Investir em futebol: saia na chuva sem precisar se molhar
Rephrase my Investir em futebol faz sentido no atual cenário? -Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão Conteúdo
Nas últimas duas semanas me deparei com algumas matérias na imprensa estrangeira e brasileira tratando o futebol brasileiro como uma espécie de novo eldorado da indústria do esporte. Inúmeras oportunidades par investir em futebol e muito a desbravar. Faltou apenas a frase clássica “Quem chega primeiro bebe água limpa”. Nem tanto, nem tão pouco. Há oportunidades, mas desafios, e falta clarearmos um pouco o cenário.
Antes, é natural que alguns interlocutores vendam um cenário de céu azul e sol brilhante. Afinal, há interesses por trás.
Mas é fundamental deixarmos claro que nas costas de quem fotografou este cenário há nuvens carregadas.
Quem é capaz de observar 360º fica mais protegido, sai de guarda-chuva, usa uma capa para se proteger.
Para entender o momento da indústria é preciso avaliar a estrutura do futebol brasileiro, a posição dos clubes na pirâmide do futebol, analisar os diferentes modelos de negócios, com seus riscos e oportunidades, traçar os objetivos justos e projetar corretamente a necessidade de caixa.
O primeiro passo é entender que o futebol não é apenas a Série A. É muito comum divulgarmos as evoluções no futebol pensando no topo da pirâmide.
Nessa posição é claro que o tema da liga é fundamental, assim como o acesso às receitas de marketing, dado a exposição. E, com mais exposição, o valor dos atletas negociados é maior. Ou seja, uma realidade que não atinge as divisões abaixo.
Abrindo um parêntese antes de descer na pirâmide, uma pergunta que sempre me é feita sobre investir em futebol é: “Como ganhar dinheiro no futebol, sempre deficitário? Como remunerar os investidores?”. Daí entra o modelo de negócios e o entendimento de como a indústria funciona.
Receitas comerciais de matchday e a parte recorrente dos direitos de transmissão são responsáveis por suportar a atividade operacional, ou seja, os salários, os custos operacionais, as dívidas. Não é daí que vem dinheiro grosso para repor investimento.
Teoricamente, os recursos de premiações por performance, como títulos da Copa do Brasil e da Libertadores, também não deveria ser visto como fonte de remuneração de capital, e sim, como colchão para suportar investimentos para a temporada seguinte.
Logo, o que resta são as receitas com negociações de atletas, e mesmo essas precisam ser parcialmente destinadas ao reinvestimento na estrutura, e apenas uma parte excedente ao orçamento é que deve seria passível de remunerar o capital dos acionistas.
“Ah, mas vai orçar venda de atletas? Elas não são não-recorrentes e difíceis de prever?”. Sim, é verdade. Mas também é verdade que quando falamos de modelos de negócios eficientes é fundamental considerar que a negociação de atletas deve ser encarada como uma unidade de negócios. Isso com formação efic for better SEO.