Crescimento econômico pode surpreender no 1º trimestre, diz Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (6) que dados preliminares sobre o desempenho da economia no primeiro trimestre mostram que o crescimento pode surpreender positivamente no período.
Em palestra durante evento do banco BTG Pactual, Campos Neto destacou que os indicadores mostram que o setor de serviços deve continuar puxando a atividade econômica no país.
“Olhando a perspectiva de crescimento do primeiro trimestre, está parecendo que vai surpreender para cima. Essa é a nossa primeira intuição no Banco Central. A gente vê serviços puxando bastante o crescimento“, disse Campos Neto.
No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro surpreendeu, impulsionado pelo desempenho do agronegócio.
A equipe econômica do governo espera que os dados finais de 2023 mostrem um crescimento de no mínimo 3%, superando estimativas do mercado no início do ano de uma aceleração inferior a 1%.
Para este ano, a projeção oficial do Ministério da Fazenda é de alta de 2,2%, enquanto o mercado espera 1,6%.
O chefe do BC também destacou o processo de queda da inflação no país, afirmando que os últimos números mostraram o índice geral “um pouco melhor” e um núcleo “marginalmente pior”, mas enfatizou que a trajetória dos preços está “dentro do que a gente tinha programado”.
Dados de dezembro mostraram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com alta acumulada de 4,62%, o que significou que a inflação ao consumidor brasileiro voltou a ficar abaixo do teto da meta depois de dois anos seguidos de estouro do objetivo.
Campos Neto ainda enfatizou a importância da confirmação da meta de inflação no ano passado, quando o Conselho Monetário Nacional fixou, em junho, em 3% a meta central para 2026, mesmos alvos já previstos para os dois anos anteriores.
De acordo com ele, a incerteza sobre o horizonte a ser perseguido pelo BC estava levando ao avanço das expectativas de inflação e dificultando o planejamento da política monetária.
“Em termos de expectativas de inflação, a gente vê um marco que foi a confirmação da meta. A gente sempre dizia que era muito difícil ter uma visibilidade do que fazer em política monetária sem ter certeza de qual era a meta“, afirmou.
A pesquisa Focus divulgada nesta terça-feira (6) mostrou que os analistas consultados seguem prevendo alta de 3,81% do IPCA em 2024 e de 3,5% em 2025. A projeção para ambos os anos segue acima do centro da meta oficial, que é de 3%, mas abaixo do teto, de 4,5%.
Cenário global
O presidente do BC disse ver todas as autoridades monetárias do planeta apontando para um cenário de queda nas taxas de juros, apesar de “timings” diferentes, destacando a postura do Federal Reserve como o “carro-chefe” do processo.
“Eu tenho a percepção de que, com os dados melhores, o Fed tem mais conforto de ser mais cauteloso. Parece que eles têm mais conforto de esperar um pouco mais”, disse.
Na semana passada, o Fed manteve o patamar de sua taxa de juros, com o presidente Jerome Powell dizendo que a instituição ainda precisava ver mais dados favoráveis da inflação para ter certeza de que é hora de reduzir os juros, derrubando apostas de que os cortes poderiam começar já em março.
Campos Neto também destacou a trajetória de queda na inflação geral e nos núcleos de países avançados, mas apontou que os níveis estão acima de patamares históricos.
Ele citou uma série de riscos que tem travado o processo de queda da inflação global, como a questão geopolítica e o cenário pós-pandemia, marcado pelo efeito das grandes transferências de recursos promovidas por governo no mundo inteiro.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Crescimento econômico pode surpreender no 1º trimestre, diz Campos Neto no site CNN Brasil.