Nu Selic Simples x Tesouro Selic: qual vale mais a pena?
A classe de fundos de renda fixa chamada de Selic Simples é uma “concorrente” oferecida pelos bancos e corretoras para o investimento direto no Tesouro Selic. Assim como os títulos públicos, esses ativos têm um rendimento que acompanha a Selic, oferecem liquidez diária e baixo risco ao investidor – uma opção muito recomendada para a reserva de emergência, por exemplo. E agora investidores podem contar com mais uma opção para isso.
Leia também
O Nu Selic Simples foi lançado esta semana pelo Nu Asset, do Nubank, e anunciado com algumas vantagens em relação ao investimento direto nos títulos públicos pós-fixados. O investimento mínimo no ativo é de R$ 100, inferior aos R$ 143,96 exigidos para aportes no Tesouro Selic 2026 e R$ 142,92, do Tesouro Selic 2029. A taxa de administração cobrada pelo banco é de 0,19% ao ano, inferior aos 0,20% ao ano cobrados pelo Tesouro Direto para a custódia dos ativos.
Esses pontos fazem o recém-lançado produto do Nubank ser atrativo, especialmente para aqueles investidores que desejarem ter uma gestão ativa por trás do investimento. Uma vantagem frente ao investimento direto no Tesouro.
Publicidade
“O Nu Selic Simples pode ser uma opção mais prática e acessível para alguns investidores, especialmente aqueles que preferem a facilidade de gestão de um fundo e buscam um investimento com baixo risco e liquidez diária”, diz André Sandri, sócio da AVG Capital e fundador do EDUCA$, instituição sem fins lucrativos que leva educação financeira aos brasileiros.
A visão, no entanto, não é unanimidade. Para Christopher Galvão, analista de Fundos da Nord Research, o Nu Selic Simples não compensa por dois motivos: taxa de administração e incidência de come-cotas.
O come-cotas é a cobrança de Imposto de Renda que incide sobre todos os fundos de investimento. Ao invés de ser cobrado apenas no resgate da aplicação, como no Tesouro, nos fundos o IR é cobrado de forma antecipada, em cotas a cada seis meses. “Isso já é um fator que causa uma redução da rentabilidade acumulada ao longo do tempo”, diz Galvão.
Mas a taxa de administração cobrada no fundo do roxinho também não agrada – nem em comparação ao Tesouro, nem a outros ativos semelhantes do mercado. A taxa de custódia de 0,20% só é cobrada pelo Tesouro Direto para investimentos superiores a R$ 10 mil; valores menores do que esse são isentos. E, por ser um produto considerado simples e que exige menos do time de gestão, existem opções de fundos Selic Simples que já não cobram taxa de administração.
“Hoje no mercado existem fundos Selic Simples com taxa zero de administração, que de fato compensam, como o BTG Tesouro Selic Simples RF e o Trend DI FIC FI RF Simples, disponível na XP e na Rico. São fundos que eu indico como reserva de emergência”, diz Galvão, da Nord. “E, se for um valor de até R$ 10 mil, o Tesouro Direto não cobra a taxa de custódia, o que reforça ainda mais o argumento de que vale mais a pena colocar no próprio Tesouro Selic.”
O Nubank tem outras opções de fundo de renda fixa: o fundo DI Nu Reserva Imediata e o fundo de crédito privado Nu Reserva Planejada. Para quem é cliente fiel do roxinho e não deseja retirar os recursos da instituição, o novo lançamento pode ser uma opção melhor para a reserva de emergência.
Publicidade
Em 2023, quando a fraude na Americanas (AMER3) instaurou uma crise no mercado de crédito privado, o Nu Reserva Imediata, que à época era o maior fundo de renda fixa do País, viu suas cotas oscilarem negativamente. O movimento pegou muita gente de surpresa, que não esperava que um fundo DI teria ativos de crédito privado na carteira – desde então, como contamos aqui, especialistas têm certo ceticismo com o ativo.
“O Nu Selic Simples pode ser uma alternativa interessante para a reserva de emergência dos clientes do Nubank, especialmente quando comparado com outros produtos como o Nu Reserva Imediata e o Nu Reserva Planejada”, diz Sandri, da AVG.
Onde investir a reserva de emergência
O Tesouro Selic é considerado uma opção bastante atrativa para investir a reserva de emergência, pois além de ter liquidez diária é considerado um dos ativos mais seguros do mercado brasileiro. Por serem títulos emitidos pelo Governo, esses ativos não têm o risco de crédito, como os ativos bancários e de crédito privado. Os fundos Selic também cumprem bem essa função, mas, neste caso, especialistas costumam priorizar aqueles ativos taxa zero.
“Ao avaliar entre esses fundos ou o Tesouro, o investidor deve considerar os seguintes aspectos: taxas de administração e custódia, liquidez, rentabilidade, risco e investimento mínimo. Lembre-se, a escolha ideal depende do perfil e objetivos de cada investidor”, ressalta André Sandri, da AVG Capital.
Como mostramos aqui, nem mesmo a queda de juros muda essa recomendação por liquidez e baixo risco. Segundo especialistas, a reserva de emergência deve ser mantida em ativos pós-fixados, que acompanham a Selic ainda que a taxa esteja sendo reduzida gradualmente.
“O mercado apresenta diversas opções para o investidor manter a sua reserva de emergência, mas temos tido preferencia por uma carteira de fundos com liquidez até D+5, composta com uma parcela maior de Fundos Tesouro Selic ou DI, com vencimento D0. Isso permite que o Investidor esteja confortável com a sua liquidez imediata, sem correr riscos”, diz João Coutinho, economista e diretor da RJ+Asset.
Publicidade