Entendendo a alta do dólar e do ouro
Investir em ouro pode ajudar na diversificação e segurança da carteira de investimentos, mas ainda assim, é preciso cautela – (Foto: Jingming Pan/Unsplash)
Talvez o grande assunto da semana tenha sido o susto que muitos tiveram com a alta observada no dólar frente ao real. Apesar de surpresa para alguns, penso que quem me acompanha nas redes sociais ou assiste às lives da Avenue, não teve tanta surpresa assim.
Isso porque já tínhamos comentado e ressaltado que num cenário de volatilidade baixa e diversos ativos atingindo suas máximas, seria razoável supor uma performance favorável do real (um ativo de risco, a moeda de um país emergente). E, na verdade, não estávamos vendo isso.
No entanto, quando olhamos o histórico, não é difícil identificar isso. Rotineiramente vemos que os movimentos da moeda são muito rápidos quando se trata de refletir os riscos associados ao real. Desde 1999, quando ocorreu a maxidesvalorização, os movimentos repentinos de alta do dólar frente ao real são intensos e acontecem em cerca de alguns meses.
Já os movimentos de valorização do real são muito mais espaçados e lentos, levando muitas vezes anos para acontecerem. Nos últimos 13 anos (desde 2011), não ocorreram movimentos que fizessem a moeda retornar ao seu valor anterior.
O caso turco
O caso turco é algo semelhante ao que já vimos acontecer em outros países emergentes. Não me refiro apenas à Argentina ou à Venezuela.
Veja a Turquia, que frequentemente figurava junto ao Brasil no ranking dos países com as maiores taxas de juros reais do mundo. Pois bem, “cansado” dessas elevadas taxas, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, resolveu “tomar controle” dessa situação e, em 2018, reivindicou o poder exclusivo de nomear os banqueiros responsáveis por fixar as taxas de juro.
Como forma de consolidar o seu controle, colocou o seu genro como responsável pela política econômica. Após isso, uma sucessão de eventos gerou uma forte pressão que levou à forte desvalorização da lira turca: uma crise cambial após os cortes de juros em 2021 e um novo recorde de baixa após uma nova vitória de Erdogan nas eleições em 2023.
Em números, há exatos 13 anos, tanto o real quanto a lira turca eram cotados próximos a 1,50, ou seja, US$ 1 equivalia a 1,50 liras turcas. Atualmente, US$ 1 equivale a 32,5 liras turcas.
Entre o final de outubro até o início de abril, vimos os yields dos títulos de dívida americanos cederem, o índice de volatilidade ficar baixo e vimos diversos ativos de risco performando positivamente. Exemplos: S&P500 e bolsa do Japão nas máximas, bitcoin e cryptos em alta, entre outros.
Nesse período, o peso mexicano e o colombiano e o zloti polonês se valorizaram frente ao dólar. Nesse mesmo período o real e o rand sul-africano se mantiveram praticamente estáveis. Ou seja, num momento favorável a ativos de risco, não vimos uma performance positi