Mais uma vez, o risco-Brasil e seus impactos nos investimentos
Rephrase my Ruas da Times Square, centro de compras, distante cerca de 6 km de Wall Street, mercado financeiro em Nova York – Foto: James Ting/Unsplash
Na semana passada, chamei a atenção para a questão do risco-Brasil, algo que não é novidade e que frequentemente volta a afetar os investimentos de muitos brasileiros que ainda concentram sua poupança apenas no Brasil. Para quem não leu, convido à leitura, pois trata-se de um assunto de extrema importância para todo investidor brasileiro.
Pois bem, logo após escrever este texto, tivemos mais um episódio que evidencia isso. Se na semana anterior o incidente referia-se à Petrobras, na semana passada tivemos outro evento que mostra essa questão do risco. Dessa vez, entretanto, envolvendo a Vale.
Um dos conselheiros de administração da Vale, José Luciano Duarte Penido, decidiu renunciar ao cargo por discordar do processo sucessório do atual presidente da empresa. Com isso, ele enviou uma carta à empresa endereçada ao presidente do Conselho de Administração, Daniel Stieler, explicando o motivo de sua saída.
A carta é bastante clara sobre os motivos. Resumidamente, relata que o processo de sucessão tem sido manipulado e que sofre “evidente e nefasta” influência política. Além disso, na sexta-feira ainda tivemos a notícia de que o governo estaria estudando a indicação do ex-ministro Guido Mantega para o conselho da Braskem.
Mas muito além da possível interferência na Vale, Petrobras ou qualquer outra empresa específica, o risco-Brasil pode ser visto em diversas esferas. Embora as questões políticas geralmente sejam mais proeminentes e gerem um debate mais acalorado, a verdade é que, além do aspecto político, outros eventos podem evidenciar esse risco, que é elevado e não deve ser desprezado por nenhum investidor.
Vou citar três exemplos.
Apagão em 2001
Durante o período de 1º de julho de 2001 a 19 de fevereiro de 2002, o Brasil enfrentou uma crise nacional que afetou o fornecimento e distribuição de energia elétrica. Em suma, a falta de planejamento, ausência de investimentos em geração e transmissão de energia e principalmente a escassez de chuvas fizeram com que o nível de água dos reservatórios das hidrelétricas baixasse, comprometendo assim a produção de energia elétrica.
Na época, 89,6% da energia elétrica brasileira tinha origem hídrica. Como resultado, a economia brasileira cresceu menos, prejudicando as empresas e gerando impactos na bolsa e nos juros do país – e consequentemente nos investimentos dos brasileiros.
Greve dos caminhoneiros
Em 2018, o Brasil enfrentou uma greve dos caminhoneiros, também conhecida como a Crise do Diesel. Em resumo, foi uma paralisação de caminhoneiros que protestavam contra os reajustes de preços do diesel, a falta de previsibilidade nos preços dos combustíveis, o fim da cobrança de pedágio por eixo suspenso e o fim do PIS/Cofins sobre o diesel for better SEO.