O que muda ao investir em fundos imobiliários com a piora da Selic terminal em 2024?
Como a piora da projeção da Selic afeta investimentos em FII? Foto: Freepik
A revisão das projeções para a taxa básica de juros, a Selic, deve provocar um ajuste de rota para o investidor de fundos imobiliários. À medida em que há incerteza sobre o patamar da taxa de juros para o final deste ano, gestores e analistas de mercado veem mais investidores interessados em voltar para os FIIs de CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários).
Isso porque, segundo os especialistas, essa classe de ativos tende a oferecer dividendos mais altos em relação aos FIIs de tijolo. Além disso, os ativos de tijolo devem ter seus rendimentos limitados, dado que há expectativa de que o Banco Central reduza a amplitude dos cortes da Selic.
No início do ano, o mercado aguardava que a Selic fechasse 2024 próximo de 9%. A expectativa tinha como base o Boletim Focus. Desde janeiro, porém, a estimativa dos economistas consultados pela pesquisa do BC piorou. Hoje, a taxa terminal estimada está em 9,50%.
Para especialistas, a revisão altista da Selic reforça uma tese de investimento comprovada por gestores da Faria Lima: o carrego (retornos esperados) dos fundos imobiliários de papel em comparação com os de tijolo. Os FIIs de papel ganharam destaque em 2022 pelo rendimento alto em meio a uma taxa de juro de 13,75%.
Ao investir em fundos imobiliários, especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira explicam que o cotista deve considerar a resiliência dos fundos de papel no ano. A classe de ativos deve se destacar por manter uma distribuição de dividendos por cota, ou dividend yield, alta.
E pagando ainda mais que os fundos de tijolo.
Esta é a avaliação de Eliane Texeira, economista-chefe da Cy Capital. Quando o juros sobem os fundos tendem a ir mal, segundo a especialista, mas os fundos de papel se beneficiam. Isso porque o crédito dentro da carteira ou é atrelado aos juros ou à inflação.
“FIIs de papel devem ter distribuição de dividendos maior, e por isso eles se tornam mais atrativos”, diz Eliane. Mesmo assim, ela reconhece que os proventos podem sofrer com a queda dos juros em 2024.
“A queda esperada da Selic e mais uma deflação que estamos observando vai levar a uma queda de distribuição de dividendos. Mas a isenção (de Imposto de Renda) ainda torna eles atrativos”, comenta.
O gráfico abaixo compara o rendimento dos FIIs de papel com os do Tesouro Prefixado, de março de 2014 a março de 2024. A partir de março de 2021, quando o Banco Central começou a subir a taxa básica de juros para combater a inflação no Brasil, o rendimento dos FIIS de papel superam consistentemente o dos títulos prefixados do Tesouro.
Apesar da boa largada dos fundos imobiliários de tijolo no primeiro trimestre de 2023, incertezas acerca da Selic terminal tende a pesar mais sobre o retorno desta classe de FII.
Investir em fundos imobiliários de tijolo incorre em “riscos mais claros”, avali