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Negociações de debêntures da Americanas despencam após escândalo

A descoberta de uma fraude contábil e os imbróglios em torno do plano de recuperação da Americanas (AMER3) penalizaram também o volume financeiro negociado de debêntures da varejista ao longo de todo o ano passado.

Segundo dados levantados pela Quantum Finance, o volume financeiro negociado de cinco debêntures das Americanas caiu de R$ 1,97 bilhões em 2022 para R$ 466,67 milhões em 2023. Os números levam em conta informações da Cetip (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados) e tratam apenas das debêntures ativas da companhia. São elas: BTOW15, LAMEA4, LAMEA5, LAMEA6 e LAMEA7.

A queda mais significativa foi vista com as debêntures BTOW15, que viram o montante financeiro negociado sair de R$ 163,15 milhões em 2022 para apenas R$ 3,15 milhões um ano depois.

O número de dias com negócios de debêntures da varejista também sofreu uma redução significativa ao longo de 2023. O destaque também ficou por conta do título BTOW15, que viu a quantidade de dias de negociação cair de 198, em 2022, para apenas 22 no ano passado.

Balanço da Americanas

Nesta segunda-feira (26), a companhia divulgou o seu balanço. A varejista registrou um prejuízo líquido de R$ 4,61 bilhões nos nove primeiros meses de 2023 (9M23), o que representa uma redução de 23,5% em relação ao prejuízo líquido de R$ 6,02 bilhões nos nove primeiros meses de 2022.

Um dos números mais esperados pelos analistas era o do endividamento da rede de varejo. No encerramento do terceiro trimestre de 2023, as dívidas líquidas somaram R$ 33,443 bilhões, um aumento de 10,6% na comparação com setembro de 2022. Já a dívida bruta chegou a R$ 38 bilhões.

Segundo a companhia, o endividamento está em patamares altos, mas tem tendência de “relevante redução” com a execução do Plano de Recuperação Judicial.

O caixa da empresa, que chegou quase a zerar logo depois da descoberta do rombo, encerrou setembro em R$ 4,929 bilhões, baixa de 49,5% em 12 meses. “Hoje já podemos dizer que superamos a fase mais crítica pela qual a Americanas passou”, afirmou o comando da empresa no balanço.

Justiça homologa RJ

Após meses à espera de uma definição, a 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro homologou, na manhã desta segunda-feira (26), o plano de recuperação judicial da Americanas (AMER3), que tinha sido aprovado em 19 de dezembro de 2023 em Assembleia Geral de Credores.

“A Americanas, de acordo com o PRJ [Plano de Recuperação Judicial] aprovado e homologado judicialmente, divulgará comunicados aos credores e ao mercado a respeito dos prazos a serem iniciados com a publicação da decisão judicial que homologou o PRJ”, destacou a companhia em comunicado, ressaltando que manterá seus acionistas e o mercado em geral informados sobre o desenvolvimento do plano. A dívida da Americanas a ser reestruturada é de R$ 50 bilhões.

A varejista pediu recuperação judicial no começo do ano passado, dias após revelar um rombo contábil de R$ 20 bilhões, em um dos maiores escândalos corporativos da história do Brasil.

As ações AMER3 chegaram a ter a negociação interrompida perto das 12h desta segunda-feira (26) pela iminência do fato relevante sobre o tema. Horas depois, ao redor de 14h50 (horário de Brasília), os papéis eram negociados, com alta de 1,92%, aos R$ 0,53.

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