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Mudança no guidance do BC não teria correlação com taxa terminal, diz Galípolo

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (5) que uma possível mudança no “guidance” da autoridade monetária, que atualmente prevê cortes de 0,5 ponto percentual na taxa Selic para as próximas reuniões, não está necessariamente relacionada com a taxa final do ciclo de redução da Selic.

Durante um evento da André Perfeito Consultoria Econômica em São Paulo, Galípolo reiterou que o BC está mais focado nos dados econômicos do que em seu guidance e que uma mudança no cenário econômico poderia levar a autarquia a alterar sua projeção para a política monetária.

“Eu acho que mudanças no guidance não necessariamente significam uma correlação com a taxa de juros final”, disse Galípolo. “A ausência de sinalização por parte do Copom sobre a taxa de juros final decorre do fato de termos adotado um ritmo de corte de 50 pontos-base para ganhar tempo e avaliar como as coisas vão se desdobrar.”

Na reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa básica de juros foi reduzida em 0,50 ponto percentual, o quinto corte consecutivo dessa magnitude, atingindo o patamar de 11,25% ao ano. O Copom voltará a se reunir em 19 e 20 de março.

No evento desta terça, o diretor do BC também enfatizou que o guidance tem funcionado “muito bem” e que a decisão da autarquia por mantê-lo se deve à avaliação de que a perda de liberdade para a autoridade monetária é compensada pela redução da volatilidade no mercado que a orientação provê.

Ele destacou que, apesar da redução do diferencial entre os juros do país em comparação com os países avançados, que têm adiado o início do ciclo de redução de suas taxas de juros, a taxa de câmbio tem se mantido em um bom patamar.

“Mesmo com esse diferencial fechando, o câmbio vem se preservando em um bom patamar”, afirmou.

Questionado se o BC tem um alvo para o patamar do câmbio, Galípolo negou a existência de uma meta, reforçando que um câmbio flutuante é uma importante “linha de defesa” para o país.

Ele acrescentou que possíveis intervenções cambiais da autoridade monetária ocorrem apenas em situações de “disfuncionalidade”.

“A atuação do Banco Central vai seguir quando se entende que tem algum tipo de disfuncionalidade que justifique esse tipo de atuação.”

Galípolo rejeitou, ainda, especulações sobre a possibilidade de ele suceder no cargo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra no fim do ano. Ele afirmou que tais suposições são “normais” para qualquer diretor indicado na gestão atual.

Dos quatro diretores do BC indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu mandato, Galípolo é o que tem relação mais próxima com o governo, tendo deixado o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda para assumir a vaga na autarquia.  

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