Água no chope? Como investidor deve lidar com carteira global após repique na inflação dos EUA
Os dados de inflação dos Estados Unidos, divulgados na última terça-feira (13), mostraram uma economia ainda aquecida e jogaram água no chope dos investidores mais esperançosos com um corte de juros em março, e também nos que apostavam em queda a partir de maio. Resultado: S&P 500 recuou forte e os rendimentos da renda fixa subiram com força. Mas, dois dias depois, o índice já retoma o patamar de 5.000 pontos, em alta de quase 1% na manhã desta quinta-feira (15).
Afinal, o que essa gangorra significa para as carteiras internacionais? Para analistas, a volatilidade nas ações e nos títulos deve acompanhar o mercado dos EUA ao longo de todo o ano, e por isso será preciso ficar atento ao vaivém para aproveitar as oportunidades que surgirão no meio do caminho – mas sem afetar a visão de longo prazo.
“Acredito que a volatilidade de curto prazo aumente, com isso, aumenta-se a percepção de risco. Mas, pensando no longo prazo, estes ajustes fazem parte do ciclo e do plano de política monetária. Não devem interferir no plano de investimentos duradouro”, avalia Guilherme Morais, analista da VG Research.
Como medida para momentos de maior tensão, ele recomenda equilibrar todas as classes de ativos para reduzir a volatilidade, incluindo ações, fundos do mercado imobiliário (REITs), títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), e títulos privados (bonds), além de aumentar o caixa de liquidez.
Os rendimentos dos Treasuries recuaram novamente após salto na terça-feira (13), mas a renda fixa americana continua sendo a melhor opção do país na atualidade, avalia Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos. Ele destaca os juros altos nesses papéis e nos bonds high grade (melhor qualidade), com opções de curto e médio prazo pagando entre 4% e 5% ao ano em dólar.
“Como o cenário de cortes ainda é bastante incerto, a volatilidade nos títulos também tende a ser mais elevada na marcação a mercado, que fixa os preços. Mas títulos de curto e médio prazo, com juros na faixa dos 5%, são interessantes para levar até o vencimento. O importante é medir o tamanho da alocação”, diz Morais.
Uma avaliação semelhante à da Pimco Group, que vê oportunidades em títulos de qualidade além dos EUA, em países como Reino Unido, Canadá e Austrália. Uma das razões para esse otimismo é a reprecificação dos ativos em resposta aos juros altos estar ocorrendo de forma “muito lenta”.
Para a Pimco, se houver um enfraquecimento das economias em 2024 e as taxas permanecerem elevadas em vários países, haverá oportunidades no mercado privado de crédito, incluindo o imobiliário. Já as ações, estariam fadadas à desvalorização.
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