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Reunião financeira do G20 deixará de lado geopolítica e se concentrará na economia

São Paulo/Brasília/Tóquio – Com seus países profundamente divididos em relação aos ataques de Israel a Gaza, as autoridades financeiras das principais economias do Grupo dos 20 (G20) estão prontas para deixar de lado a geopolítica e se concentrar em questões econômicas globais quando se reunirem em São Paulo nesta semana. O Brasil é o atual presidente do G20.

O Brasil, interessado em garantir uma sessão produtiva que chegue a um consenso sobre as principais prioridades econômicas, propôs uma declaração de encerramento muito mais curta do que nos últimos anos – uma medida já negociada com outros membros, de acordo com uma fonte do governo brasileiro e uma segunda fonte familiarizada com o esboço.

A última versão, ainda em fase de finalização, menciona os riscos de fragmentação e conflitos globais em termos gerais, mas omite qualquer referência direta à invasão da Ucrânia pela Rússia ou à guerra entre Israel e Gaza, disseram as fontes.

As autoridades financeiras e os banqueiros centrais dos EUA, da China, da Rússia e das outras maiores economias do mundo se reunirão em São Paulo para analisar os desdobramentos econômicos globais em um momento de desaceleração do crescimento, crescentes pressões de cargas de dívidas recordes e temores de que a inflação ainda não possa ser controlada, o que está mantendo as taxas de juros altas.

No mês passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que a chance de um “pouso suave”, em que a inflação cai sem desencadear uma recessão global dolorosa, havia aumentado, mas alertou que o crescimento geral e o comércio global continuam abaixo da média histórica.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, há quase exatamente dois anos, abalou o G20, expondo as falhas há muito existentes no grupo e frustrando os esforços das autoridades do G20 para chegar a um consenso sobre uma declaração final, ou comunicado, após suas reuniões.

O Brasil, a Arábia Saudita e a África do Sul têm criticado abertamente o ataque implacável de Israel a Gaza desde os atentados de 7 de outubro, no qual o grupo islâmico palestino Hamas matou cerca de 1.200 pessoas e fez 253 reféns, disse uma fonte do G7. Os ataques retaliatórios de Israel já mataram mais de 29.000 palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

O Brasil quer que as discussões desta semana se concentrem em acabar com a desigualdade, reformar a tributação internacional, lidar com o problema da dívida soberana e trabalhar em prol do desenvolvimento sustentável. As reformas dos bancos multilaterais e o financiamento climático terão mais destaque nas reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial em Washington, em abril, disse a fonte brasileira.

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