Stone e Pagbank: Morgan diz que mercado está errado e reitera recomendação de venda
Poucos meses após alertar o mercado sobre a saturação do setor de pagamentos digitais no Brasil, o Morgan Stanley adverte que o mercado está subestimando os custos crescentes de financiamento decorrentes da taxa Selic mais alta, o que pode gerar estimativas inflacionadas de lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) para os próximos anos.
Com os pagamentos digitais representando cerca de 92% das despesas de consumo pessoal até o final de 2024, o Brasil terá a maior taxa de penetração global e alcançará efetivamente a saturação. “As ramificações desse marco no ecossistema de pagamentos são muitas, principalmente o crescimento e a rentabilidade da aquisição de clientes, que provavelmente enfrentarão pressão significativa daqui para frente”, destacam os analistas.
Diante disso, o Morgan Stanley projeta que o lucro líquido da PagSeguro e da Stone deve diminuir nos próximos cinco anos — um cenário que contrasta fortemente com o atual consenso do sell-side, que prevê um crescimento de dois dígitos.
Os preços-alvo estabelecidos pelo banco sugerem uma queda de 24% a 35% no valor das ações, enquanto as estimativas do buy-side indicam um potencial de alta entre 74% e 80%. Nos últimos três meses, as ações da PagSeguro (PAGS) caíram 34%, e as da Stone (STNE) recuaram 29%, registrando desempenho significativamente inferior ao MSCI Brasil, que teve queda de 13% no mesmo período.
Diante disso, o banco reiterou recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para os papéis da Stone (BDR: STOC31), negociada na Nasdaq, e da PagBank (BDR: PAGS34), negociada na NYSE, com preço-lavo de, respectivamente, US$ 7 e US$ 6,50.
Além de subestimar os desafios seculares de longo prazo enfrentados pelo setor de pagamentos do Brasil, analistas pontuam que o consenso também está ignorando os ventos contrários cíclicos impostos pelas taxas de juros mais altas nos próximos 12 a 18 meses.
Segundo relatório, as estimativas atuais de venda para 2025 e 2026 para PAGS e STNE pressupõem uma melhora considerável no custo de financiamento para seus negócios de pré-pagamento, apesar do fato de que esses custos de financiamento estão intimamente ligados às taxas de juros Selic.
Para o Morgan, esse erro de precificação é significativo e responde pela maior parte do crescimento projetado dos lucros embutido nas estimativas de consenso para os dois próximos anos.
À medida que os aumentos das taxas de juros continuam a ocorrer no Brasil, o Morgan prevê grandes rebaixamentos de lucros para ambas as companhias, o que adicionará mais pressão sobre o desempenho das ações. As estimativas de lucro líquido para 2025 e 2026 estão 10 e 20% abaixo do consenso, enquanto as estimativas de longo prazo estão 40 e 60% abaixo.
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Autor: Felipe Moreira