Lula ainda vai decidir se deve antecipar indicação de sucessor de Campos Neto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (23) que ainda irá decidir se vai antecipar a indicação do sucessor de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central ou se fará o anúncio mais próximo do fim do seu mandato em 31 dezembro.“Eu tenho que indicar mais diretores e tenho que indicar o presidente do Banco Central até o final do ano. Só tenho que decidir se vou antecipar ou se deixo para indicar o mais próximo possível do vencimento do mandato”, disse Lula em café da manhã com jornalistas, em Brasília.O presidente afirmou, no entanto, que não terá problemas em “conviver” com Campos Neto pelo restante do mandato do chefe do BC, apontando para o fato de já estarem convivendo juntos há um ano e quatro meses, desde que Lula retornou à Presidência.LEIA MAIS: ‘Fator Tombini’ gera receio no mercado com a sucessão de Campos NetoO estabelecimento da autonomia operacional do BC em 2021, que determinou um mandato fixo de quatro anos para o presidente da autarquia, criou um cenário inédito no terceiro mandato de Lula, impedindo o mandatário de poder indicar imediatamente um nome de sua escolha para comandar a autoridade monetária.Campos Neto foi indicado pelo antecessor de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu adversário nas eleições de 2022 e ainda seu principal rival no atual cenário político do país.Desde o início de seu mandato, Lula tem frequentemente destacado suas divergências com Campos Neto. Ele critica principalmente a política monetária restritiva do BC, afirmando que o patamar da taxa básica de juros continua muito elevado.Nesta segunda-feira, Lula voltou a questionar a atuação de Campos Neto e a defender a redução dos juros, ressaltando que poucos países atualmente têm a segurança que o Brasil tem e pedindo “responsabilidade” ao chefe do BC.“Espero que o Roberto Campos leve em conta que o Brasil não corre nenhum risco… Existem pouquíssimos países mais seguros do que o Brasil”, afirmou o presidente.De acordo com Lula, quem ganha com os juros altos é apenas o mercado e quem perde é “o povo brasileiro”. Ele disse ser movido pelo interesses da população, e não dos participantes do mercado financeiro.“Esse país não pode ficar todo dia tomando susto de que o mercado não gostou disso ou não gostou daquilo.”No primeiro ano do mandato de Lula, o BC manteve a taxa básica de juros inalterada em 13,75% até sua reunião de agosto, quando realizou um primeiro corte de 0,5 ponto percentual. Atualmente, a Selic está no patamar de 10,75%.Um dos nomes cotados para a sucessão na presidência do BC é o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda defendeu no início deste mês que dirigentes da instituição não deveriam se envolver no processo de escolha, que é uma atribuição do presidente da República.(Por Lisandra Paraguassu, em Brasília, e Fernando Cardoso, em São Paulo)Par