Vale a pena investir nas ações da LWSA (LWSA3), antiga Locaweb?
As ações da LWSA (LWSA3), antiga Locaweb, lideraram as perdas do Ibovespa nesta quarta-feira (23). Os papéis da firma terminaram o dia em baixa de 2,95% cotados a R$ 4,28 — valor 75,18% menor em relação ao preço da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), de R$ 17,25.
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Para Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, apesar da cotação baixa atual dos ativos, há opções mais atrativas na Bolsa brasileira. A LWSA fez seu IPO em fevereiro de 2020 e seus papéis tiveram um “boom” de alta, chegando a preços superiores a R$ 50. Contudo, desde 2021, as ações seguem uma trajetória de queda.
“A simples mudança de CEO não tem condição de alterar magicamente o guindace (projeções futuras) da companhia. Importante frisar que o ‘novato’ na cadeira principal é, na verdade, um executivo de carreira na LWSA, o que favorece a adaptação e fortalece o time da firma, mas não gera ao papel um otimismo renovado”, destaca Sant’ Anna.
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O analista se refere à troca de comando anunciada pela companhia no começo de outubro. O atual Diretor monetário (CFO) e Diretor de Relações com Investidores (DRI), Rafael Chamas Alves, foi escolhido para ocupar o cargo estatutário de Diretor Presidente (CEO) da companhia em 10 de fevereiro de 2025. Para isso, Fernando Biancardi Cirne deixará a função de CEO e assumirá uma cadeira no conselho de administração da LWSA.
Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, acredita que a troca está sendo vista como uma transição estruturada e sem grandes impactos negativos esperados para a operação da firma. Além disso, em sua opinião, o novo CEO deverá focar em gerar mais valor a partir das aquisições realizadas e expandir as ofertas complementares, o que pode beneficiar o crescimento da companhia.
“Contudo, as ações da LWSA3 têm enfrentado uma desvalorização significativa ao longo do ano. A decisão de investir ou não no papel vai depender do perfil de risco do investidor, uma vez que o cenário macroeconômico e a recuperação dos resultados futuros ainda geram incertezas”, diz Belitardo.
O balanço do terceiro trimestre da companhia está previsto para ser divulgado no dia 7 de novembro, após o fechamento do mercado. As principais expectativas para o período giram em torno da continuidade da recuperação financeira da LWSA. Após uma fase de ajustes, a firma busca melhorar sua eficiência operacional e rentabilidade.
Na visão de Belitardo, os números devem vir positivos. “Com foco na integração de aquisições passadas e na geração de valor por meio de novos serviços, espera-se que a companhia apresente resultados mais sólidos. No entanto, a performance ainda pode ser desafiada pelo cenário competitivo e pela pressão nos custos, exigindo cautela dos investidores.”
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Sant’ Anna, da Star Desk, também segue a opinião de que firma tem condições de continuar o processo de melhora nos números para o 3° trimestre. “Na leitura anterior, a companhia já havia revertido um prejuízo (no comparativo anual), ganhando uma certa tração com destaque para redução de custos e ganhos com e-commerce”, destaca o especialista.
Já Renan Silva, economista-chefe da Bluemetrix Asset, acredita que a LWSA está bem posicionada como a principal plataforma para pequenas e médias firmas no comércio eletrônico no Brasil. “A firma adota uma estratégia de balcão único, que acreditamos trazer valor significativo para as pequenos negócios”, ressalta
Mesmo assim, o desempenho operacional deve continuar fraco, à medida que a firma lida com a integração de muitas aquisições realizadas desde 2019. Nesse cenário, a Bluemetrix Asset mantém uma recomendação neutra para as ações e um preço-alvo de R$ 6,50, o que sugere um potencial de valorização de 51,86% em relação ao fechamento desta quarta-feira.
Ciclo de alta da Selic deve prejudicar a LWSA?
Outra preocupação em relação à LWSA é o prosseguimento do ciclo de aperto monetário no Brasil. A mediana do Boletim Focus para a taxa Selic no fim de 2024 está em 11,75% ao ano, consolidando a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentará os juros em 0,5 ponto porcentual nas duas próximas reuniões, de novembro e dezembro.
Belitardo, da Hike Capital, explica que firmas de tecnologia, como a LWSA, costumam ser mais impactadas em cenários de juros elevados, pois dependem de financiamentos para expandir suas operações e realizar aquisições. “Com o aumento das taxas, o custo de capital se eleva, o que pode restringir o crescimento e reduzir o apetite dos investidores por ações mais arriscadas”, afirma.
Sant’ Anna, da Star Desk, destaca que as firmas clientes da LWSA também devem ser prejudicadas pela alta de juros, o que, em efeito cascata, pode impactar a companhia de tecnologia. Outro ponto preocupante, na visão do especialista, é o câmbio. O dólar já acumula valorização de 4,50% em relação ao real em 2024, aumentando os gastos da firma, que compra equipamentos e peças estrangeiras.
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Autor: Beatriz Rocha