Mercado de cacau tem preços em recorde pelo nono dia consecutivo
Os preços mundiais do cacau atingiram novos recordes pelo nono dia consecutivo nesta sexta-feira (9), deixando os participantes do mercado em pânico, pois a escassez de oferta está se tornando sistêmica e vai se estender pela quarta temporada consecutiva, se não for além.
O aumento do preço também deve afetar ainda mais os bolsos dos consumidores de chocolate, uma vez que os fabricantes de chocolate já esgotaram seus estoques da matéria-prima comprada a menor custo antes, segundo especialistas do setor.
A Hershey, grande fabricante de chocolates, disse na quinta-feira que espera que os preços históricos do cacau limitem o crescimento de seus lucros este ano, em meio a uma desaceleração ainda maior da demanda por seus produtos mais caros.
“O pânico já está muito presente no mercado, mas, potencialmente, podemos subir ainda mais”, disse o analista do Rabobank Paul Joules.
“Para mim, o risco real é a próxima temporada. Quando tivermos safras no segundo trimestre, se a contagem for baixa, as pessoas vão questionar se isso é sistêmico”, acrescentou.
Joules explicou que as doenças que atualmente afetam os cacaueiros na principal região produtora da África Ocidental são muito piores do que nos últimos anos, e que não há outro tratamento além de cortar as árvores e replantá-las.
Os futuros do cacau da ICE London atingiram um recorde de 4,9 mil libras por tonelada métrica mais cedo na sexta-feira, mas fecharam abaixo da máxima com ganho de 2,1%, a 4,7 mil libras. Os preços mais do que dobraram desde o início do ano passado.
Em Nova York, os futuros de cacau da ICE atingiram um novo recorde de US$ 6 mil por tonelada na sexta-feira, tendo quase dobrado desde o início do ano passado. O contrato fechou com ganho de 1,4%, a US$ 5,8 mil dólares.
Uma pesquisa da Reuters sobre cacau na semana passada previu um déficit global de 375 mil toneladas na temporada 2023/24, mais do que o dobro do indicado na pesquisa anterior, em agosto, e marcando o terceiro déficit consecutivo do mercado.
Os negociantes disseram que, apesar dos altos preços recordes, os vendedores de cacau físico se retiraram em grande parte do mercado, deixando-o com um problema contínuo de liquidez.
Em outras commodities “softs”, o açúcar bruto subiu 0,2%, a US$ 24,02 por libra-peso, enquanto o açúcar branco permaneceu pouco alterado, a US$ 665,5 por tonelada.
O café arábica fechou em alta de US$ 5,65, ou 3%, a US$ 1,915 por libra-peso, e o café robusta subiu 3,5%, a US$ 3,2 mil dólares a tonelada.
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