Morning call: mercado passa a avaliar chance de Fed não cortar os juros em 2024
Painel mostra desempenho de ações na bolsa de valores. Foto: Amanda Perobelli/Reuters
O morning call desta quinta-feira (11) destaca que a inflação (CPI) pior que o esperado em março nos Estados Unidos azedou as perspectivas para os juros no país.
Ou, nas palavras de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, “subiu no telhado” a expectativa de uma redução mais forte da taxa americana.
Depois de apostar em março, jogar para maio, projetar para junho, agora a posição majoritária do mercado financeiro é de que o início do ciclo de flexibilização monetária deve ocorrer apenas na reunião de setembro do Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense) – e olhe lá.
Na véspera, no horário de fechamento das bolsas de Nova York, a ferramenta FedWatch, do CME Group, indicava que 25% do mercado precificava o primeiro corte em novembro (ante 4,2% uma semana atrás)
Aliás, 13% já consideravam a possibilidade de os juros nos Estados Unidos fecharem 2024 no atual patamar, no intervalo de 5,25% a 5,50%. Sete dias antes, a ferramenta sinalizava que esse palpite representava 1,3%.
No embalo da piora das expectativas, as bolsas americanas fecharam o pregão de quarta-feira (10) em baixa. Dow Jones recuou 1,09%, Nasdaq perdeu 0,84%, e S&P baixou 0,95%.
Simultaneamente, o CPI ruim ofuscou a “surpresa positiva” com o IPCA de março no Brasil. O Ibovespa encerrou a sessão em queda de 1,41%, aos 128.053 pontos, enquanto o dólar avançou 1,41%, cotado a R$ 5,078.
Sobre a inflação aqui, os economistas consideram que a dinâmica facilita o plano de voo do Banco Central, de pelo menos mais dois cortes de 0,50 ponto percentual da taxa Selic nas próximas reuniões.
Contudo, a queda mais intensa dos juros vai depender de fatores externos (redução da taxa nos EUA) e internos (convergência da inflação à meta de 3%).
Um outro sinal de alerta também está no radar. Mario Mesquita, mencionado no começo do morning call, disse em apresentação a jornalistas que a piora das contas públicas do país tende limitar a redução da Selic e pressionar o câmbio.
Por último, na agenda de indicadores, o dia tem entre os destaques a divulgação do desempenho do varejo brasileiro em fevereiro, às 9h.
Pouco depois, às 9h30, sai o índice de preços ao produtor (PPI) de março nos Estados Unidos.
No intervalo dos dois dados, às 9h15, o Banco Central Europeu anuncia a sua decisão de política monetária.
A previsão é que o BCE irá manter as taxas pela quinta vez seguida, mas abrir caminho para uma redução do juros na zona do euro em junho.
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quinta, com parte delas pressionadas por temores de que os juros básicos dos EUA fiquem inalterados por mais tempo após dados da inflação americana superarem as expectativas.
O índice japonês Nikkei caiu 0,35% em Tóquio, a 39.442,63 pontos, o Hang Seng recuou 0,26% em Hong Kong, a 17.