Por que o americano investe na bolsa e o brasileiro não?
É comum ouvir que o brasileiro não investe na Bolsa de Valores, enquanto mais de 56% da população americana utiliza essa modalidade de investimento, de acordo com a Charles Schwab. Mas será que a principal diferença entre esses dois países é a educação financeira ou existe outro motivo?
No Brasil a educação financeira ainda não encontrou seu lugar na grade curricular da maioria das escolas, privando a população de conhecimentos básicos e necessários sobre finanças pessoais. Já nos EUA, a disciplina está presente desde o ensino fundamental, cultivando a cultura do investimento desde cedo.
Contudo, a educação financeira por si só não garante o conhecimento técnico necessário para tomar decisões de investimento em bolsa. É preciso buscar alternativas para suprir essa lacuna, como principalmente através de assessoria de profissionais qualificados.
Ao comparar as taxas básicas de juros (Selic e Fed Funds), encontramos uma discrepância histórica: a Selic oscila entre 6% e 14% ao ano de acordo com o BACEN – Banco Central Brasileiro; a taxa americana se mantém entre 0% e 5% como declarado pelo FED – Federal Reserve. Essa disparidade, com raízes profundas em diferentes realidades socioeconômicas, impacta diretamente o desenvolvimento dos países, influenciando o consumo e os investimentos.
A alta da Selic no Brasil limita os investimentos em renda variável, já que a renda fixa oferece retornos atrativos sem correr grandes riscos, fazendo com que muitos investidores brasileiros se sintam confortáveis apenas com a caderneta de poupança. Já a baixa taxa americana incentiva a busca por alternativas de maior rentabilidade, como a Bolsa de Valores.
Nos EUA, a persistência de baixas taxas de juros gera a necessidade de buscar retornos maiores comparados aos tradicionais irrisórios de renda fixa, criando um certo desconforto na população que anseia por ver seu dinheiro render de forma mais significativa. Com a renda fixa oferecendo retornos ínfimos, a migração para investimentos de renda variável se torna quase inevitável e necessária
A busca por ações com potencial de gerar retornos mais expressivos impulsiona o mercado financeiro e, ao mesmo tempo, exige dos americanos uma maior tolerância ao risco. A necessidade de viver de renda, garantir a aposentadoria ou simplesmente alcançar objetivos financeiros específicos torna a busca por rentabilidade uma questão crucial para o sucesso de seu planejamento.
Nesse contexto, a figura do Financial Advisor assume um papel crucial e extremamente necessário na relação dos americanos com seus investimentos. Com uma proporção de aproximadamente 1 profissional para cada 3.000 habitantes, esses assessores democratizam o acesso à informação e à expertise de mercado, capacitando a população a investir na bolsa de valores.
Através de um acompanhamento personalizado, os assessores de investimentos guiam seus clientes na definição de objetivos, seleção de investimentos adequados ao perfil de cada um e acompanhamento constante da carteira. Essa orientação profissional se torna ainda mais relevante em um mercado financeiro complexo e volátil, onde a busca por rentabilidade se entrelaça com a necessidade de mitigar riscos e garantir a segurança das aplicações. Assim como nos Estados Unidos, os assessores de investimentos brasileiros estão aptos a auxiliarem os investidores a tomar decisões balanceando risco e retorno na bolsa de valores, mesmo que o investidor não possua conhecimento técnico suficiente para fazê-lo sozinho.
A população americana investe mais na bolsa de valores não apenas por seu conhecimento amplo através da educação financeira, mas também pela necessidade de buscar rentabilidades maiores a fim de garantir sua independência financeira. Essa necessidade, somada à democratização do acesso à assessoria profissional, cria um ambiente mais propício para o investimento em renda variável.
No Brasil, a alta taxa de juros na renda fixa ainda inibe a tolerância ao risco de investir em bolsa, mas essa perspectiva pode mudar com a queda da Selic. Além disso, a presença de assessores de investimentos pode auxiliar o brasileiro a ingressar no mercado de capitais, como ocorre nos EUA.