Dólar atinge maior patamar em 2024 e mercado revê projeções; o que pode acontecer com câmbio até final do ano?
Dólar hoje: veja o desempenho da moeda norte-americana. Foto: Pixabay
O dólar experimentou nesta sexta-feira (12) patamares até então não registrados em 2024 ao beirar os R$ 5,15 na máxima do pregão. No final do pregão, houve um pequeno alívio. A moeda norte-americana fechou em alta de 0,60%, a R$ 5,1212, ainda assim, a maior valorização em um fechamento desde 9 de outubro.
Dessa maneira, a dúvida é se a tese de fortalecimento do real, disseminada desde o ano passado, ainda segue de pé. Parte importante dos agentes do mercado está revisando suas projeções, com o real em posição menos nobre do que se imaginava anteriormente.
Nesse sentido, o Itaú BBA reviu sua estimativa de câmbio, subindo para R$ 5,00 por dólar em 2024. Anteriormente, a expectativa era de que a moeda norte-americana fechasse o ano em R$ 4,90. Assim, a mudança de cenário se configura também para 2025, com o dólar projetado para R$ 5,20 contra os R$ 5,10 estimados antes.
“Os fundamentos externos estão se tornando mais desafiadores”, explica Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú BBA, em relatório. Isso tem pressionado a moeda, com manutenção do cenário de dólar forte e adiamento dos cortes de juros nos EUA”, explica.
Apesar da força que o dólar ganha ante o real, há atenuantes que devem melhorar o cenário para a moeda local até o final do ano. Mesquita destaca “principalmente o bom desempenho da balança comercial”.
Além disso, na próxima segunda-feira (15) tem vencimento de NTN-A, que são títulos indexados ao câmbio. E o Tesouro Nacional já decidiu que não vai remitir esses títulos. Assim, o mercado perde cerca de US$ 3,8 bilhões de hedge cambial. “No final do dia, um título indexado ao dólar protege das oscilações do câmbio”, explica Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.
Recentemente, o Banco Central colocou US$ 1 bilhão a mais de swap cambial, que segurou a elevação do dólar ante o real, mas teve efeito apenas pontual. A disparada está relacionada ao fato de que a Ptax (taxa de câmbio calculada para o dia pelo BC), que balizará a remuneração desses títulos, foi alinhada nesta sexta.
Outro motivo importante para essa movimentação do câmbio é o banho de água fria que o mercado tomou com relação às projeções de queda dos juros nos EUA. Anteriormente, a expectativa era de cortes em junho, passando agora apenas para setembro.
Isso porque a leitura do CPI veio acima do esperado pela terceira vez consecutiva este ano.
“Isso está mudando toda a precificação de juros da curva americana, colocando a treasury longa, de 10 anos, para cima de 4,50%, puxando os juros do mundo inteiro”, afirma Paulo Gala, economista-chefe do banco Master.
Nesse sentido, os erros de projeção para corte de juros gerou um deslocamento da curva de aproximadamente 20bps até o título de 10 anos.
“O PPI, outra índice de preços (ao produtos, divulgado na quin