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Edmar Bacha: o economista escritor que rascunhou o Plano Real em um papel azul

Retrato do economista Edmar Bacha. Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo – 22/7/1993

Edmar Bacha está feliz. No dia em que conversou com a Inteligência Financeira, recebeu a notícia de que o paper que escreveu, estudando o Século IX, foi aceito e será publicado pelo Journal of Iberian and Latin American Economic History. Essa empolgação talvez seja o exemplo mais claro, e certamente o mais recente, de como é a vida de uma das figuras centrais por trás da criação do Plano Real, trinta anos antes. Bacha parece sempre ter andado seus caminhos pela vida com um pé na academia. E outro na prática. Às vezes os dois fincaram na academia, às vezes os dois ficaram na prática.
Quem o chamou de economista escritor foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
E não em qualquer circunstância, mas no discurso de recepção de Bacha à Academia Brasileira de Letras, para a qual foi aceito em 3 de novembro de 2016. O economista ganhou o Prêmio Jabuti para Belinda 2.0, eleito o melhor livro de economia em 2012. E tirou segundo lugar com O Futuro da Indústria no Brasil na mesma categoria.
Edmar Bacha conta ao todo 31 prêmios, honrarias e medalhas, escreveu 13 livros autorais e organizou outras 20 publicações. E no meio dessa extensa biografia, participou da concepção do Plano Real.
O economista se tornou economista após rechaçar de imediato três das duas carreiras possíveis no Brasil da década de 1960. Medicina e Direito não eram para ele. Tentou Engenharia, mas levou pau. Surgiu então Economia, carreira que não era bem carreira à época e mais ligada à contabilidade, veja você.
Na década de 1970 já era professor, dava aulas na Universidade de Brasília. Naquela época também assessorava os senadores do PMDB, o partido político da oposição consentida pelo regime militar. A oposição ‘possível’ pela ditadura.
É em 1974 que ele começa a ganhar projeção pública. Por meio de uma fábula famosa até hoje. O texto se chamava o Rei da Belinda. Bacha leva o leitor para uma ilha – entre o oriente e o ocidente – colonizada pelos belgas e com trabalhadores hindus (daí o nome).
Então à época, o rei havia sido informado que o PIB do local crescera 10%. Mas o rei, como um famoso ditador, sabia que a economia ia bem, mas o povo ia mal. Por isso, ele pede para o economista recalcular o PIB e o especialista opta para fazer o trabalho com base em uma amostra da renda de algumas pessoas do reino e não sob o ponto de vista da produção.
O economista então nota que entre os representantes da mostra apenas um era rico. Era o Antônio, ministro da Fazenda do reino. Os demais, como o Fernando, o Celso e a Conceição eram pobres. Descobre ainda, o visitante, que o PIB crescia em acordo com a bonança monetária de Antônio. O rei então demite o ministro e fábula se encerra concluindo que já não se fazem reis como antigamente.
Antônio não era somente Antônio. Era Antônio D  

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