Na véspera do Copom, Sara Delfim, da Dhalia, aponta ações de empresas para momentos de incerteza
Na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) volta a se reunir para definir a taxa de juros Selic para os próximos 45 dias, umas das principais gestoras de ações do Brasil, Sara Delfim, da Dhalia Capital, explica que, apesar das incertezas, existem estratégias – e oportunidades – para alocar em papeis de empresas no Brasil. Isso, seja qual for o caminho adotado pela autoridade monetária.
Responsável pelo Dhalia Total Return, multimercado com 13 mil cotistas e com foco em ações de empresas, ela conta que existem empresas que podem sofrer reflexos da política do BC no curto prazo. Mas, no longo prazo, passam bem por esses períodos turbulentos.
São as chamadas “boas empresas” de “setores defensivos”, que ela resume em entrevista ao PodInvestir, podcast original da Inteligência Financeira.
“O que é boa empresa? Primeiro, tem que ter uma governança boa, tem que ter um business bom. Ela tem que ter vantagens competitivas”, diz a gestora.
“Na carteira específica de Brasil, obviamente você pode migrar um pouco para setores ou empresas um pouco mais defensivas”, ela afirma.
Sara explica que quando o cenário muda, a estratégia precisa acompanhar o momento. “Quando você está mais otimista, você vai para aquelas empresas que tem, provavelmente, mais taxa de crescimento, mas obviamente tem mais risco embutido”, diz.
Por empresas defensivas, Sara Delfim afirma gostar, principalmente, de empresas de energia elétrica. “Quando a gente pensa no setor elétrico, todo mundo consome com PIB a 3% ou com PIB a 2% (ao ano). Consegue ter uma previsibilidade melhor do lucro daquelas empresas. E o investidor gosta de previsibilidade no momento de indefinição do cenário macro”, ela diz.
Assim, um exemplo de boa empresa no setor, segundo a gestora da Dhalia, é a Eletrobras (ELET3). Segundo ela, por ter sido uma companhia que recentemente foi privatizada, a Eletrobras “tem muito mato alto para cortar”, diz. “Tem muita eficiência, muita produtividade para ser extraída dali”, explica.
Em meio ao frenesi por títulos de dívidas, Sara Delfim se apropria de um indicador das debêntures para medir o resultado esperado da Eletrobrás. “Não vou nem falar em PI e outras métricas de valuation, porque hoje a nova métrica no mercado brasileiro é IPCA+”, diz.
“Quando você vê esse frenesi de demanda das pessoas procurando debêntures, pagando IPCA + 7%, IPCA + 8%, a ação da Eletrobrás, hoje, está pagando IPCA + 15%”, destaca.
Além da Eletrobrás, existem outras empresa que Sara Delfim julga com espaço para avançar.
Assim, no setor de energia, ela gosta de Equatorial (EQTL3), que conta ter perspectiva de alcançar IPCA + 10%. Em outros setores, a gestora gosta da empresa de locação de automóveis Localiza (RENT3), com perspectiva de IPCA + 12%. E a operadora de containers Santos Brasil (STPB3), com IPCA + 8%.
“O que significa tudo isso? Que a bolsa está barata por