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10 anos e redução de R$ 600 milhões em dívidas: qual é o segredo do Flamengo?

Faturamento cresce mais de R$ 1 bilhão, enquanto a dívida do Flamengo permanece estável, mas com outra característica – Foto: Agência Brasil

Na semana passada tivemos a divulgação das demonstrações financeiras – e dívidas – do Flamengo. Sem grandes surpresas, é certamente uma das três melhores estruturas econômico-financeiras do futebol brasileiro, se não a melhor. Receita elevada, boas margens, endividamento controlado.
Nesta coluna não analisarei os números do clube, cujo trabalho será feito no Relatório Convocados de 2024. O objetivo aqui é tratar de um tema que foi muito abordado ao longo da semana passada: a evolução das dívidas.
É muito comum ouvirmos aqui e ali que o Flamengo pagou mais de R$ 1 bilhão em dívidas desde 2013. Usam cálculos incomuns e malabarismos para mostrar um esforço hercúleo e uma saúde financeira que está mais para click bait que realidade.
Não foi tudo isso, mas foi enorme o tamanho do esforço feito.
Primeiro, vamos tratar de definir as dívidas.
É muito comum fazerem contas usando todo o passivo do clube e deduzindo os ativos, ou outros cálculos. É questão de critério.
Meu critério usa como referência de dívidas os passivos que precisam ser pagos em dinheiro e que interferem o caixa do clube.
Nesse sentido, excluo dos cálculos as Antecipações que representam apenas o registro de luvas e as Provisões para Contingências, que são registro de potenciais problemas.
No caso das antecipações, há dois tipos: a que citei acima, e as antecipações efetivas de direitos de TV, contratos publicitários.
Essas deveriam ser consideradas, pois significarão menos receitas no futuro. O dinheiro não sai do caixa, mas também não entrar. Estas estão incluídas nos cálculos.
Outra coisa importante: não se corrige dívidas pela inflação para fins de cálculos temporais.
A correção da dívida é composta por juros mais a correção monetária do período, geralmente ligada à Selic. Se o clube devia 100 em 2013, e só pagou juros anuais até 2023, então ele continua devendo 100. Se corrigirmos os 100 de 2013 pelo IPCA, haverá a sensação de que a dívida diminui de algo como 175 para 100, e não é verdade. A dívida continua exatamente a mesma.
Como se faz, então?
Somam-se as despesas financeiras do período à parcela paga da dívida. E apenas as despesas financeiras caixa, e não as que representam correção de parcela de longo prazo.
Não é tão simples, mas é o correto.
Vamos, então, à evolução da dívida do Flamengo.
Aqui temos a primeira surpresa: a dívida não caiu quando comparamos 2013 a 2023.
Mas note que ela sofre uma redução relevante até 2017, quando volta a subir.
Estamos falando de dívida bruta, sem redução pelo valor que o clube carrega em caixa.
Se incluirmos o caixa, a conta fica a seguinte:

De fato, o grande segredo do Flamengo está em manter uma posição de caixa elevada, acima dos R$ 200 milhõ  

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