que deveríamos continuar produzindo notas de alto valor como as de R$100,00 e R$200,00?

Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Locomotiva em parceria com o Banco24Horas em 2022 entrevistou 2.004 pessoas em todo o país, revelando que 73% das pessoas das classes A e B não utilizam mais dinheiro em espécie. Considerando a amostra total, 56% dos brasileiros já abandonaram o dinheiro físico como principal meio de pagamento. Os principais motivos para continuar utilizando dinheiro em espécie incluem a obtenção de descontos, negociação de preços, praticidade, controle de gastos e ausência de taxas.

Quando falamos sobre controle de gastos, não nos referimos apenas às pessoas que ajustam seu planejamento financeiro para economizar, mas também àquelas que têm dificuldade em controlar seus gastos de forma responsável. O endividamento das famílias brasileiras atingiu 77,9% em 2022, de acordo com dados da Pesquisa de Endividamento das Famílias na Região Metropolitana de São Paulo, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FECOMERCIO/SP). Além disso, uma pesquisa da CNDL/SPC Brasil em 2023 revelou que 30% dos brasileiros não fazem nenhum tipo de planejamento financeiro.

Outro aspecto a considerar é a questão da segurança. Em locais como as praias do Rio de Janeiro, o uso de PIX e cartões de crédito pode representar um risco maior de segurança. Se um celular desbloqueado ou um cartão de crédito for roubado, os criminosos podem utilizar esses dispositivos para realizar transações exorbitantes, causando prejuízos de milhares de reais à vítima. Essa situação levou à adoção do hábito de ter um segundo celular para ser roubado, evitando assim danos financeiros ainda maiores.

A necessidade de produzir notas de alto valor está relacionada principalmente à rápida desvalorização da moeda ou ao transporte de grandes quantias em volumes menores. Recentemente, a Argentina lançou uma nota de 20.000 pesos equivalente a US$ 23,74 devido à sua alta inflação de 211% no ano de 2023. No entanto, a necessidade de transportar grandes quantias em dinheiro físico está ligada diretamente à ilegalidade, pois aqueles que precisam ocultar suas transações financeiras podem usar o dinheiro em espécie para evitar detecção. Isso é evidenciado por casos de políticos pegos com grandes somas de dinheiro em esquemas ilegais como no esquema do mensalão.

Portanto, ao invés de extinguir completamente o dinheiro em espécie como em países de primeiro mundo, o Brasil poderia considerar restringir a produção de notas de alto valor, mantendo apenas as de 2, 5, 10, 20 e 50 reais. Isso permitiria que os consumidores limitassem a quantidade de dinheiro que carregam em locais perigosos, ajudaria pessoas com dificuldade de controle financeiro e também seria útil para crianças em processo de aprendizado sobre responsabilidade financeira.

Vinícius Funaro

Formado em Administração de Empresas pela ESPM/SP em 2009, ocupo a posição de Líder Comercial em um escritório de assessoria de investimentos, onde desempenho um papel crucial na orientação e liderança da equipe. Meu foco principal é no relacionamento e prospecção de clientes que buscam investir seus recursos de maneira confortável e alinhada ao seu perfil de risco.

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