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Por que um governo não imprime dinheiro para diminuir a desigualdade e financiar projetos?

Bom dia, caros leitores!

Esta é uma pergunta frequentemente feita por pessoas de fora da economia. Seria muito simples se todos os problemas de uma nação fossem resolvidos imprimindo dinheiro, aumentando os salários e ajudando as pessoas, correto?

Mas a impressão de dinheiro, de forma descontrolada, pode causar um CAOS tão grande na economia que leva um país à recessão.

Quando falamos em imprimir dinheiro, falamos do fato de injetar dinheiro novo na economia, criado de forma artificial, sem uma contrapartida.

O primeiro impacto que observaríamos com tal medida seria a inflação. A inflação é o aumento contínuo e generalizado dos preços dos bens e serviços em uma economia ao longo do tempo. Isso acontece quando temos muito dinheiro em circulação e a demanda por novos produtos e serviços não consegue ser absorvida pelo mercado, logo, os preços sobem. Foi o que aconteceu no período de Pandemia: os governos para não permitirem que seus países quebrassem, estimularam a economia através de benefícios sociais, flexibilização de crédito e corte de taxas, com isso o dinheiro em circulação aumentou causando inflação em diversos países ao redor do mundo. Quase 4 anos depois do incidente, grande parte dos países ainda luta para curar os efeitos causados pela inflação.

Juntamente com a inflação, observamos a redução do poder de compra. A inflação resultante da impressão excessiva de dinheiro reduz o poder de compra das pessoas. Isso afeta especialmente aqueles com renda fixa, como aposentados e assalariados, cujos salários podem não aumentar na mesma proporção que a inflação.

Outra característica oriunda do processo de impressão de dinheiro de forma descontrolada é a desvalorização da moeda. Fazendo uma analogia com o gatilho da escassez (onde quanto mais rara é uma coisa, ela se torna mais cobiçada e cara), a mesma coisa acontece com o dinheiro. Se existe muito dinheiro em circulação ele se desvaloriza. Quando as pessoas começam a perceber que o seu dinheiro está perdendo valor rapidamente, podem perder a confiança nele e isso pode resultar em uma queda no valor da moeda no mercado de câmbio. Isso afeta negociações internacionais que levam a encarecer os preços dos produtos que são adquiridos lá fora e esse custo será repassado para nós consumidores, internamente.

Se o intuito era imprimir dinheiro para diminuir a desigualdade, isso pode ter um efeito contrário. Inicialmente alguns grupos seriam beneficiados com a medida, mas logo depois esse dinheiro poderia se concentrar em determinados grupos, aumentando a desigualdade ao invés de diminuí-la.

Por fim, com a moeda desvalorizada, enfrentaríamos a perda da credibilidade no dinheiro do nosso país consequentemente gerando uma fuga de capitais. As pessoas e empresas procurarão outras economias para investir seu dinheiro, para se proteger, isso reduziria os investimentos no país o que levaria a uma recessão, fechando empresas, reduzindo empregos entre diversos outros efeitos.

Espero que tenha ficado claro para vocês o porquê imprimir dinheiro para diminuir a desigualdade não é uma solução tão simples quanto parece. São necessárias medidas econômicas bem estruturadas e planejadas para que isso ocorra de forma sustentável e efetiva, promovendo um equilíbrio mais duradouro e benéfico para toda a sociedade.

Nos vemos nos próximos artigos, até mais!

Vinicius César

Engenheiro civil e de produção, especialista em investimentos pela Anbima e admirador do mercado financeiro. Nas horas vagas estudante de educação financeira, vendas e pessoas.

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