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O Efeito Bola de Neve nos Investimentos

“As pessoas superestimam aquilo que podem fazer em um ano, mas subestimam aquilo que podem fazer ao longo da vida.” a frase de Bill Gates, fundador da Microsoft, diz muito sobre o poder do longo prazo na vida, nos negócios, e especialmente nos investimentos, pois é com o tempo, a única variável exponencial da equação dos juros compostos, é que podemos ver uma pequena bola de neve (dinheiro) se transformar em uma avalanche financeira, e exemplos não faltam como Warren Buffett, Charlie Munger, Luiz Barsi, e Lírio Parisotto.

O poder do tempo muitas vezes é desprezado na equação dos investimentos, primeiro porque muitas das vezes todos querem um “atalho” e um caminho para o enriquecimento rápido, e segundo, porque investir com foco no longo prazo é como “deveria ser” investir, segundo Buffett, “chato”, e se estar “emocionante”, você provavelmente está fazendo algo de errado, nas palavras dele.

Na prática não há certo ou errado, receita de bolo pronto, ou a fórmula do sucesso nos investimentos, porém o histórico mostra que a estratégia mais assertiva, e com resultados mais poderosos ao longo do tempo foi a estratégia do investimento em ações (em geral de empresas boas pagadoras de dividendos), com foco no longo prazo, normalmente com o investidor reinvestindo os dividendos recebidos na recompra de ações, gerando assim o famoso Efeito Bola de Neve, de juros sobre juros, ou trazendo mais próximo do leitor, dos frutos gerando novas árvores frutíferas.

Em um tempo onde se permeia a lenda das “grandes tacadas”, do “time” certo, e da dica de influenciadores, vale lembrar que os principais investidores acertaram “poucas”, mas boas tacadas, foram elas que fizeram realmente a diferença em seus portfólios, o próprio Buffett fala isso: “você não precisa acertar todas as bolas”, apenas as necessárias para vencer o “jogo”, nesse caso o jogo do capitalismo, o jogo dos investimentos.

No final, o mais valorizado por esses grandes investidores é o “desafio intelectual” de acertar essas tacadas, isso que no geral motiva a quase todos, além do dinheiro é claro. Para Buffett e Munger algumas boas tacadas foram Coca-Cola, American Express, Apple, e Geico, para Barsi, Eternit, Banco do Brasil, Klabin, Eletrobrás, entre outras, o que muitas delas têm em comum além dos bons fundamentos, o tempo que esses investidores ficaram investidos nelas, foi o tempo que fez a pequena bola de neve se tornar relevante, pois muitas dessas participações começaram pequenas e foram aumentando graças a recompra de ações com os dividendos.

O chamado “preço-justo” de uma ação tende a refletir o lucro futuro da empresa, aplicando-se uma taxa de desconto, trazendo-se a valor presente, o que permite entender o nível de crescimento, e os possíveis dividendos a serem distribuídos, valor esse que em algum momento o mercado deve precificar, casando o preço de tela e o preço-justo, o que não controlamos é o tempo que isso possa acontecer, e é esse tempo que muitos investidores não conseguem esperar, e acabam se desfazendo dos investimentos antes de darem frutos.

A provocação do texto é para justamente trazer a importância do longo prazo nos investimentos, e que o Efeito Bola de Neve pode trazer bons frutos quando o investimento em negócios de qualidade junta-se ao tempo, tempo amadurecer, trazer frutos, e multiplicar a plantação, assim que vários grandes investidores fizeram fortuna, e provavelmente assim veremos mais grandes investidores em Bolsa de Valores, só o tempo dirá.

Idean Alves

Sócio e chefe da mesa de operações da AçãoBrasil Investimentos, escritório credenciado a XP Investimentos.

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