7 ações que pagam dividendos acima da Selic a 10,75%
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano nesta quarta-feira (18). Mesmo com os juros em patamar mais elevado, que, em tese, beneficiam a renda fixa, algumas firmas listadas no Ibovespa continuam a pagar dividendos acima da Selic.
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Por isso, o E-Investidor encomendou um levantamento da Economatica sobre as ações do Ibovespa que pagam dividendos acima da Selic de 10,75% ao ano.
A Petrobras (PETR3; PETR4) lidera o ranking com as ações preferenciais (PETR4) em primeiro lugar, com um pagamento de 19,28% em dividendos nos últimos 12 meses. Já as ações ordinárias da companhia (PETR3) estão com o segundo lugar no ranking, com o pagamento de 17,5% em dividendos.
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A terceira ação do Ibovespa que mais paga dividendos é a Cemig (CMIG4). A companhia depositou cerca de 16,3% do seu valor de mercado no Bolso do investidor. A quarta colocada foi a Auren (AURE3), que depositou 13,63% do valor do em proventos para o seu investidor.
A lista segue com CSN (CSNA3) com 12,11%, CSN Mineração (CMIN3) pagando 12,01% e Caixa Seguridade (CXSE3) depositando 11,7% do seu valor de mercado para os investidores nos últimos 12 meses.
Petrobras deve continuar como a maior pagadora de dividendos?
Os últimos 12 meses dessas firmas foram positivos para o investidor, visto que elas pagaram dividendos acima da Selic de 10,75%. No entanto, essa premissa deve continuar nos próximos 12 meses? Para a Petrobras, as perspectivas são de otimismo.
A Ágora Investimentos classifica o papel como sua TopPick, que é equivalente à favorita do setor. Os analistas recomendam compra para as ações preferenciais da firma com preço-alvo de R$ 48,00 para o fim de 2025, uma potencial alta de 29,58% na comparação com o fechamento de terça-feira (17), quando a ação encerrou o pregão a R$ 37,04. A estimativa dos analistas para os dividendos da petroleira é de um pagamento de 14,1% do valor de mercado da firma para 2025.
Ou seja, na visão da Ágora Investimentos, o pagamento de proventos da Petrobras tende a diminuir de 19,28% dos últimos 12 meses para 14,10% no próximo ano, uma queda de 5,18 pontos porcentuais. No entanto, a petroleira deve continuar pagando dividendos acima da Selic. As projeções foram feitas após a companhia divulgar o balanço do segundo trimestre de 2024.
“Vemos a Petrobras negociada a 2,8 vezes o múltiplo EV/EBITDA para 2025, com um desconto de 30% em relação aos pares globais. Os principais riscos são: a queda drástica dos preços do petróleo, o que eliminaria o carrego mediante dividendos, e fusões e aquisições excessivamente grandes, que também retirariam fundos do bolso dos dividendos”, apontam Vicente Falanga do Bradesco BBI e Ricardo França da Ágora Investimentos, que assinam o relatório em conjunto.
Governo federal também conta com dividendos da Petrobras
Já a equipe do BTG Pactual lembra que, no começo de setembro, o governo federal anunciou que espera receber R$ 14,6 bilhões em dividendos da Petrobras em 2025. Os analistas lembram que esse valor é referente à participação direta de 28,7% do governo, excluindo BNDES e BNDESpar.
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Os analistas do banco comentam que, se o investidor transformar essa fatia de 28,7%, que é equivalente a R$ 14,6 bilhões, para 100%, o valor total de dividendos a serem pagos pela Petrobras em 2025 tende a ser de R$ 50,9 bilhões.
O número é 7% acima do esperado pelo banco, que era de um dividendo total de R$ 47,6 bilhões. Os analistas comentam que, embora se possa argumentar que os dividendos implícitos não são tão maiores que o esperado, a conclusão positiva do anúncio foi mais na mensagem qualitativa que ele envia do que no tamanho da distribuição em si.
“Nos últimos meses, houve um barulho considerável em torno deste tópico. Então, embora não tenhamos visto grandes riscos vinculados à distribuição ordinária, sua inclusão no orçamento ajuda a reduzir o risco percebido ao mesmo tempo, em que reitera a racionalidade do Ministério da Fazenda”, destacam Pedro Soares, Henrique Pérez e Thiago Duarte, que assina o relatório do BTG.
Sendo assim, a equipe do BTG Pactual calcula para a Petrobras um pagamento de 9,1% do valor de sua ação em proventos em 2025. No acumulado de 2024, a estimativa é de um pagamento de 14,3% do preço de mercado da companhia.
