Quanto o fator China pesará nas carteiras este ano? As visões distintas de Stuhlberger e Xavier
Os anos de crescimento acelerado ficaram para trás na China. O país vem dando sinais de desaceleração desde a pandemia e é unanimidade no mercado que as dificuldades devem perdurar por algum tempo. Porém, a intensidade dos problemas chineses é tema de debate.
Rogério Xavier, CEO da SPX Capital, acredita que a China é o principal risco para a economia global. Segundo ele, o gigante asiático dá sinais de esgotamento do seu modelo econômico. “É difícil saber quando vai ter um problema mais sério”, afirmou o executivo em evento do UBS, realizado na última semana.
O desafio chinês que chama mais atenção do mercado está relacionado ao setor imobiliário, que representa um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país e foi seu grande motor de crescimento dos últimos anos. A quebra de uma das maiores incorporadora do país, a Evergrande, em 2021, acendeu um alerta para o nível de endividamento de outras empresas do ramo.
Em contraponto a Xavier, Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset Management, acredita que o setor imobiliário passa por problemas, mas não vê os pagamentos parando de uma vez, mas ao longo dos anos, de forma gradual – o que minimizaria o impacto nas carteiras.
No mesmo evento do UBS, Stuhlberger destacou que a China nunca viveu um ciclo de queda no mercado imobiliário, o que ele classifica como “raridade”. Para o executivo, a situação do gigante asiático não será uma crise “estilo dos Lehman Brothers”, em referência ao banco americano que virou um dos símbolos da crise do subprime, em 2008.
Como segunda maior economia do mundo, a China está diretamente ligada ao crescimento e finanças de outros países ao redor do mundo. Por isso, disse Xavier, errar o cenário para o país asiático significaria falhar também nas demais projeções. “Temos que voltar nossos olhos para lá porque pode ser um fator de desestabilização forte”, observou o gestor.
Na última sexta-feira (2), o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou relatório com projeções para os próximos anos da economia chinesa. Para 2024, a expectativa é de 4,6% de crescimento do PIB, decaindo ano a ano, até chegar em 3,4% em 2028.
Em relatório, o FMI destaca que a atividade dos próximos anos será puxada pela demanda doméstica, em particular pelo consumo privado, e auxiliada por políticas macroeconômicas, entre elas um relaxamento maior da política monetária. Já a fraqueza do setor imobiliário foi considerada como um peso sobre a demanda privada e a confiança na economia.
Desaceleração do PIB da China estimada pelo FMI:
- 2024: 4,6%
- 2025: 4,0%
- 2026: 3,8%
- 2027: 3,6%
- 2028: 3,4%
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