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Mercado tende a reagir bem se meta fiscal não for alterada ou se mudança for pequena, diz Galípolo

Mercado tende a reagir bem se meta fiscal não for alterada ou se mudança for pequena, diz Galípolo

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira (22) que o quadro fiscal segue sendo um desafio no Brasil, mas o mercado pode reagir positivamente se a meta de zerar o déficit nas contas primárias não mudar ou mudar menos do que se espera — hoje, a estimativa é de um rombo de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

A perspectiva de o governo não cumprir a meta já está relativamente precificada nos ativos financeiros, reafirmou Galípolo, mas a arrecadação tem surpreendido positivamente. Ele também manifestou confiança na revisão de gastos (o chamado “spending reviews”) trabalhada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB). “Isso pode trazer surpresas positivas.”

O diretor do BC participou de um evento em São Paulo, da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil, e disse mais uma vez que as discussões de mercado estão mais voltadas no momento para qual será a Selic no fim do ciclo de flexibilização monetária. As indicações do BC de cortes de 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) esvaziaram, na sua avaliação, as discussões sobre o ritmo de redução dos juros.

A coerência entre as decisões do Copom e as sinalizações (guidances) dadas na comunicação contribuiu para ancorar expectativas e, assim, reduzir a volatilidade no mercado, segundo Galípolo. “Sabemos o risco do guidance, mas por enquanto ele se pagou”.

Segundo o diretor de Política Monetária, a adoção de expressões como “parcimônia” na comunicação é uma forma de avisar que o BC não é movido por volatilidade. Ele também disse que não cabe ao BC discutir as justificativas apontadas pelo mercado à desancoragem das expectativas, mas sim buscar o cumprimento da meta de inflação.

Estímulos fiscais

Para Galípolo, os impulsos fiscais que ajudaram a economia a crescer acima das expectativas em 2023 não devem se repetir na mesma intensidade em 2024. Ainda assim, ele acredita que os estímulos do governo continuarão sustentando a atividade. “Do ponto de vista do estímulo que o governo forneceu à economia em 2023, espera-se que seja um estímulo menor neste ano. Mas também permanece em uma zona de sustentação da economia”.

Ele citou o reforço do Bolsa Família e a nova política de reajustes do salário mínimo entre as iniciativas que, do ponto de vista estrutural, seguirão favorecendo a demanda. Para Galípolo, a preocupação maior está em como dinamizar investimentos privados, retraídos por conta de incertezas internacionais e juros altos, visando ganhos de produtividade para o país ter um crescimento que se sustente ao longo do tempo.

O diretor do BC lembrou que a taxa da formação bruta de capital fixo mantém-se em nível relativamente baixo há um tempo “considerável”. “Esse é um ponto de preocupação e atenção”. Por outro lado, considerou que o Brasil está em posição privilegiada para capturar oportunidades abertas pela reorganização das cadeias de produção, principalmente devido às vantagens competitivas do país na transição energética.

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