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Gigantes de energia devem participar de leilão na Bolsa hoje; entenda o que está em jogo

Nesta sexta-feira (26), ocorre um Leilão de Transmissão de Energia na sede da B3, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As firmas participantes concorrerão pela operação de projetos que visam melhorar as linhas de transmissão de energia de pelo menos seis estados – Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Santa Catarina.

Serão ofertados três projetos de transmissão, os chamados “lotes”, que totalizarão 784 quilômetros de linhas de transmissão e 1000 megavolt-ampères (MVA) em capacidade de transformação para subestações de energia. Neste tipo de leilão, ganha quem oferecer o menor valor para realizar as obras – ou seja, o maior desconto sobre a Receita Anual Permitida (RAP), fruto do investimento nas obras.

“A expansão da rede de transmissão é crucial para garantir a segurança e a estabilidade do fornecimento de energia elétrica, especialmente com o aumento da demanda e a integração de fontes renováveis”, diz Antonio Terra, CEO da ForGreen, que ressalta que as melhorias em capacidade de transformação e na infraestrutura energética podem atrair novos investimentos e indústrias para os estados-alvo.

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A Aneel estima que para operar os lotes as firmas ganhadoras deverão desembolsar R$ 3,35 bilhões no total. Já em contrapartida, segundo o Bank Of America (BoFA), essas companhias elétricas devem ter retornos “atrativos”, de até R$ 550 milhões ao ano. Contudo, a competição no leilão deve amassar os “RAPs”, ou seja, a receita anual permitida com o investimento. Vale lembrar que ganha quem oferece o maior desconto para operar.

Essa também é a visão de Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital. “O leilão deve ser altamente competitivo, especialmente porque o investimento envolvido (R$ 3,35 bilhões) é menor em comparação com eventos anteriores, aumentando a concorrência por RAPs mais baixos”, afirma.

Gigantes de energia devem estar no páreo

Não há uma lista oficial de participantes, e sempre podem haver surpresas. Ligia Schlittler, sócia na área de Infraestrutura e Energia de TozziniFreire Advogados, afirma, por exemplo, que leilões como esse são a chance de players menores e novos entrantes no setor, como o BTG (BPAC11), expandirem a rede de transmissão de energia elétrica.

“Os leilões são definidos com base nos estudos de planejamento da expansão da transmissão feitos regularmente pela firma de Pesquisa Energética (EPE)”, diz Schlittler. “Todos esses estudos são publicados no site da EPE e ficam disponíveis a qualquer interessado. Isso ajuda a reduzir a assimetria de informação entre os players e auxilia na promoção de um ambiente com novos entrantes e maior competição.”

Contudo, as gigantes do setor elétrico devem fazer barulho nesse novo leilão. É esperada a participação de nomes de peso, como Alupar (ALUP11), Taesa (TAEE11), Copel (CPLE6) e Engie Brasil (EGIE3).

A expectativa é de que o resultado do leilão impacte as ações das companhias vencedoras – a dúvida será se positiva ou negativamente. Com a concorrência esperada, a companhia ganhadora poderá diminuir bastante as margens de receita com a operação para ter sucesso no certame.

“firmas como Alupar e Taesa, que já são consolidadas no setor, podem ver um impacto positivo se forem bem-sucedidas, especialmente se conseguirem sinergias operacionais em regiões onde já possuem ativos. No entanto, os altos níveis de competição e a tendência de lances com RAP reduzido podem limitar os retornos monetários, o que pode influenciar as expectativas de mercado sobre essas firmas”, alerta Moura, economista e sócio da Matriz Capital.

Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, aponta que o lote 1 será o mais concorrido entre as companhias listadas, já que é o de maior alcance e potencial de retono. Esse projeto deve ter o investimento de R$ 2,9 bilhões em cinco dos estados-alvo (Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Espirito Santo).

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“Esse Lote 1 será dividido em dois sublotes (A e B), que poderão ser arrematados por diferentes players”, diz Hungria. “Os outros (lotes 3 e 4) são muito pequenos, com investimentos combinados de R$ 400 milhões e devem atrair apenas companhias menores”, afirma. O lote 2 do leilão não deve ser oferecido, já que seria no Rio Grande do Sul. Devido às enchentes, será preciso avaliar as condições da região. Portanto, o evento deve continuar com 3 projetos.

Elétricas que devem ficar de fora

Apesar das oportunidades de expansão, existem grandes companhias elétricas listadas que já tiraram o “pé” da competição. Foi o caso da Neoenergia (NEOE3) e Isa CTEEP (TRPL4), que também já se manifestaram publicamente sobre a não participação. Para Moura, economista e sócio da Matriz Capital, a decisão das companhias faz sentido.

“A CTEEP está enfrentando limitações financeiras e já possui um pipeline de investimentos considerável, o que reduz sua capacidade de expandir ainda mais no curto prazo”, afirma Moura. “Neoenergia pode estar focando em projetos com melhores sinergias e retornos esperados em outras áreas, ou em regiões onde já opera com maior eficiência e escala.”

