Em meio a boicote, o que pode acontecer com o Carrefour (CRFB3)?
O Carrefour (CRFB3) enfrenta um dos momentos mais desafiadores de sua história recente, após a decisão da matriz francesa de interromper a compra de carnes do Mercosul gerar uma reação contundente de produtores brasileiros e autoridades locais.
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O impasse, que culminou em um boicote por parte de frigoríficos como JBS, Minerva e Marfrig, levanta dúvidas sobre o futuro operacional e monetário do grupo no país.
A polêmica teve início no último dia 20 de novembro, quando o Carrefour anunciou que suas operações na França deixariam de comercializar carnes provenientes do Mercosul.
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A medida foi motivada por pressões de agricultores franceses contra um possível acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o bloco sul-americano. Apesar de o Carrefour Brasil afirmar que suas operações não serão impactadas por esta decisão, a reação no Brasil foi imediata.
Setores agropecuários, associações comerciais e o Ministério da Agricultura repudiaram publicamente a postura da matriz. Em resposta, grandes fornecedores de carnes interromperam o envio de produtos para o Carrefour, incluindo sua rede de atacarejo Atacadão e o Sam’s Club. Apenas a JBS, através de sua marca Friboi, era responsável por 80% do volume fornecido ao Carrefour, chegando a 100% no Atacadão.
Quais são os impactos imediatos?
Com o boicote em curso, analistas destacam que o Carrefour enfrenta sérias ameaças no curto prazo. Entre os principais riscos estão o desabastecimento de carne bovina, rupturas no estoque, pressões sobre a margem bruta e aumento nos prazos de negociação com fornecedores que aceitem trabalhar com a companhia.
Segundo o BTG Pactual, cerca de 150 lojas do Carrefour podem ser diretamente impactadas. No Atacadão, que responde por 70% das vendas totais da rede, a comercialização de carne bovina representa aproximadamente 5% das vendas, e as proteínas, 10%.
“Estimamos que as vendas de carne bovina equivalem a 5% das vendas do Atacadão, e as proteínas respondem por cerca de 10% das vendas totais. Vale mencionar que, além da participação nas vendas totais, este é um item importante para direcionar o tráfego nas lojas, o que pode complicar a situação da companhia com um menor fluxo de clientes”, avaliam os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, do BTG.
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Tiago Maciel, da EQI Research, reforça que o Carrefour Brasil, que responde por 40% do lucro operacional global do grupo, está em uma posição delicada.
“Hoje, estima-se que as carnes bovinas representem cerca de 4% a 5% do total das vendas da rede no país. O que já seria relevante. Mais do que isso, achamos que o impacto pode ser muito mais abrangente por afetar o fluxo de consumidores nas lojas da rede. Vemos a possibilidade de clientes buscarem outras redes que lhes ofereçam cestas de produtos sem restrições. Lembrando que o final do ano é um período extremamente importante para as vendas dos supermercados”, afirma.
Quais são os impactos no mercado monetário?
As perspectivas também não são animadoras para os acionistas. Antes da crise, esperava-se uma melhora nos resultados trimestrais do Carrefour. Agora, há uma previsão de deterioração nas receitas. Analistas da Ativa Investimentos sugerem que investidores evitem as ações CRFB3.
Em contrapartida, há quem veja oportunidades para concorrentes, como o Assaí (ASAI3), que pode capturar consumidores insatisfeitos com o Carrefour (CRFB3). “No entanto, reforçamos que tanto as perdas do Carrefour quanto os ganhos do Assaí, em nossa visão, são marginais e não devem trazer efeitos de médio e longo prazo”, explica.
Colaborou: Gabrielly Bento.
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Autor: Jéssica Anjos