Com base nessas estimativas, os analistas do BTG recomendam compra para as ações da Petrobras negociadas em Nova York como American Depositary Receipts (ADR). O preço-alvo é de US$ 19 para os próximos 12 meses, uma potencial alta de 28,9% na comparação com o fechamento de terça-feira (17), quando a ação encerrou o pregão a US$ 14,74.
A equipe do Santander também está otimista com a Petrobras. Os analistas comentam que a firma está sendo negociada a múltiplos atraentes, com o preço atual com um desconto de 25% em relação à média histórica da firma. Já o pagamento dos proventos, os analistas estimam que a companhia deve pagar 11,8% do seu valor de mercado em dividendos em 2025 e 12,1% em 2026.
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“O pagamento de dividendos da Petrobras está acima da média das principais firmas globais, as quais pagam cerca de 10% do seu valor de mercado por ano”, relatam Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, que assinam o relatório do Santander. Com isso, os especialistas têm recomendação de compra para a Petrobras com preço-alvo de R$ 54, uma potencial alta de 45,12% na comparação com o fechamento de terça-feira (17).
Cemig (CMIG4) deve pagar dividendos acima da Selic?
Se o consenso aponta que a Petrobras deve pagar dividendos acima da Selic de 10,75% ao ano. Essa não é a mesma perspectiva para a próxima da lista, a Cemig. Nenhuma das três casas consultadas pela reportagem estima que a Cemig deve pagar dividendos acima da Selic nos próximos 12 meses ou ao longo de 2025.
A Ágora Investimentos calcula que a ação da companhia deve pagar cerca de 9,4% do seu valor de mercado em dividendos nos próximos 12 meses. A recomendação da corretora para as ações é neutra, com preço-alvo de R$ 14, uma alta de 19,45% em relação ao fechamento de terça-feira (17), dia em que o papel terminou o pregão a R$ 11,72.
No relatório mais recente disponível no site da corretora, os analistas comentam que um dos pontos negativos é que a tão sonhada e prometida privatização da firma ficou para trás. E até a própria federalização é algo difícil de acontecer.
“A federalização da Cemig parece improvável, ou pelo menos muito difícil de executar, segundo avaliação do próprio Ministério da Fazenda. Já um possível retorno das discussões sobre privatização, por outro lado, não é um cenário que consideramos por enquanto”, argumentam Francisco Navarrete, do Bradesco BBI, e Ricardo França, da Ágora Investimentos, em relatório conjunto.
Já os especialistas do BTG comentam que a firma apresentou resultados fracos no segmento de geração e transmissão, visto que a companhia entregou um Ebitda ajustado de R$ 826 milhões nesse segmento no segundo trimestre de 2024, uma queda de 11% na comparação com o segundo trimestre de 2023.
“As perdas de energia se deterioraram para 10,91%, ante 10,59% do primeiro trimestre de 2024. O número também ficou acima do limite regulatório de 10,66%, e as despesas com dívidas incobráveis subiram para R$ 72 milhões, ante R$ 21 milhões no segundo trimestre de 2023, refletindo mudanças na metodologia da companhia”, afirmam João Pimentel, Gisele Gushiken e Maria Resende, que assinam o relatório do BTG.
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O BTG estima que a Cemig deve pagar cerca de 4,6% do seu valor de mercado em dividendos em 2025. Já nos próximos 12 meses, deve pagar cerca de 8,8%. De modo geral, a casa tem recomendação neutra para as ações da Cemig com preço-alvo de R$ 11 para os próximos 12 meses, uma queda de 6,14% na comparação com o fechamento de terça-feira (17), quando a ação encerrou o pregão a R$ 11,72.
O Santander, por outro lado, tem classificação de outperform, desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra. O preço-alvo para a ação é de R$ 11,59, queda de 1,1% na comparação com o fechamento de terça-feira (17). Os analistas estimam que o papel deve pagar cerca de 6,9% do seu valor de mercado em dividendos em 2024.
Ou seja, para o Santander, a companhia não deve pagar dividendos acima da Selic. O investidor também pode consultar na tabela a seguir quais são as estimativas dos analistas para os dividendos das outras firmas que fazem parte dessa lista seleta de grandes pagadoras de dividendos. Segundo a apuração final, somente uma firma vai pagar dividendos acima da Selic. A decisão final de comprar ou não as ações é sempre do investidor, mas a intenção final da reportagem é deixar claro que ganhos passados não garantem lucros futuros.
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Fonte original
Author: Bruno Andrade