Hungria, analista da Empiricus Research, tem uma visão parecida. “A decisão de participar ou não do leilão na B3 depende de vários fatores, mas normalmente está relacionado à alavancagem alta ou a já elevada necessidade de investimento nos anos seguintes, caso da CTEEP. Para as interessadas, há espaço no balanço, e em alguns casos algumas sinergias geográficas como é o caso de Copel e Engie”, afirma.

Recomendações entre as possíveis participantes

Veja como os analistas enxergam as ações das possíveis concorrentes ao leilão, Alupar (ALUP11), Taesa (TAEE11), Copel (CPLE6) e Engie Brasil (EGIE3).

Alupar (ALUP11)

No 2º trimestre de 2024, a Alupar apresentou um lucro líquido de R$ 237,1 milhões, 6,7% superior ao mesmo período do ano passado. As receitas cresceram 22,2% em 12 meses, para R$ 953,7 milhões, enquanto a dívida líquida caiu 4,2%, para R$ 8,6 bilhões. Recentemente, a firma também ganhou um leilão de transmissão no Peru e seguiu no projeto de expansão internacional.

A vitória no leilão e os números recentes foram considerados positivos pela Guide Investimentos – mas ainda não o suficiente para alterar a recomendação para o papel. Hoje, a casa sugere “manter” as ações na carteira.

“A firma segue fazendo bem o seu dever de casa em termos de alocação de capital, capturando um novo projeto com receita dolarizada fora do país em condições que julgamos muito atraentes”, diz Vitor Sousa, analista do setor elétrico e saneamento da Guide Investimentos, em relatório publicado no fim de agosto. “Preferimos alterar a nossa recomendação quando observarmos mais prêmio no papel.”

Taesa (TAEE11)

A Taesa registrou um lucro líquido regulatório de R$ 294 milhões no 2º trimestre de 2024, 23% acima do mesmo período do ano passado. Segundo a firma, o salto nos lucros ocorreu em função da melhora dos custos operacionais e eficiência tributária. Já a receita operacional líquida caiu de R$ 624,5 milhões para R$ 579,7 milhões

O endividamento bruto no 2º tri de 2024 chegou a R$ 10,2 bilhões, 3.3% maior que o trimestre anterior – aliás, é a alavancagem, de 4,4x dívida líquida/EBITDA, que gera maiores preocupações nos investidores e um dos motivos pelos quais a Taesa estava afastada dos leilões. O último bloco arrematado por ela, por exemplo, foi em 2022. Contudo, nesta sexta (27) a companhia deve voltar ao páreo.

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“A Taesa poderá retomar sua participação nos leilões de transmissão porque apesar de sua alta alavancagem, o plano de investimentos dos contratos atuais termina entre 2025 e 2026”, diz o BofA, em relatório.

O Safra tem uma recomendação neutra para os papéis, em função de um preço já considerado justo para os ativos. Para frente, os resultados do leilão estarão no foco.

“As decisões de alocação de capital da firma, principalmente nos próximos leilões de transmissão, são os principais pontos a serem seguidos, pois vemos a Taesa como uma das principais interessadas na conquista de blocos, já que algumas de suas concessões vencerão até 2030”, afirma o banco, em relatório.

Copel (CPLE6)

Para o BofA, a Copel é a provável candidata ao lote 1 do leilão, devido às sinergias com outros ativos da firma no estado do Pará. A firma reportou um lucro líquido de R$ 473,6 milhões no 2º trimestre de 2024, 53,9% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. As receitas também subiram 7,4% no período, para R$ 5,4 bilhões, enquanto a dívida bruta chega a R$ 16,6 bilhões em junho, 11% superior ao final de 2023.

O Santander possui recomendação de compra para CPLE6, com preço-alvo de R$ 12,58, salto de 22% em relação ao patamar da última sessão, de R$ 10,30. A XP também tem recomendação de compra para os papéis.

“A Copel avançou substancialmente desde sua privatização em outubro do ano passado. A firma executou com sucesso um programa de demissão voluntária, reduzindo sua força de trabalho em aproximadamente 24% desde 2023 e implementando várias medidas de eficiência que permitiram atingir suas metas antes do previsto”, afirma Vladimir Pinto, head de energia e Saneamento da XP, em relatório. Contudo, as top picks do setor para a XP são Equatorial e Eletrobras.

Engie Brasil (EGIE3)

A Engie Brasil apresentou um lucro líquido de R$ 855 milhões no 2º trimestre de 2024, 6,1% superior ao mesmo período do ano passado. Apesar do aumento dos lucros, o resultado como um todo foi considerado neutro pela Genial Investimentos, que possui recomendação “manter” para os papéis. Os novos leilões, entretanto, também podem virar o jogo.

“Enquanto não observarmos a entrada de novos grandes ativos, em função de seu portfólio bem gerenciado e contratado para o longo prazo em níveis de preços interessantes, veremos a companhia navegando em velocidade de cruzeiro, sem grandes surpresas”, diz a Genial, em relatório.

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Fonte original
Author: Jenne Andrade

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